16 agosto 2014

O FUTURO DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO BRASIL

Crise Hídrica no Brasil - reflexos


FUTURO INCERTO

Por Sarah Brito
Da Agência Anhanguera

O período de seca prolongado afetou a produção de sementes genéticas no Instituto de Agronomia de Campinas (IAC), causando prejuízo de R$750 mil até agosto. A perda é estimada na metade das três safras produzidas desde o fim do ano passado: pelo menos 300 toneladas foram perdidas. Além disso, o cultivo caiu 70% desde setembro de 2013, pela baixa quantidade de água. O problema atingiu ainda produtores que repassam os grãos para o consumo final. Sem carga genética de qualidade, os grãos perdem a hegemonia, o que pode resultar em diferença de tamanho, cor e peso.
     Entre os cultivos que foram prejudicados estão os de cana, arroz, feijão, mamona e soja. Segundo o diretor do instituto, Sérgio Carbonell, mais do que o valor monetário da perda, o prejuízo está na falta de gama  genética nas sementes que os produtores recebem. Isso não pode prolongar, temos que retomar a produção este ano. "Contamos com as chuvas de outubro", disse. 
     O IAC deve voltar a plantar nova safra este mês para renovar o estoque, que não chega a 20% de sua capacidade. Para compensar a baixa na produção, outras regiões aumentaram o cultivo, como Santa Catarina e Paraná. No entanto, o cultivo em diferentes lugares acarreta em maior valor de frete, além da limitação de temperatura desses locais, que impactam na qualidade dessas sementes. "Não estamos atendendi 30% dos pedidos. Na região de Campinas, não há outro produtor", afirmou Carbonell.
    A renovação da cadeia genética de sementes deve ser feita todo ano, devido às perdas que os materiais sofrem durante o processo industrial. No processo de colheita e na produção há mistura com outras sementes e há fusão de cargas genéticas. O diretor explicou que, com isso, o consumidor pode encontrar produtos irregulares, como o feijão preto em um saco de feijão carioca.
    "Se uma super safra agrícola agora, podemos regularizar isso. Esses parceiros conseguem abastecer mercados. O problema é a origem da semente,isso sim, está prejudicado", afirmou. Em maio o instituto divulgou que o período das chuvas de outubro de outubro de 2013 a março de 2014 foi o mais seco dos últimos 123 anos em Campinas.
    O monitoramento da seca no Estado de São Paulo projetava ainda que as médias históricas de chuvas de abril a setembro apontam que a seca irá até a Primavera, pelo menos, afetando os cultivos, processos agrícolas e o abastecimento público. O estudo foi feito com base no banco de dados do IAC, o mais completo do Brasil, com registros desde 1890.
Fonte: Jornal Correio Popular - Campinas, 10/08/2014 - pg. A4