29 novembro 2008

A RESERVA NATURAL DE DANA - LOCALIZADA NA JORDÂNIA - É UMA RESERVA DA BIOSFERA



A Reserva Natural de Dana, situada na Jordânia, criada em 1989 ocupa uma extensa área de 308 km2, composta de belas paisagens de superfícies irregulares, abrangendo o Vale do Rift. É composta de morros e cristas, partindo de uma altitude de 1500 m, próximo do Deserto de Quadeslyya. As montanhas são cortadas por wadis íngremes, com arbustos e vegetação exuberante. A sua geologia varia, misturando três tipos de formação: arenito, calcário e granito.
É a única reserva natural na Jordânia que atravessa quatro bio-zonas geográficas: Mediterrâneo, Irano-turaniano, Saharo-árabe, e Sudanian penatration

FLORA E FAUNA: Seu ambiente diversificado é composto por mais de 703 espécies vegetais, 215 espécies de aves e 38 de mamíferos. Dentre os vegetais podemos salientar, fenício Jupiter, evergreen carvalho, acácia. Das centenas de espécies vegetais encontradas em Dana, podemos enc três espécies, não podem ser localizadas em nenhum outro lugar do mundo.

ESPÉCIES EM EXTINÇÃO: O ameaçado Nubian Ibex, Serin sírios, e Peneireiro das torres, são nativos de Wadi Dana e para salvar as espécies foi necessário ingressá-la no Fundo Mundial para o Ambiente, em 1994. Além disso, a maior colônia de reprodução de Serin da Síria, está em na Reserva Natural.
A The Royal Society for Conservation of Nature (RSCN) - tomou medidas pioneiras na tentativa de conservar a biodiversidade preciosa de Dana - em 1994, financiada pelo Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), elaborou o primeiro plano de gestão de área protegida da Jordânia, convertendo a Reserva Natural de Dana, uma Reserva da Biosfera em um modelo integrado de conservação e desenvolvimento sócio-econômico. Este plano estabelece objetivos, estratégias e prioridades que, em última instância, procura encontrar um ponto de equilíbrio entre a proteção das maravilhas naturais de Dana e os interesses econômicos das populações locais. Esta estratégia se baseia principalment no zoneamento, definindo áreas onde determinadas atividades podem ser exercidas, permitindo zonas de pastoreio e zonas de lazer. De acordo com esta abordagem, Dana se tornou o primeiro local de turismo responsável.
A RSCN, recebeu vários prêmios por seu sucesso global de redução da pobreza e geração de empregos para a população local, em associação com integração e conservação da natureza.
Ainda existem ameaças ao ambiente natural, através do sobrepastoreio, da xilografia e caça, principalmente do Ibex e Chucar.
VISITAÇÃO:
A maior Reserva Natural do país, está localizada na parte sul, sendo constituída quase na sua totalidade por vales e montanhas. Sua grande variedade de vegetação, com mais de 700 espécies, inclusive com algumas raras, uma grande quantidade de aves e mamíferos, Dana é uma das principais atrações de campismo na Jordânia onde os visitantes podem ir fazer caminhadas nas trilhas que variam de fácil a moderada para difícil.
A reserva contém uma Wadi (árabe) que significa aldeia, que foi ocupada desde 4000 aC, inclusive ainda hoje está habitada por povos nativos da tribo dos Atata.
Os visitantes encontram acomodações em Feynan Wilderness Lodge, Dana Guest House, e o Rummana acampamento, situadas num planalto com vista para a montanha Rumman e os vales circundantes.

Fonte: Wikipedia


28 novembro 2008

2º PASSEIO ECOLÓGICO DO BAIRRO COLINAS DO CASTELO - JAGUARIÚNA(SP)

INICIATIVAS VERDES SÃO SEMPRE BEM VINDAS!

HISTÓRICO DO EVENTO:

EM 2004 a Associação dos Moradores do Bairro Colinas do Castelo, realizou o 1º PASSEIO ECOLÓGICO DO BAIRRO COLINAS DO CASTELO - foi uma iniciativa brilhante e vitoriosa - durante o evento, foi realizada, além do passeio, pròpriamente dito, uma Oficina de reciclagem.
Foram confeccionadas camisetas alusivas ao evento.
Foi um sucesso, tanto que em janeiro de 2008, a Associação de Bairro, cogitou a possibilidade de organizar um novo evento.

No último sábado, 22 de novembro de 2008, foi realizado uma 2ª Edição do Passeio Ecológico, desta vez também, não contou tão sòmente com a coleta do lixo pelas ruas do Bairro, mas com pequenas palestras e exposições de trabalhos realizados com reciclagem de materiais descartados.

