01 novembro 2008

O SEGREDO DA MARAVILHOSA ÁGUA DE NOVA YORK - USA - REPORTAGEM GLOBO RURAL


...Vamos conhecer uma experiência que já fez 18 anos, já ganhou maioridade, e inspirou vários projetos no mundo afora.

Nova York é dura na queda. Estremeceu com o ataque às torres gêmeas em 2001, se corrói com problemas crônicos de lixo, desemprego, violência e intermináveis engarrafamentos de trânsito, foi varrida pelo vendaval financeiro de 2008, mas a cidade mantém de pé o seu charme, a sua fama. É o lugar mais procurado pelos turistas. São 40 milhões de visitantes por ano.

Entre os inúmeros encantos que fazem a fama de Nova York pouca gente sabe de uma das coisas mais preciosas que a cidade tem. É a excelente qualidade da água. Graças a uma bem bolada parceria com fazendeiros e proprietários de terra, Nova York ainda não tem estação de tratamento, só de filtragem. As pessoas bebem água pura da montanha e direto da torneira.

Na casa da família “Swafts”, periferia de Nova York, é assim. Pra servir uma visita, o Sasha “Swafts”, que é empresário e viaja o mundo todo vendendo máquinas, não tem pejo de encher a jarra na torneira e levar direto pra mesa.

“Vocês sempre bebem da torneira?”, pergunta o repórter.

“Desde criança. Aprendi assim. Meus vizinhos, meus amigos. A gente confia. Até em restaurante, a primeira coisa que fazem é trazer uma jarra de água da torneira.”, diz ele.

Sasha só não se surpreende com o fato de ser notícia pra nós o que é comum pra ele porque é casado uma brasileira, a dentista Luciana. Eles se conheceram num vôo. Ela morava na zona sul de São Paulo onde água tem um gosto forte por causa do pesado tratamento químico.

“E como a Luciana reagiu quando você ofereceu água da torneira pra ela?”, pergunta o repórter.

“Ela olhou pra mim muito desconfiada, não queria tomar”, diz ele.

“Eu perguntei. Falei: “como assim? De onde vem? Ele me explicou que é de uma reserva natural e que é extremamente pura”, conta Luciana.

“Esta água tem o frescor de uma manhã de verão, quando está úmido lá fora, o sol nascendo entre as árvores”, conta ele.

“O gosto é ótimo. O cabelo fica mais bonito, a pele mais macia. É realmente muito gostosa”, diz Luciana.

Pra ver de onde vem, onde brota essa água lendária, nós deixamos a cidade de Nova York rumo ao interior do estado. Saímos do nível do mar e subimos cerca de 200 quilômetros , como se fôssemos para o Canadá. No meio do caminho, a 1,2 mil metros de altitude, ficam as montanhas de Catskill.

As montanhas de Catskill não estão entre as mais conhecidas dos Estados Unidos como as dos apalaches, montanhas rochosas, mas ali fica uma cidade fundada há mais de 200 anos, uma cidade pequena e que ficou famosa no mundo inteiro em 1969 pelo que aconteceu ali.

Na música, no comportamento dos jovens representou uma revolução, o festival de Woodstock.
Foi o auge do movimento hippie. Mais de 400 mil jovens se reuniram ali para ver apresentações de rock.

Hoje, quase 40 anos depois, as lembrancinhas do festival é que alimentam o comércio da cidadezinha de Woodstock. São roupas, colares, posters.

Na nossa rápida passagem, encontramos um hippie tardio, na porta de uma lojinha, Rick Jay.

“Eu sou da segunda geração de Woodstock. Vim pra cá quando cresci. Alguém aqui tem que manter vivo o nosso velho símbolo de Paz e Amor. A propósito, é um documentário sobre o movimento hippie?”, conta ele.

“Não. É sobre a água de Catskill”, diz o repórter.

“Ah!, cara. É a melhor água do planeta.Mas, por favor, não divulgue isso porque se não vai encher de gente aqui, outra vez. O que precisamos é proteger nossa água, aqui.”, diz Rick Jay.

A água que o hippie quer proteger chega na casa do Sasha e da Luciana. Na verdade, as nascentes estão protegidas há mais de um século. Ficam dentro de um parque que o Estado de Nova York criou em 1904.

Dentro do parque, ao contrário do que acontece no Brasil, há várias vilas, cidadezinhas. Tem mais de 50 mil moradores. As áreas de conservação convivem com a zona rural.

Quem se ofereceu para nos apresentar os fazendeiros parceiros da cidade de Nova York é o engenheiro florestal Tom O’Brien, diretor executivo da Wac, Watershed Agricultural
Council.

“Prazer em conhecê-lo”, diz ele.

“O prazer é meu”, diz o repórter.

“Sejam bem-vindos”, diz ele.

Ele é diretor executivo de uma coisa que não existe no Brasil. Não é uma ONG, organização não governamental, não é uma cooperativa, uma associação, é um conselho formado por proprietários rurais que já investiu mais de 100 milhões de dólares em benfeitorias.

