21/06/2008 - 18h12 - Energia alimenta campo de trabalho para engenheiros
GIOVANNY GEROLLA Colaboração para a Folha de S.Paulo
GIOVANNY GEROLLA Colaboração para a Folha de S.Paulo
A demanda crescente por novas tecnologias no setor energético abre bons campos para o engenheiro que se especializa em assuntos tão diversos quanto a bioquímica da cana-de-açúcar e o impacto ambiental de uma usina hidrelétrica.
Alguns temas são tão complexos que pedem uma equipe de diferentes especialistas. Para extrair petróleo de águas profundas, por exemplo, reúnem-se um engenheiro mecânico, um civil, outro de materiais, um de minas e, talvez, um especialista em eletrônicos.
Rafael Hupsel/Folha Imagem
O engenheiro elétrico Edison Russo, 48, considera a área agrícola promissora
Já quem aposta no biodiesel produzido do bagaço da cana-de-açúcar --o engenheiro químico-- deve ser bom conhecedor de bioquímica, dos microorganismos e de seus processos enzimáticos.
Quando se fala em construir hidrelétricas, as obras só são aprovadas após sinal positivo do engenheiro ambiental, que deve ter know-how para prever impactos aos recursos naturais e até humanos.
O novo profissional das engenharias é o típico curioso por vários ramos das ciências. "As diversas engenharias se misturam", avalia Ericksson Almendra, diretor da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). "Tem que conhecer um pouco de todas e, principalmente, ter uma base sólida em física e matemática", completa.
Sem destacar uma área mais promissora, ele acredita que a de materiais, a de metalurgia e a ambiental tenham bom futuro no mercado.
Qualificação
Gigante do setor, a Petrobras está de olho em engenheiros de minas e químicos, além dos especializados nas áreas de construção civil, ambiente, engenharia naval e segurança.
"Estimando-se que para cada US$ 1 milhão investido cria-se um posto de trabalho para engenheiro, ela precisará de 200 mil novos politécnicos, segundo previsões para os próximos anos", calcula José Roberto Cardoso, vice-diretor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
A empresa não revela quantos profissionais recrutará, mas estima que até 2012 deve contratar quase 5.000 engenheiros. "O número se atualiza quando novas jazidas são descobertas", explica Mariangela Mundim, gerente de planejamento de RH da empresa.
Para ficar com uma das novas vagas das companhias do setor, será preciso se atualizar com as áreas alimentadas pelo crescimento econômico. "Em pesquisa com grandes empresas, ficou evidente o gargalo na mão-de-obra qualificada como uma razão para não investirem em pesquisa e desenvolvimento", diz Sergio Queiroz, professor do departamento de política científica e tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Você sabia?
Não chega a 8% o percentual de engenheiros entre os graduandos brasileiros, segundo José Roberto Cardoso, vice-diretor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo); na China, mais de 20% dos que se formam a cada ano estudaram engenharia