O EVENTO DE 2008:

LOCAL DO ENCONTRO: Pátio da Igreja de São Jorge
PARTICIPANTES: 19 crianças e 11 adultos(organizadores, convidados e palestrantes);
TRABALHOS REALIZADOS:
- Exposição de trabalhos com reciclados: - ONG Trilhos do Jequitibá e moradores do bairro;
- Palestra da coordenadora do evento: Helena Rezende;
- Palestra do Presidente da ONG Trilhos do Jequitibá;
- Palestra do Senhor José Maria, que desenvolveu uma máquina para reciclar copos descartáveis e transforma-os em utilidades domésticas (bacias, cachepôs, etc) e,
- Entrevista com o Sr. Sérgio - Presidente da COPERJ - Cooperativa de reciclagem de Jaguariúna;
- Distribuição de folhetos:
1 - Sobre o Caramujo Africano e Dengue (fornecido pela ONG Trilhos do Jequitiá);
2 - RECICLE e Jaguariúna Meio Ambiente - ofertados pela Secretaria do Meio Ambiente
- Coleta de Pilhas e baterias para serem recolhidas para o Banco ABN, que gentilmente ofertou os recipientes Papa Pilhas;
- Coleta de 45 sacos de 100 litros de materiais recicláveis descartados;
- Pequeno Lanche para as crianças - oferta da organização do Evento;
- Sorteio de brindes para as crianças

A PREFEITURA MUNICIPAL DE JAGUARIÚNA PARTICIPOU DO EVENTO ATRAVÉS da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, na pessoa do Secretário Irineu Gastaldo e seu staff, que forneceu:
- copos de água para os participantes;
- Luvas descartáveis,
- Sacos para lixo e,
- Impressão de 100 convites para seren distribuídos aos moradores do Bairro Colinas do Castelo.

Contamos também, com o apôio logístico de Sucatas Braga, que retirou o material coletado e da Rádio Nova Sertaneja FM, na pessoa do seu Diretor Sr. Billy, que prontamente nos cedeu espaço em sua programação, com a realização de uma entrevista sobre a realização do Evento.

Colaboração: Fernando Gaona (Presidente da Associação do Bairro), Ana Miele (Secretária). Cleide Secco, Eduardo Riso, Solange Riso, Dona Nete, Sr. Barba, Sr. Pedro, Sr. Vitor, Dr. Gilberto e esposa, Solange Gaona, Marcinha, Paula, Aurélia Schiavolin e Helena Rezende.

A todos os presentes e colaboradores, os nossos mais sinceros agradecimentos.

A IMPORTÂNCIA DO EVENTO:
O Bairro Colinas do Castelo de Jaguariúna, se localiza em um dos morros da cidade e como tal, possui vistas panorâmicas de rara beleza, é composto por 175 lotes de 1.000 m2, com ruas asfaltadas e toda a infraestrutura urbana de coleta de lixo, água tratada e serviço de esgoto. Possui, além de 3 estações elevatórias, 01 Reservatório de Água e 2 áreas verdes(que possuem em seu interior, remanescentes de vegetação nativa e muitas nascentes, portanto, de suma importância para o ecossistema local a preservação das mesmas).
No bairro, é realizada, anualmente, a PROVA PEDESTRE ‘COLINA DO CASTELO’ - A mais tradicional prova do pedestrianismo jaguariunense. Com a presença de equipes de toda região, envolvendo atletas da faixa etária de 15 a 80 anos.

Sobre o resultado do Passeio:

Foi um evento de real grandeza, não pelo número de participantes, que ainda é ínfimo, tendo em vista as dimensões do bairro, mas pelo alcance da intenção...conscientizar pessoas, principalmente as crianças e adolescentes, sobre a enorme importância de não se jogar lixo nas ruas, no cuidado com o meio ambiente e que podemos reutilizar a maioria dos materiais que descartamos no nosso cotidiano. Transformando lixo em utilidades preciosas - poderemos, além do estímulo à criatividade, descobrir novos talentos (habilidades) e até empreendedores - mas o ganho substancial sem dúvida alguma é com a preservação do nosso ambiente micro, que gerará um bônus, um legado real na manutenção do nosso Planeta Terra.

Precisamos!
Jaguariúna precisa!
O mundo todo precisa, que atitudes como esta, sejam multiplicadas aos milhões de habitantes da terra, para que possamos ter sempre um espaço saudável, com uma qualidade de vida melhor, deixando com isto, uma herança maravilhosa para os nossos descendentes.