“Muita coisa. São várias práticas de manejo. É um programa amplo que, ao mesmo tempo, preserva a água e melhora o desempenho da fazenda. Meu carro. Mas, venha comigo no meu carro pra você ver na prática o que estamos fazendo”, diz ele.

Nossa primeira visita é ao mister Steve Reed que tem 60 hectares , dois terços de mata. No
pasto, agora, cria um gadinho de corte vende lenha, mas a renda com que conta mesmo, vem de duas fontes: pela reserva de mata, todo ano recebe da Prefeitura de Nova York, cerca 10 mil reais.

“Ah! Sem esse dinheiro do programa, não sei o que faria para pagar meus impostos”, diz ele.

A outra fonte de renda vem do bosque para onde mister Steve Reed nos leva. É uma árvore nativa da região.

O nome da árvore é maple, mais conhecido entre nós é árvore do Canadá, com a folha de três pontas. Assim como o urso guarda gordura para passar o inverno, esta árvore armazena açúcar para o momento da quebra da dormência, quando na primavera vai enflorar outra vez. Assim como da folha da seringueira se faz látex, desta árvore se faz o xarope mais consumido nos Estados Unidos. É uma árvore que dá açúcar.

“A gente ordenha a árvore num período bem curto, de fevereiro a março. É quando cai geada na madrugada, mas depois o dia esquenta. E a seiva começa a subir pelo tronco”, diz Scott Reed, agricultor.

O filho de Steve Reed, Scott, conta que fazem uns furos no tronco, assim. Enfiam neles umas chupetas e, por gravidade ou bomba a vácuo, aspiram a seiva. Ela segue por uma fiação até as caldeiras. Fervida, como a garapa pra fazer melado de cana, a seiva se transforma no delicioso xarope de maple, aquele melzinho que em filme a gente vê o americano pondo nas panquecas do café da manhã.

“Esta árvore é o esteio da renda de muitas famílias nesta parte dos Estados Unidos e do Canadá. O programa de conservação paga engenheiros florestais para orientar o produtor a tirar mais proveito do bosque. Antes da assistência técnica, porém, resolvemos os problemas de poluição de água que existem na propriedade.”, diz Tom O’Brien.

A fazenda do mister Steve Reeds fica na cabeceira de um rio que mais abaixo dá nome a um estado americano. Fica a 200 quilômetros da cidade de Nova York. Lá milhares de pessoas bebem do ribeirão que passa em frente da casa dele. Para garantir a qualidade da água a prefeitura de Nova York pagou pra ele um novo sistema de captação de esgoto e que custou o equivalente a 50 mil reais, investimento que ele não poderia bancar sozinho.

“Nem em sonho eu conseguiria fazer o que construíram aqui. Essa tampa que você vê aí é de uma caixa de concreto subterrânea. É um pequeno tanque de captação tanto da água de pia e chuveiro como das privadas. Daqui, o esgoto é canalizado. Veja só a tubulação passando sobre o córrego. Vai para esta outra caixa maior. E desse ponto ela é bombeada para o alto do terreno.”, conta Steve Reeds.

Não se vê nada pois está tudo enterrado, mas de um determinado ponto, o esgoto é alçado cem metros acima e, só então, é feito a descarga. Nessa distância, a sujeira é filtrada pelo solo de modo que estará limpa quando cair no lençol e chegar ao córrego.

“A minha antiga fossa fica na beira do córrego. Infiltrava de um jeito que não podia imaginar.”, diz Steve Reeds.

“Quantas sistemas de esgoto como este foram construídos nas fazendas daqui?”, pergunta o repórter.

“Muitos. Mais de trezentos.”, conta Tom O’Brien.

Se a casinha solitária de Steve Reed, imagine as milhares de outras moradias que existem dentro do parque de Catskill. Pois, essas comunidades também entraram na parceria. Veja o caso do pequeno distrito de Andes que tem três mil habitantes. Ganhou uma que big estação de tratamento de esgoto e até os custos de operação são pagos pela prefeitura de Nova York.

“E por que uma estação tão grande?”, pergunta o repórter.

“Faz parte do acordo entre os governos daqui e de lá. Andes só vai poder crescer até o limite da capacidade da estação de tratamento de esgoto. Quer dar uma olhada na descarga do esgoto tratado. Olha como a água sai?”, diz O’Brien.

Fonte:

http://globoruraltv.globo.com/GRural/0,27062,LTO0-4370-330364-1,00.html

Isto sim, são lindos exemplos para serem seguidos...!!!

A POLUIÇÃO PROVOCADA PELOS CURTUMES

È óbvio que precisamos produzir, pois se assim não fizermos, não supriremos as necessidades do mercado...mas, o que precisamos entender, de uma vez por todas, é que o crescimento e a produção deve respeitar o meio ambiente, ou seja, precisamos ser responsáveis com o nosso ecossistema...será que é muito difícil entender e observar o mal que estamos fazendo para nós mesmos???

29/10/2008 - 15:10 - A Polícia Ambiental fiscalizou alguns curtumes de São Sebastião do Paraíso na terça-feira (28), a pedido do Ministério Público. A decisão foi tomada após a denúncia da reportagem da EPTV, que mostrou como os moradores da zona rural estavam se sentindo prejudicados com a poluição provocada pelas empresas.