E é começando dentro de nossas casas, fazendo o uso racional e um consumo responsável, que poderemos atingir as nossas metas de ter um planeta mais limpo, com águas mais cristalinas jorrando em nossos cursos e um ar respirável para todos.

E assim,....queridos amigos, plantando, jogando sementes, aqui e acolá, grão por grão, haveremos de formar florestas inteiras de idéias e ideais ecològicamente corretos!

Um grande abraço, Helena Rezende









26 novembro 2008

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O CLIMA - 2008 - POZNAN


PARIS (AFP) - Apesar da crise econômica, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Poznan (de 1º a 12 de dezembro), dará início à contagem regressiva para um novo acordo de luta contra o aquecimento global, que deve ser concluído até o final de 2009, em Copenhague.

Mesmo com a ausência da nova equipe de Barack Obama, presidente eleito dos EUA que já se mostrou mais disposto a negociar o tema do que o atual governo Bush, Poznan deve ativar a negociação do futuro acordo, no momento em que as emissões mundiais de gases estufa nunca foram tão altas.

As dos países em desenvolvimento já totalizam mais da metade das emissões mundiais, e a China se tornou o primeiro poluente mundial.

No ano passado, em Bali, os Estados-membros da Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (UNFCCC, sigla em inglês) prometeram amarrar o novo acordo até dezembro de 2009 - tempo necessário para uma eventual ratificação -, ainda que a data pareça, na realidade, difícil de cumprir.

Desde a entrada em vigor de Kyoto em 2005, a negociação climática acontece em dois níveis: a UNFCCC (192 países) e o Protocolo de Kyoto. Até agora, apenas os 37 países industrializados signatários de Kyoto estão sujeitos a metas de redução de suas emissões poluentes até 2012, o que levou os EUA a rejeitarem o tratado.

O novo acordo deverá, então, decidir sobre uma sobrevida de Kyoto, modificado e ampliado aos países emergentes, ou sobre a adoção de um "Protocolo de Copenhague", que englobe todo o mundo e permita, sobretudo aos EUA, sair do zero.

Entre os grandes encontros em Poznan, que contará, assim como em 2007, com a presença do secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, e do Prêmio Nobel da Paz e ex-vice-presidente americano Al Gore, uma mesa-redonda dos ministros do Meio Ambiente, nos dias 11 e 12 de dezembro, permitirá uma troca de opiniões sobre uma "visão compartilhada" de longo prazo da luta contra a mudança climática.

Essa visão, que tem como perspectiva o ano de 2050, deverá refletir as ambições de cada um na redução de suas emissões poluentes e na preservação do clima.

Segundo os cientistas, as emissões dos países industrializados deveriam parar de crescer a partir de 2015 e, então, cair drasticamente até 2050, mas os grandes países emergentes, como China e Índia, também estão sendo convocados para controlar a inflação de sua poluição.

"Os países em desenvolvimento vão, sem dúvida, insistir em que estamos prontos para relaxar", observou o representante de um país industrializado. "Mas nós vamos mostrar que eles poluem agora tanto quanto nós".

Em Poznan, o secretário-executivo da UNFCCC, Yvo de Boer, não espera o anúncio em números da redução de um ou outro país, mas deseja "uma abertura".

"Espero que a mesa-redonda nos dê uma linha de ação política mais clara", declarou à AFP.

"É claro para todos que isso não pode continuar assim", comentou um diplomata ocidental. "Até aqui, multiplicamos as opções sobre a mesa. A próxima etapa será limitá-las, caso contrário, chegaremos com 1.000 páginas a Copenhague e não teremos um acordo".

Fonte:http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/081126/saude/fran__a_onu_clima

ESGOTOS CLANDESTINOS EM PRÉDIOS PÚBLICOS DO PARANÁ???


A Comissão do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná suspeita que milhares de prédios a serviço do poder público estão despejando o esgoto em galerias pluviais. A comissão deve divulgar até o início de dezembro um relatório com informações sobre os prédios públicos do Paraná com esgotos clandestinos.
O relatório atinge todas as esferas do poder público municipal, estadual e federal. O alerta foi dado em 2007, quando o deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB), que preside a Comissão do Meio Ambiente da Assembléia do Paraná confirmou, após encaminhar requerimento à Mesa Executiva, que o esgoto produzido nos dois prédios da casa, estava sendo despejado diretamente no Rio Belém, que corta o Centro Cívico, em Curitiba.

O local concentra os principais órgãos públicos do Estado, incluindo o Palácio do Governo e o Palácio 29 de Março, sede da prefeitura da capital.

Na época, o presidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM), alegou desconhecer o problema. "Isso nunca me passou pela cabeça", disse ele, e determinou que as ligações dos prédios da Casa à rede de esgotos fossem concluídas em 15 dias.

O prazo, contudo, foi bem mais extenso. As obras levaram nove meses e ainda estão sendo concluídas, agora com a reforma de todos os banheiros da Assembléia.

De acordo com o deputado Luiz Eduardo Cheida, a Sanepar (Companhia de Saneaento do Paraná) já estaria produzindo um levantamento para informar à comissão a situação dos esgotos em sedes de órgãos públicos do Estado. "Não é uma conta muito fácil. Só as escolas municipais são mais de 2.100, mas esperamos ter em mãos esse levantamento até o mês de dezembro", afirmou.


Além dos esgotos clandestinos, há também denúncias de que laboratórios de química, e faculdades de Medicina do Paraná, onde há dissecação de cadáveres, estariam despejando produtos tóxicos diretamente em galerias pluviais.

Uma autarquia funerária em Londrina também estaria sendo investigada pelo Ministério Público do Paraná por suspeita de eliminar químicos usados na tanatopraxia (técnica para conservação de cadáveres) em rios do município. "O caso é grave, envolve multas pesadas e processos administrativos contra os responsáveis", afirmou Cheida.

Levantamento divulgado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), em novembro do ano passado, mostra que menos da metade dos brasileiros (46,7%) é beneficiada por rede de recolhimento de dejetos domésticos no país.

No Paraná, o número de domicílios atendidos por rede coletora é de 67%, percentual que ainda fica abaixo do índice mínimo de 70% preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

"Mesmo com a nova lei de saneamento, o Paraná ainda deixa muito a desejar. Comparativamente, há municípios de menor porte em outros Estados que ultrapassam as condições sanitárias de grandes cidades do Estado", afirmou Cheida.

Fonte: Marcus Vinicius Gomes -Especial para o UOL Notícias - Curitiba (PR) - 13/11/2008


25 novembro 2008

PATRIMÔNIO AMBIENTAL DA BIRMÂNIA ESTÁ EM PERIGO



Keya Acharyha

Bangcoc, 18/11/2008, (IPS) - Além de ter sofrido 60 anos de ocupação militar, a comunidade karen no sul da Birmânia agora também está em risco de perder seu patrimônio cultural e ambiental, alertam ativistas.

A incrível riqueza e enorme biodiversidade deste país tem indicadores surpreendentes, como 11.700 espécies de plantas, entre elas uma coleção de 800 orquídeas, cem bambus, além de mil aves e 145 mamíferos que estão em risco de extinção no resto do mundo. Grande parte dessa biodiversidade fica no Estado de Karen, na fronteira com a Tailândia, agora assolado pelo confronto entre o Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento, nome oficial da junta militar, e os rebeldes separatistas da União Nacional Karen.

O conflito obrigou cerca de 500 mil pessoas a abandonarem suas casas nesse Estado. A maioria teve de fugir para a selva. A população civil é alvo do exército birmanes porque a junta tenta enfraquecer os separatistas restringindo suas provisões e o apoio que recebe da comunidade étnica karen. O meio ambiente também sofreu danos, segundo Paul Sein Twa, diretor da Rede de Ação Social e Ambiental Karen. As pessoas que fugiram para a selva dormem no chão em barracas de campanha. Não recebem assistência medica nem educacional e em sua maioria sofrem de desnutrição.

No distrito karen de Um Traw, cerca de 200 aldeias foram incendiadas ou destruídas desde 1997 e as terras agrícolas minadas, por isso cerca de 37 mil pessoas tiveram que procurar abrigo nas montanhas, segundo o informe “Diversidade degradada”, elaborada por pesquisadores dessa comunidade para a Rede. Além disso, cerca de cem mil pessoas tiveram de se esconder na fronteira tailandesa e há “literalmente milhões de refugiados econômicos na Tailândia, Malásia, Índia e em outros lugares”, disse o advogado ambientalista norte-americano Marty Bergoffen, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em Bangcoc. A Rede é uma organização de ativistas karen com sede na cidade tailandesa de Chiang-Mai, que trabalha com essa comunidade nos dois lados da fronteira.

As mulheres são as mais afetadas pelo conflito, do ponto de vista físico e por falta de trabalho no contexto das frágeis condições de segurança na fronteira, ressaltou Bergoffen. “A Tailândia não tem nenhum programa de longo prazo para os refugiados, por isso é muito difícil para os karen prever seu futuro”, afirmou. Para este advogado, a biodiversidade dos karen é o “eixo” de sua sobrevivência, agora ameaçada pela guerra. O exército colocou minas nos campos cultiváveis dos refugiados, por isso estes não podem voltar a trabalhar sua terra.