No Parque Industrial da cidade, a primeira empresa de curtume visitada mostrou que está fazendo o procedimento correto. No local, mais de 90% dos rejeitos são tratados, antes de serem jogados na natureza.

Mas nem todos agem desta maneira. Em um outro curtume visitado pelos fiscais, a água com os resíduos da industrialização do couro corria a céu aberto em direção ao terreno dos fundos. Apesar disso, o dono da empresa disse que já gastou quase R$ 1 milhão para a instalação de um sistema de tratamento, que ainda precisa ser liberado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam).

No terreno dos fundos da empresa, a água que desce o córrego é vermelha. Em outro ponto, o material descartado pelos curtumes já contaminou o solo.

A denúncia dos agricultores mostrou a poluição do Rio Santana, que abastece São Sebastião do Paraíso. Segundo eles, a água que banha as fazendas e sítios é tão suja que não pode ser consumida.

De acordo com a Polícia do Meio Ambiente, as empresas que forem consideradas poluidoras podem ser embargadas.

O trabalho de vistoria da polícia continuará nos curtumes da região. Até agora, todos os curtumes visitados apresentaram problemas como, por exemplo, falta de documentação.

http://eptv.globo.com/noticias/noticias_interna.asp?234071

30 outubro 2008

RISCO AMBIENTAL PROVOCADO POR AGROTÓXICOS - NOVA FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO

Software ajuda na avaliação de risco ambiental de agrotóxicos


28.10.2008

Um software em desenvolvimento pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) em parceria com a Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA/Unesp e a Fatec – Faculdade de Tecnologia, vinculada ao Centro Paula Souza, ambas em Botucatu, SP, vai ajudar na tomada de decisão quanto à avaliação de risco ambiental de agrotóxicos, considerando a possível contaminação das águas superficiais e subterrâneas.
Foto: Nilton Pires


Flexível, o software, além de ajudar na tomada de decisão para verificar se o risco é ou não aceitável, se adapta às condições do local a ser avaliado, mediante a inserção de dados no sistema pelo próprio usuário.

Baseado em modelos matemáticos e cenários agrícolas, onde o usuário insere os dados do agrotóxico, do aqüífero e do solo do local a ser avaliado, o software faz automaticamente os cálculos de lixiviação e carreamento superficial dos agrotóxicos utilizados na cultura agrícola e que depois podem ir para as águas superficiais e subterrâneas.

“Nesse contexto, esse projeto busca desenvolver e aplicar um método baseado em modelos físicos e matemáticos, resultando em uma ferramenta informatizada para avaliação dos riscos ambientais de agrotóxicos”, informa o pesquisador e líder do projeto Claudio Spadotto, chefe geral da Embrapa Meio Ambiente.

Deste modo, o software a ser distribuído, gratuitamente, atende a uma determinação do Decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002, em seu artigo 95, item III, onde se institui o Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos, que diz que devem “ser elaborados rotinas e procedimentos visando à implementação da avaliação de risco de agrotóxicos e afins”.

O pesquisador salienta que a equipe do projeto vem realizando algumas reuniões técnicas com possíveis interessados no desenvolvimento do software. “O objetivo é avaliar o funcionamento a partir da demonstração do seu uso, assim como colher subsídios junto aos possíveis usuários, convidados a se envolverem no desenvolvimento da ferramenta”, diz.

Estão sendo realizadas reuniões com técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e de várias instituições públicas e privadas.

A equipe do projeto vai na próxima semana a Cuiabá, MT e também planeja fazer uma apresentação para técnicos do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.