Há séculos os karen sobrevivem com um ciclo de rotação da terra de sete anos. Mas com as minas e a ocupação militar os agricultores devem se contentar com solos pobres que levam à superexploração da biodiversidade e do terreno. “Antes não plantava nas ladeiras nem na selva velha. Mas agora não sobrevivo se não fizer isso. Sei que não são lugares bons, mas tenho alternativa”, afirmou Ta Paw Der, um aldeão entrevistado para o estudo da Rede. Além da junta militar, os separatistas também são responsáveis por práticas não sustentáveis que atentam contra a biodiversidade: vendem madeira para comprar armas porque perdem terreno diante das ofensivas do exército.

O aumento da militarização já afetou muito o rinoceronte de Sumatra, em risco de extinção, disse a Rede. Além disso, os conhecimentos indígenas, transmitidos de forma oral de geração para geração, também poderiam desaparecer por causa desse conflito. Na aldeia de Ta Paw Der podia-se encontrar mais de 150 produtos florestais, entre eles mel, bambu, fungos, gengibre, raízes, tubérculos, nozes e frutas, mas agora não é fácil encontrá-los. Há mais de 40 espécies de animais e plantas em perigo de extinção pelo conflito na zona do rio Salween, diante da província tailandesa de Mãe Hong son, segundo outra pesquisa da Rede.

Mais de 20 espécies conhecidas, incluídas oito de peixes, foram identificadas pelo médico Chavalit Vidthayanon, do escritório tailandês do Fundo Mundial para a Natureza. O rio Salween mantém uma assombrosa biodiversidade e deveria ser mais estudado pelos cientistas internacionais, segundo o informe da Rede. Mas, um acordo entre Tailândia e Birmânia para construir uma represa de grande escala sobre o rio Salween poderia deixar muitas pessoas sem ter onde morar, além de apresentar conseqüências negativas sobre dezenas de milhares de pobres e marginalizados de suas comunidades étnicas.

Há cinco projetos de construção de hidrelétricas no rio Salween dos quais participam os governos da Birmânia, China e Tailândia. O que agrava as conseqüências acumulativas das represas. “Os karen dependem do ecossistema saudável do rio, incluídos peixes, produtos florestais, vegetação em volta da margem e transporte”, disse o ativista Ko Shwe, da Rede. “As represas projetadas arruinarão o ecossistema e o livre curso do iro, o que matará a selva e destruirá a vida de milhares de pessoas”, ressaltou.

A Birmânia tem vários projetos em curso e outros em fase de criação para construção de hidrelétricas, outros de exploração mineira e gás natural, em diferentes pontos de seu território, em associação com vários países como China, coréia do Sul, Índia e Tailândia. Um projeto chinês para construir uma central hidrelétrica de 600 megawatts no distrito de Shan apenas fornecerá à Birmânia 15% da eletricidade gerada. O restante será vendido à China a um preço não divulgado. Existem cerca de 69 multinacionais chinesas envolvidas em 90 projetos acabados, em curso e em preparação de represas, exploração mineira, gás natural e petróleo, segundo a organização EarthRights International.

“Vimos como muitas empresas estrangeiras vêm à Birmânia e não têm consideração com a população local nem com o meio ambiente”, afirmou o diretor-executivo dessa organização, Ka Hsaw Wa. “Pelos conhecimentos que temos no desenvolvimento de projetos neste país e devido à situação atual, nos preocupa esse aumento acentuado na quantidade” de construções de grande envergadura, disse. A organização Human Rights Watch, com sede em Nova York, exortou outros países a boicotarem pedras preciosas birmanesas, cujo lucro vai para a junta militar. Além disso, ambientalistas denunciam que a extração indiscriminada de jade e rubis destrói a ecologia e os ecossistemas do norte do país. Mas, apesar desse chamado e da proibição dos Estados Unidos sobre as importações de rubis e jade da Birmânia, os traficantes alguém que seu lucrativo negócio tem compradores na China, Índia, Rússia, Tailândia e nos Estados Unidos, além de alguns paises do Golfo Pérsico ou Arábico.

(Envolverde/IPS) (FIN/2008)

24 novembro 2008

A SUPERPOPULAÇÃO DE JAVALIS - DESEQUILÍBRIO NA CADEIA ALIMENTAR



07/11/2008 - Paraná prepara ação para capturar e abater javalis invasores

Cerca de 200 javalis que vivem no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, na Região Sul do Paraná, devem ser capturados e abatidos por técnicos do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) nos próximos meses.

O animal, que é de origem européia e pertence à mesma espécie do porco doméstico, é considerado uma ameaça por causar graves danos ambientais ao parque e às propriedades agrícolas da região - há casos registrados de invasão de plantações de soja e de milho.

Segundo o presidente do IAP, Victor Hugo Burko, que se reuniu nesta quinta-feira (6) com técnicos do parque para uma avaliação, a situação é emergencial. "O javali é um animal exótico e extremamente danoso ao meio ambiente. Ele come tudo o que vê pela frente. Destrói ovos de pássaros que fazem ninho no chão, devasta plantações e fuça a terra até arrancar as raízes da plantas", afirmou.

De acordo com Burko, por se tratar de animal invasor, ele não tem predador natural, se reproduz com facilidade e sua população pode triplicar a cada ano. As ações de manejo do javali no Parque Vila Velha devem servir de laboratório para que o mesmo procedimento seja adotado em outros municípios do Paraná.

Em Londrina e Maringá, na região norte do Estado, há relatos de agricultores que dizem ter sido atacados pelo animal. "Eles são agressivos, fortes (os machos pesam cerca de 250 quilos) e podem matar pessoas", disse Burko.

Javali é das espécies mais invasoras do mundo

A pesquisadora Simone Camargo Umbria é a encarregada de identificar o número de javalis que vivem no Parque Estadual de Vila Velha, no interior do Paraná. Há meses, ela vem identificando através de "armadilhas fotográficas" a população de animais no local e mapeando os seus hábitos. Ela diz que o javali é uma das 100 maiores espécies invasoras do mundo e que sua remoção pode durar décadas.

De acordo com a gerente-geral do parque, Ângela Maria Dalcomune, estão sendo testadas armadilhas para capturar o animal. Como eles andam em bando de cinco ou seis, a idéia é construir grandes cercados e enchê-los de alimento para atrair os animais. "À medida que eles forem sendo capturados, serão abatidos e sua carcaça enviada para os frigoríficos", afirmou Ângela.

A carne do javali, se considerada apropriada para o consumo pela vigilância sanitária, deve ser doada para instituições de caridade. A bióloga e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná, Simone Camargo Umbria, diz que dificilmente os animais servirão de alimentos, pois são foco de leptospirose e febre aftosa.

Segundo Ângela, o javali chegou ao Brasil pelo Uruguai, nos anos 1940 e foi trazido para a região Sul do país por criadores de porcos. No Paraná, a criação do animal teve início na década de 1980 na cidade de Palmeira (a 50 km de Curitiba) e ali, teria sido solto, tornando-se, então, selvagem. Os constantes acasalamentos de javalis com porcos domésticos, na região, criaram uma subespécie do animal que é chamada de "javaporco".

Questionado sobre a manifestação de órgãos de sociedade de protetores de animais contra o abate dos javalis, o presidente do IAP disse que a eliminação do animal é uma questão ambiental. "Nós não vamos causar qualquer tipo de sofrimento ao javali. Eles serão abatidos como qualquer animal de corte. Só não vamos ficar perdendo tempo com discussões inócuas", afirmou.

A Sociedade Protetora dos Animais do Paraná foi procurada pelo UOL para se pronunciar sobre o caso, mas não atendeu às ligações. Uma portaria do Ibama, publicada há três anos, proíbe a criação do javali no país, mas ainda há criadores licenciados.

Fonte: Marcus Vinicius Gomes
Especial para o UOL Notícias
Em Curitiba (PR)

CARAMUJO AFRICANO - O PEQUENO GRANDE PROBLEMA




A presença de um molusco conhecido como "caramujo africano" em várias regiões do Estado motivou reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais em 17/05/06. A espécie foi trazida para o Brasil no início da década de 80, para ser comercializada como alternativa ao escargot, outro molusco comestível. O cultivo não deu certo e os animais foram descartados na natureza. Hoje, segundo pesquisadores, está prestes a se transformar em um grave problema ambiental, sanitário e até de saúde pública. Ao final da reunião, os deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão; Doutor Ronaldo (PDT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) apresentaram requerimento para que a Assembléia realize um ciclo de debates sobre o assunto.