Eliana Lima
Jornalista, MTb 22.047
Embrapa Meio Ambiente

Fonte: http://www.cnpma.embrapa.br/nova/mostra2.php3?id=441

28 outubro 2008

GOVERNO DO RIO USARÁ CANAIS E RIACHOS COMO REDE DE ESGOTO

27/10/2008 - 16h04
Especialistas criticam medida

Rafaella Javoski
*Do UOL Notícias - Rio de Janeiro

Devido à falta de rede de saneamento básico em comunidades de maior aglomeração na cidade, como as favelas, o governo do Rio de Janeiro anunciou que vai priorizar investimentos em um sistema conhecido como saneamento de tempo seco. Em vez de construir as tubulações do saneamento convencional, o governo vai jogar o esgoto em canais e riachos destas comunidades e bombeá-lo para pequenas estações de tratamento nas localidades. O nome "tempo seco" refere-se à impossibilidade de usar o sistema em dias de chuva, pois com o aumento do volume de água, o esgoto transbordaria. Segundo nota da Secretaria do Ambiente, "a tecnologia possibilita uma melhora na qualidade da água de lagoas, baías e praias". A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, anunciou que o Estado vai espalhar captações pelos rios e canais que desembocam nas lagoas da Barra e de Jacarepaguá. Estão previstas intervenções nos canais das Taxas e do Cortado, no Arroio Pavuna e no rio do Anil. Serão projetadas captações no entorno da Baía de Guanabara - em Itaboraí, São Gonçalo, Caxias e Nova Iguaçu. A previsão é que o Estado entregue as captações de tempo seco em cerca de um ano e meio.
Especialistas ouvidos pelo UOL criticaram a iniciativa do Estado. O engenheiro químico Gandhi Giordano acredita que a captação de tempo seco é uma alternativa "completamente equivocada". Para ele, a saída é a urbanização das favelas e a instalação de um sistema de esgoto formal. "Isso é para aumentar estatística e a taxa de esgoto coletado. Não vai resolver nada. Nós pagamos caro, é para fazer tratamento bem feito", queixou-se. A geógrafa Ana Lúcia Nogueira Brito alega que a prioridade do governo e da Secretaria do Ambiente deveria ser a recuperação de estações de tratamento que já existem, mas não operam. Segundo Brito, há três delas no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. "Não é melhor colocar essas para funcionar?", questiona. Ela repreende ainda a falta de três itens: projetos das estações de tratamento dos rios; recursos para construir e a garantia de que a Cedae (Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) vai assumir o compromisso. "A Cedae não opera as que existem hoje de maneira adequada. Essa é uma solução temporária e precária", criticou a geógrafa.
Já o doutor em Oceanografia Química e professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), Júlio César Wasserman, concorda parcialmente com o sistema. "Não é a solução ideal, mas é melhor que não ter tratamento nenhum", defende. Para Wasserman, a melhor solução seria a canalização do esgoto em toda a cidade e o professor culpa os políticos pela ausência desse sistema. "O cano fica embaixo da terra, o eleitor não vê, ele não pode inaugurar e não ganha voto. O prejuízo é muito maior que uma rua não asfaltada, mas essa aparece". A Secretaria do Ambiente afirma que o projeto é considerado uma solução emergencial para melhorar a qualidade da água a tempo de realizar os Jogos Olímpicos de 2016. E admite que "o novo saneamento não pode ser considerado solução final para o tratamento de esgoto, e sim complementar, à espera da instalação futura de uma rede de esgoto". Em entrevista ao "O Globo", a secretária Marilene Ramos afirmou que o Estado terá uma verba de cerca de R$ 100 milhões no ano que vem para realizar obras de saneamento convencional. "Investiremos, sim, em sistemas de tempo seco, mas sem esquecer do convencional, que separa o esgoto da galeria pluvial", disse. O UOL não conseguiu localizar a secretária para comentar o assunto.
ESTA NÃO!
QUAL É A DO GOVERNO CARIOCA?
FALTA DE DINHEIRO, DE TEMPO OU DE VONTADE!
QUE FIM TERÃO NOSSOS RIOS?
PRECISAMOS RETIRAR OS ESGOTOS DAS PRAIAS, LAGOS E RIOS, TRATÁ-LOS, APROVEITARMOS O SECO E REUTILIZARMOS A ÁGUA...ATÉ QUANDO O PLANETA SUPORTARÁ AS LOUCURAS HUMANAS?