A reunião desta quarta-feira foi solicitada pelo deputado Doutor Ronaldo. Segundo ele, em Sete Lagoas foram encontrados caramujos africanos em cinco bairros da cidade, o que despertou sua preocupação, principalmente por causa do risco de transmissão de doenças. O molusco, cujo nome científico é Acatina Fulica, é hermafrodita, coloca de 200 a 800 ovos por vez e vive até cinco anos solto no ambiente. Quando adulto, chega a medir 17 centímetros, com peso aproximado de 340 gramas. A pesquisadora e professora de zoobotânica da UFMG, Teofânia Heloisa Dutra Amorin, disse que nos últimos meses vem sendo procurada em seu laboratório por pessoas de todo o País, que querem informações sobre o caramujo. "Temos que buscar o controle da espécie, porque erradicar é praticamente impossível", alertou.

Como estão povoando terrenos baldios, depósitos de lixo e quintais, os caramujos se transformam em veiculadores de vários microorganismos e potenciais causadores de doenças, disse a bióloga Langia Coli Montressor. Na Ásia, são transmissores também de um tipo gravíssimo de meningite e de hemorragia abdominal causadas por um verme. "Ainda não encontramos nenhum caramujo infectado no Brasil, mas vivemos num mundo globalizado, não podemos nos esquecer disso", completou Langia. O molusco não tem predador natural no Brasil. "Não podemos esperar que haja uma situação de emergência para nos posicionar", advertiu o deputado Doutor Ronaldo.

Os deputados lamentaram a ausência de representantes da Secretaria de Estado da Agricultura, da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e do Ibama, também convidados para a reunião. Em justificativas, a Feam alegou não ter técnico especializado no assunto, e o Ibama disse que os funcionários do órgão estão em greve, por isso não enviaria ninguém. "É inexplicável a ausência de órgãos ambientais e agropecuários nesta audiência", afirmou o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB).

Todos os participantes da reunião enfatizaram a necessidade de um trabalho conjunto, sistemático e continuado para controlar a presença do caramujo no Estado. O representante da Secretaria de Estado da Saúde, Marcelo Henrique Marques, relatou experiências de eliminação dos moluscos em Ituiutaba e na região de Alfenas, mas reconheceu que essas ações não tiveram sucesso porque foram descontinuadas. Em Ituiutaba, em seis meses, a prefeitura recolheu 250 mil caramujos, que foram incinerados e jogados em uma vala. "Mais tarde ficamos sabendo que o Ibama está desaconselhando a queima", disse Marcelo Marques. "A catação pura e simples não é suficiente, as pessoas se cansam porque eles se reproduzem demais", completou a pesquisadora Teofânia Dutra Amorin.

Segundo informações do representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Miguel Ribon, a legislação brasileira, tanto federal quando estadual, proíbe a comercialização do caramujo africano. A despeito da proibição, Teofânia Amorin afirmou que é possível comprar exemplares até pela internet, com a maior facilidade. Miguel Ribon sugeriu que seja elaborado um plano emergencial de controle de espécie, a exemplo do que já existe no Estado com relação ao mexilhão dourado. Colher subsídios para elaboração do plano deve ser um dos objetivos do ciclo de debates proposto pelos deputados.

Extinção de espécies nativas - Um dos maiores problemas, segundo os pesquisadores, é que as pessoas, assustadas com a presença do caramujo africano, acabam eliminando outras espécies nativas e raras de moluscos, desequilibrando mais ainda o meio ambiente. "Em Belém (PA) já existem outdoors nas ruas, alertando para os perigos da Acatina Fulica. Então as pessoas estão catando tudo o que é molusco!", informou Teofânia Amorin. De acordo com Langia Coli, há muitos países na Ásia onde não há mais nenhum caramujo nativo, só o caramujo africano.

Deputado sugere aproveitamento econômico da espécie

A carne do caramujo Acatina Fulica é altamente rica em proteína e sua concha, em carbonato de cálcio. O deputado Sávio Souza Cruz questionou o porquê de não se utilizar o animal para fabricação de rações, por exemplo, estimulado seu aproveitamento econômico. Os pesquisadores presentes refutaram a idéia, dizendo que o assunto já foi muito discutido em fóruns e congressos, mas até hoje não se chegou a nenhuma proposta viável de aproveitamento. "Acho que vale ao menos uma tentativa. Não há produção de nenhuma fonte de proteína que não traga impacto ambiental", defendeu o deputado.

Langia Coli lembrou que animais exóticos não podem ser levados para outros ambientes, como tem sido feito, sem controle e estudo ambiental sério. "A Acatina acabou com a biodiversidade de algumas ilhas do pacífico. E mesmo assim, depois disso, ainda foi levada para outros países para ser aproveitada economicamente. Mas nunca deu certo", alertou. Segundo ela, apenas na África, habitat natural da espécie, ela ainda convive de forma pacífica com o ambiente, porque os caramujos são amplamente usados como alimento para a população, que não tem outras fontes de proteína, e também predados por algumas aves locais. Ainda assim, segundo ela, algumas tribos que vivem da agricultura são obrigadas a migrar, de tempos em tempos, por causa do caramujo. "No Brasil, não se consome esse tipo de animal, nem mesmo o escargot, que tem carne mais macia", disse a bióloga.