27 outubro 2008

PLÁSTICOS BIODEGRADÁVEIS


Plásticos biodegradáveis são degradados por microorganismos quando descartados no solo, em aterros. A diferença dos plásticos de origem de petróleo está no tempo de degradação. O tempo para degradar vai depender do que foi adicionado à resina considerada biodegradável, mas a ordem de grandeza é de meses (6 a 12 meses) contra 40 a 50 anos ou até 200 anos no caso de PET. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado ao governo do Estado de São Paulo, identificou uma nova bactéria, a Burkholderia sacchari, isolada em solo de plantação de cana, que produz esse tipo de plástico. "Agora estamos trabalhando para aumentar a produtividade da bactéria", diz a pesquisadora Luiziana Ferreira da Silva, do IPT, que coordenou as atividades de microbiologia do projeto. "Há nichos importantes que poderão usar o produto a curto prazo, como a área de medicina, por exemplo". Cápsulas que liberam remédio lentamente na corrente sangüínea, próteses ósseas e fios de sutura que podem ser absorvidos pelo organismo serão fabricados em plástico, num futuro bem próximo, pelo novo organismo, que substitui o plástico derivado de petróleo em suas diversas aplicações, como sacos de lixos, embalagens de alimentos, cosméticos, de produtos de limpeza e outros vilões da poluição ambiental. O grupo de cientistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que iniciou as pesquisas nesta área em 1992, é liderado por Celso Lellis Bueno Netto, inclui José Gregório Gomez, Marilda Keico Taciro, Luiziana Ferreira da Silva e o engenheiro Carlos Rossell da Copersurcar. Eles descobriram em 1994 uma nova espécie bacteriana capaz de transformar açúcar em plástico. Ela alimenta-se diretamente de açúcar, transformando o excedente do seu metabolismo em um plástico biodegradável chamado PHB (polihidroxibutirato). Sua vantagem é levar de um a dez anos para se degradar no ambiente, enquanto que o plástico de origem petroquímica pode levar centenas de anos para se degradar. Esta bactéria, denominada Burkholderia sacchari, está sendo testada na Usina de Pedra, em Serrana (SP).
O objetivo é empregar a B. sacchari na produção industrial de PHB. A vantagem seria que ela pode ser integrada totalmente à linha de produção da usina de açúcar. A energia para cultivo da bactéria vem da queima de bagaço de cana. O alimento é o próprio açúcar e o solvente usado para retirar o polímero das bactérias é um derivado da produção de etanol. Até os efluentes da linha de produção têm aplicação dentro da cadeia produtiva: são usados para adubar e irrigar plantações. Segundo pesquisadores do IPT, para cada 3 quilos de açúcar utilizado para alimentar as bactérias é possível obter 1 quilo de plástico. Descobertos há cerca de dez anos, os plásticos biodegradáveis ainda têm uma participição mínima no mercado internacional (cerca de 1%), dominado pelos de origem petroquímica. Apesar da vantagem no critério ambiental, os plásticos biológicos são mais caros e, por serem menos flexíveis, têm aplicações mais limitadas que os sintéticos. As perspectivas, no entanto, são animadoras, segundo Sylvio Ortega Filho, assessor financeiro e comercial da PHB Industrial, empresa que produz plástico biodegradável a partir de bactérias, com a tecnologia licenciada da Copersucar. "O PHB vai atender aos requisitos de uma área específica de mercado", prevê o pesquisador José Gregório Gomez, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que participa de estudos com o novo plástico. Na indústria, pesquisas com o PHB estão centradas em produtos de rápido descarte, como barbeadores, embalagens de cosméticos, copos e talheres plásticos. "Muitas empresas reconhecem que ter um produto feito com plástico biodegradável é um diferencial importante. O que é preciso agora é atender o que o mercado requer desse polímero", diz Gregório. Algumas empresas estudam o uso do PHB na fabricação de garrafas do tipo PET. Outra aplicação promissora do PHB é na medicina, em cápsulas gelatinosas para a ingestão de medicamentos ou na forma de pinos, fios de sutura e enxertos ósseos que podem ser assimilados naturalmente pelo organismo. Em meados da década de 90, teve início no Brasil o desenvolvimento de tecnologia para a produção de plásticos biodegradáveis e biocompatíveis empregando matéria-prima renovável pela agricultura, em especial derivados da cana-de-açúcar, a partir de um projeto cooperativo desenvolvido pelo IPT, Copersucar e Universidade de São Paulo. Após um levantamento de oportunidades, selecionou-se um grupo de polímeros da família dos polihidroxialcanoatos (PHA) que podem ser produzidos por bactérias em biorreatores a partir de carboidratos. Tais polímeros, em condições apropriadas de cultivo bacteriano, são acumulados na forma de grânulos intracelulares, os quais podem ser separados e removidos após a lise celular gerando uma resina com propriedades semelhantes às dos plásticos de origem petroquímica, com a vantagem de poderem ser biodegradados no ambiente por microrganismos nele existentes em curto espaço de tempo após o descarte. Além de propriedades termoplásticas, que lhes permitem serem moldados ou transformados em filmes para aplicações diversas, são também biocompatíveis, com potencial para aplicações médico-veterinárias, como suturas, suportes de culturas de tecido para implantes, encapsulação de fármacos para liberação controlada etc. Polihidroxibutirato (P3HB) foi o produto-alvo inicialmente estudado. Como a idéia era utilizar derivados de cana, duas linhas de busca do microrganismo ideal foram adotadas: (i) A partir de uma linhagem de coleção de culturas capaz de produzir P3HB a partir de glicose e frutose, mas não a partir de sacarose, o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo desenvolveu um trabalho de melhoramento genético da bactéria de modo a torná-la capaz de acumular o polímero utilizando a sacarose e (ii) simultaneamente, o Laboratório de Microbiologia Industrial do Agrupamento de Biotecnologia (LMI-AB) do IPT partiu para um programa de isolamento e seleção de bactérias de solo capazes de utilizar a sacarose e produzir P3HB com alta eficiência. Para completar o desenvolvimento da tecnologia, o Laboratório de Fermentações Industriais (LFI), também do Agrupamento de Biotecnologia desenvolveu a estratégia para cultivo e acúmulo de PHA em biorreatores e, junto com a Copersucar, o processo de separação do polímero e ampliação de escala. Amostras de solo foram submetidas a condições laboratoriais que inibiam o crescimento de bolores e leveduras e, ao mesmo tempo, favoreciam o crescimento bacteriano em sacarose, açúcar predominante na cana, bem como seus derivados. Cerca de 300 clones foram capazes de utilizar sacarose. Estes foram então submetidos a testes que verificavam aqueles capazes de além de crescer em sacarose, utilizá-la para produzir PHA. Destacaram-se 75 clones bacterianos produtores de PHA (PHA+). Uma identificação preliminar já demonstrou a grande variabilidade de espécies bacterianas encontradas. Outro resultado que convém ser destacado refere-se ao fato de que, além de produzirem o P3HB (polímero com unidades monoméricas de 4 carbonos e propriedades termoplásticas) que era o produto alvo, muitas das bactérias produziam outros polímeros de interesse. Destacamos entre estes polímeros produzidos, aqueles que contêm monômeros com 6-12 átomos de carbono, denominados PHAMCL (do inglês, medium chain length) e que apresentam propriedades elastoméricas, assemelhando-se mais à borracha e com outro tipo de aplicação (filmes para revestimento de embalagens de papelão, fraldas, absorventes, adesivos, etc.). Foi também descoberta uma linhagem bacteriana capaz de produzir, a partir de sacarose, uma mistura de P3HB com 3HPE, este último consistindo de monômeros de ácido 3-hidroxi-4-pentenóico, o qual, por ter uma insaturação, pode ser modificado quimicamente, ampliando suas propriedades e aplicabilidade. Algumas linhagens também se mostraram capazes de utilizar xilose e outros açúcares presentes no hidrolisado do bagaço de cana, até então um rejeito de baixo valor econômico, produzindo P3HB.
Os 75 clones PHA+ foram então comparados, selecionando-se dois deles com melhor capacidade de produzir P3HB: IPT 045 e IPT 101. Foi feita uma identificação preliminar e as duas linhagens correspondiam, respectivamente a uma Burkholderia cepacia e Burkholderia sp. Estas duas linhagens foram avaliadas em ensaios em biorreator. Foram comparados velocidade de crescimento, capacidade de acúmulo de polímero e eficiência em converter sacarose em polímero. Por seu melhor desempenho e por não ser patogênica, a linhagem IPT 101 foi selecionada. No sentido de se fazer uma identificação completa, a IPT 101 foi enviada a alguns centros especializados no Brasil e na Alemanha. Entretanto, as características da espécie não coincidiam com nenhumas daquelas já conhecidas de bactérias do gênero Burkholderia. Somente em 1999, em cooperação com o Laboratory of Microbiology, Universiteit Gent (Bélgica) e com o Institut für Mikrobiologie de Münster (Alemanha), após comparar resultados de testes bioquímicos, da composição de ácidos graxos, da seqüência de genes de rRNA 16S, verificou-se que trata-se de uma nova espécie que foi então denominada Burkholderia sacchari, justamente por ter sido isolada a partir de solo de canavial. A descoberta será publicada no International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology numa das próximas edições.
O coordenador dos trabalhos no IPT, José Geraldo Pradella, explicou que para se chegar a esse plástico foram selecionadas algumas bactérias do Banco de Cepas do Mercado e que se desenvolvem em meio ao solo dos canaviais. Entre elas as do gêneros Ralstonia e burkholderia, esta última eleita para a produção em projeto piloto. Uma vez isolada a cepa, esta é mantida em condições próximas a seu meio de cultura e desenvolvida a base de carbono (em forma de sacarose ou açúcar) e nitrogênio (em forma de sais como sulfato de amônia e fosfato de magnésio). Passa, depois, por estágios que implicam no emprego de recipientes airados e agitados (reatores) e fermentadores até ter em suas células o reprocessamento da sacarose em forma de uma pasta. Este material é extraído com o uso de solventes e submetido à secagem, resultando em um pó granulado. No mercado mundial, já existem outros tipos de plásticos biodegradáveis como por exemplo o obtido com amido de milho, nos Estados Unidos, e por manipulação genética, processo transgênico, na Suíça. Mas o único a utilizar a cana-de-açúcar é o Brasil, frisa Vaz Rossel, lembrando que por mais que se avance em tecnologia "não vamos ter a supremacia de um custo mais baixo do que o convencional, mas da mesma forma que levamos 60 anos para multiplicar as variedades de uso do polietileno, desde a sua descoberta em 1940, vamos entrar para uma etapa de novas opções". Todo este desenvolvimento teve o apoio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em diferentes períodos. Como resultado, ao final da década de 90, obteve-se um processo de produção de poli-3-hidroxibutirato (P3HB) e seu copolímero poli-3-hidroxibutirato-co-3-hidroxivalerato (P3HB-co-3HV) utilizando como fonte de carbono principal o açúcar da cana.Em 1996, uma unidade piloto de produção foi instalada nas dependências da Usina da Pedra, interior do Estado de São Paulo, utilizando a tecnologia desenvolvida no país. A produção é realizada em tanques agitados e aerados em condições controladas de pH, temperatura, oxigênio dissolvido e aporte de matérias-primas. O copolímero é produzido pela adição concomitante de ácido propiônico e açúcar. O processo de separação e purificação do produto garante alta pureza e peso molecular adequados ao processamento do polímero. Dando prosseguimento ao projeto, já foi feito um melhoramento genético em Burkholderia sacchari IPT 101, obtendo-se um mutante IPT 189 que tem maior capacidade de acúmulo do copolímero P3HB-co-3HV, quando alimentado com sacarose e ácido propiônico. Este copolímero é mais maleável e tem aplicações mais amplas que as do P3HB. Em conjunto, CTC e IPT solicitaram patente para a linhagem, seu mutante e processo de produção. O grupo de Biotecnologia do IPT tem desenvolvido além da linha de plásticos biodegradáveis a produção de bioinseticidas para controle de pragas urbanas (pernilongo, borrachudo etc.) e no caso do campo (lagarta do cartucho de milho), além da produção de inoculantes para substituição de adubação nitrogenada, principalmente para culturas de soja e feijão. O plástico biodegradável, desenvolvido a partir da cana-de-açúcar, ganha agora uma nova versão. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, de São Paulo, realizou pesquisas para a obtenção do produto com a utilização do bagaço de cana hidrolisado. "Esse substrato, que está disponível em grande quantidade, pode produzir algo mais nobre, tornando-se uma alternativa economicamente interessante", observa a pesquisadora do IPT, Luiziana Ferreira da Silva, que é coordenadora do projeto. Segundo ela, o órgão está aberto à realização de parcerias para a produção industrial desse plástico. Antes disso, o IPT desenvolveu o plástico biodegradável, diretamente da sacarose, que já é produzido pela PHB Industrial, instalada junto à Usina da Pedra, em Serrana (SP). O plástico do bagaço utiliza a xilose e a glicose, que são açúcares resultantes do processo de hidrólise dessa biomassa. Mesmo produzindo 50 toneladas anuais, em caráter experimental, desde 1995, a PHB já exporta o produto para os Estados Unidos, Europa e Japão. A bactéria Burkholderia sacchari se alimenta do açúcar, transformando o excedente do seu metabolismo no plástico biodegradável chamado de PHB (polihidroxibutirato). O mesmo processo ocorre com o bagaço hidrolisado por meio da ação dessa bactéria e da Burkholderia cepacia. A grande vantagem na produção do plástico biodegradável é o aproveitamento dos recursos já existentes na usina de açúcar, como o bagaço e o melaço. A planta piloto (que já custou o equivalente a R$ 28,7 milhões em investimentos aos grupos sucroalcooleiros Biagi e Balbo) produz de 50 a 60 toneladas por ano do PHB, que é exportado para o Japão, os EUA e a Europa. Por sua vez, o novo processo, usando o bagaço, ainda não foi aplicado comercialmente. A resina biodegradável custa quatro vezes mais que a normal, mas há dois pontos a destacar, sustentam Silva e Taciro: a escala ainda é muito reduzida e ninguém consegue produzi-la mais barata que o Brasil. "O quilo do PHB de açúcar (ou do bagaço da cana) custa US$ 5. O equivalente na Inglaterra custa US$ 14. Por isso há mercado lá fora", diz Silva. A competitividade do preço aliada à maior consciência dos consumidores e ao maior nível de exigência da legislação ambiental em alguns países desenvolvidos animam a PHB Industrial de Serrana a tentar produzir em escala comercial a partir de 2005. As pesquisas em torno do plástico biodegradável começaram nos anos 80 em todo o mundo. Vêm sendo testados os usos de beterraba, ácido láctico, milho e proteína da soja; algumas aplicações já começam a sair dos laboratórios. Na prática, as resinas já são usadas em sacolas que podem virar adubo naturalmente e talheres descartáveis (produzidos pela empresa californiana Biocorp) e até em peças de notebooks da Fujitsu japonesa. Os estudos apontam ainda possibilidades de uso na medicina, por exemplo, em suturas internas e cápsulas para liberação gradual de medicamento. Tecnicamente, o PHB possui propriedades mecânicas semelhantes ao polipropileno, é resistente à água, tem boa estabilidade à radiação ultravioleta e barreira à permeabilidade dos gases. Quanto à biodegradabilidade, ele se decompõe em uma diversidade de meios, liberando apenas água e gás carbônico. Em fossas sépticas, a perda da massa chega a 90% em 180 dias e em aterro sanitário perde 50% da massa em 280 dias. Ecologicamente correto e não muito distante de seu emprego também no mercado interno, o plástico biodegradável brasileiro, obtido a partir da cana-de-açúcar, começa a ser produzido em escala comercial em junho próximo. A informação é do chefe da Divisão de Processos do Centro de Tecnologia da Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana-de-açúcar e Álcool do Estado de São Paulo), Carlos Vaz Rossel. De acordo com ele, as primeiras remessas, estimadas em 50 toneladas ao ano, destinam-se a duas empresas da Alemanha que atuam na área da saúde e de embalagens. Na sua avaliação, apesar de o custo de produção dessa resina superar em torno de seis vezes o de plásticos convencionais, a aceitação do mercado deve elevar a oferta mundial de 20 mil toneladas ao ano para algo próximo a 250 mil toneladas num prazo de dois anos. É visando a concorrência por este filão, que a Copersucar investiu cerca de US$ 5 milhões na busca de um polimero que pudesse competir com os demais plásticos biodegradáveis no comércio internacional. Fundada em 1959, a Copersucar - Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo Ltda. conta atualmente com 91 associados. O quadro social é composto por produtores rurais, que representam mais de 50% do número de associados, por unidades agropecuárias e unidades agroindustriais que atuam na produção de cana, açúcar, álcool e demais produtos e subprodutos da cana-de-açúcar. A pesquisa tecnológica desempenha papel fundamental entre os objetivos da Copersucar desde o final dos anos 60, quando foi criado o programa de melhoramentos de variedades de cana-de-açúcar. Em 1979, os associados criaram o CENTRO DE TECNOLOGIA COPERSUCAR - CTC, em Piracicaba/SP, hoje um dos mais avançados na pesquisa tecnológica para o setor produtor de cana, açúcar e álcool do mundo. Como um dos resultados do esforço realizado pelos associados para manutenção do CTC, a Copersucar, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo, desenvolveu o plástico biodegradável que tem o açúcar como matéria-prima. Assim também, o Centro de Tecnologia Copersucar mantém parcerias na área de pesquisa para produção de álcool por meio da hidrólise do bagaço e palha de cana e também no desenvolvimento de co-geração de energia elétrica a partir da gaseificação do bagaço e resíduos da cana-de-açúcar, no qual desenvolve e gerencia projetos com recursos do Global Environment Facility - GEF. Em parceria com a FAPESP- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo está sendo desenvolvido um dos mais amplos programas de melhoramento genético do mundo: o genoma da cana. O objetivo é identificar os 50 mil genes da cana, em busca de variedades mais sadias, produtivas e rentáveis.
A patente PI 9103116 PROCESSO PARA PRODUZIR POLIHIDROXIALCANOATOS A PARTIR DE AÇÚCARES EXTRAÍDAS DA CANA DE AÇÚCAR trata de um processo de produção de polihidroxialcanoatos, designados genericamente com PHA, obtidos por fermentação submersa onde a principal, mas não única, fonte de carbono é constituída por açúcares extraídos da cana-de-açúcar em sua forma bruta como caldo, ou processada, como méis, charopes, melaços ou cristais com diversos graus de pureza que contenham misturas de sacarose, glicose e frutose em qualquer proporção. O processo de extração e preparo do mosto de fermentação para a produção de polihidroxialcanoatos deve estar, preferencialmente, associado a uma unidade de produção de açúcar e álcool da qual recebe não apenas a máteria-prima, mas também, toda energia e demais utilidades necessárias. Os agentes biológicos responsáveis pela transformação destes açúcares em polihidroxialcanoatos são microorganismos procarióticos especialmente bactérias gram negativas usualmente solos naturais preferencialmente pertencentes ao gênero Alcalígenes. O processo de fermentação é caracterizado pela existência de duas faces; uma primeira fase onde se emprega um meio rico em açúcares e nutrientes próprio para o crescimento das bactérias e uma segunda fase onde o meio deve apresentar uma carência nutricional preferencialmente em fontes de nitrogênio, capaz de direcionar o metabolismo das bactérias para a síntese e acúmulo de polihidroxialcanoatos. Nesta segunda fase além dos açúcares, devem estar presentes no meio de cultura outras fontes de carbono que atuem como precursores de polihidroxialcanoatos diferentes do polihidroxibutirato resultando, preferencialmente, na síntese do copolímero polihidroxibutirato/polihidroxivalerato. O processo de separação e purificação dos grânulos de polihidroxialcanoatos é baseado no uso combinado ou independente de solventes, não solventes, agentes surfactantes e preparados enzimáticos. As operações de separação e purificação podem ser precedidas pelo rompimento mecânico das células de bactérias e seguidas por uma operação de secagem dos grânulos.
A patente PI 9302312 é referente a "PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE BIOPOLÍMEROS", em que as células contendo o biopolímero são submetidas a um único solvente adequado, e em que a insolubilização do polímero no solvente se verifica sem a presença de agente insolubilizante. A patente PI9805116 é referente a "CEPA MUTANTE DE ALCALIGENES EUTROPHUS, CEPA TRANSGÊNICA DE MUTANTE DE ALCALIGENES EUTROPHUS E MÉTODO DE OBTENÇÃO", dita cepa interrompendo as vias metabólicas de utilização do propionato como fonte de energia, levando ao desvio deste para unidades de hidrovalerato (HV), e incorporando um plasmídio contendo um regulon-scr, definido por um conjunto de genes, mais particularmente, os genes (K,Y,A,B e R) tornando-se capaz de assimilar fontes alternativas de carbono, mais particularmente, sacarose, otimizando dessa forma a utilização do substrato mais caro do processo de obtenção dos co-polímeros PHB-PHV, o propionato, apresentando uma procentagem maior de P (3HV) em dito copolímero, tornando possível uma maior variedade de aplicações industriais e um preço mais competitivo no mercado. A patente PI 9806581 é referente a ''CEPA TRANSGÊNICA DE ALCALIGENES EUTROPHUS E SEU MÉTODO DE OBTENÇÃO'', dita cepa incorporando um plasmídio contendo um regulon-scr, definido por cinco genes (K,Y,A,B e R) que codificam proteínas, frutoquinase (scrK), porina (ScrY), enzima II^ scr^ (scrA), invertase (scrB) e um repressor (scrR), tornando-se capaz de assimilar fontes de carbono alternativas, dita cepa sendo obtida a partir da transferência de ditos genes para a cepa natural de Alcaligenes eutrophus. O certificado de averbação 010433/01 de 14.05.2001 referente ao licenciamento da patente PI9103116 e dos pedidos de patente PI9302312, PI 9805116 e PI 9806581 entre o cedente Copersurcar e a cessionária PHB Industrial. O valor para o licenciamento da patente PI9103116 é de 3% sobre o preço líquido das vendas.
Fonte: http://inventabrasilnet.t5.com.br/plastico.htm