Marcelo Henrique Marques, da Secretaria de Estado da Saúde, lembrou que na maioria dos países, como Austrália e Estados Unidos, a criação e comercialização deste animal é proibida, por causa do risco que representa para a agricultura. Os caramujos africanos comem de tudo: a maioria dos vegetais, plantas ornamentais, restos de papelão e até isopor.


Fonte: Assembléia Legislativa de MG

23 novembro 2008

A SUIÇA ESTÁ CONSTRUINDO O MAIOR TÚNEL FERROVIÁRIO DO MUNDO



QUANDO O HOMEM BRINCA DE SER DEUS, ELE NÃO SE IMPORTA EM DESTRUIR O SEU ECOSSISTEMA, EM DESESTABILIZAR O PLANETA - movimentando milhões de toneladas de terra, construindo imensos túneis, ele pensa estar progredindo - na verdade está violentando a estrutura geofísica do planeta, provocando com isto efeitos danosos e irreversíveis ao meio ambiente.
O mais longo túnel ferroviário do mundo está sendo construído no maciço do Gotthard, nos Alpes suíços. Ele poderá ter até uma estação de trem dentro da montanha. Nela os turistas de todo o mundo poderão desembarcar e subir vertiginosos 800 metros num elevador expresso construído na pedra até chegar às estações de esqui de Sedrun.



A viagem ao centro da terra começa em Sedrun, vilarejo da comuna de Tujetsch, no cantão dos Grisões, ao leste da Suíça. Essa região lembra um cartão postal dos Alpes com seus chalés de madeira, hotéis centenários, pastos verdejantes, vacas malhadas, lagos de água cristalina e majestosas montanhas.

Dois mil habitantes vivem nesse pedaço de paraíso. Movimento só existe no inverno, quando turistas aparecem e enchem estações de esqui de Sedrun e outros povoados das redondezas.

Em Sedrun, o único lugar que destoa dessa harmonia é o terreno ocupado pela firma AlpTransit Gotthard AG. Várias vezes por dia centenas de operários com uniformes e os rostos sujos de terra desembarcam e embarcam num pequeno e barulhento trem que sai do fundo da terra. Eles trabalham no canteiro de obras do mais longo túnel ferroviário do mundo.

No final do turno, eles costumam ser cumprimentados pelos colegas que aguardam a vez para descer. "Todos são mineiros, sejam operários, geólogos ou engenheiros. Embaixo da terra somos todos iguais", declara Yves Bonanomi.

Descida


Depois de vinte minutos, o trem chega ao elevador. O que se vê lembra mais um filme de ficção científica: uma gigantesca estrutura de metal que parece sair do fundo da terra e continuar seu caminho para o alto. Ao lado uma cabine de controle e também trilhos. Neles trafegam, de um lado, contâineres cheios de pedras e, do outro, os vazios. Quando o elevador chega, os dois contâineres cheios, empilhados um no outro, são descarregados. Automaticamente os dois vazios são colocados no seu lugar. Quando não transportam pedras, o elevador serve para levar os operários do fundo da montanha até a superfície.

É proibido ficar muito próximo da porta do elevador. Pedras podem cair. Por todos os lados do túnel estão pregados cartazes de advertência: "Stop risk" (Pare com os riscos).

Graças a um moderno sistema computadorizado, motores potentes e grossos cabos de aço, o elevador é capaz de carregar até 51 toneladas de carga. A velocidade varia de acordo com a situação: carregando pessoas ele chega até 80 km/h; no caso de pedras, a velocidade pode dobrar. "É melhor fechar os olhos quando o elevador começar a andar, pois o vento é bastante forte", alerta um dos mineiros. O trajeto não leva mais do que dois minutos para ser concluído. Apenas os ouvidos sentem a pressão do ar.

Quando o elevador chega no seu ponto final e as pesadas portas de ferro se abrem, o cenário que se descobre é dantesco: o ar é pesado e quente; um barulho ensurdecedor parece ecoar por todas as paredes do gigantesco túnel; refletores fixados nas paredes iluminam o vaivém incessante dos mini-trens, tratores, máquinas pesadas, contêineres cheios de pedra e operários.


Calor na profundidade


Não é fácil caminhar nesse ambiente abafado. Das paredes dos túneis, a água escorre de inúmeros pontos como se alguém tivesse esquecido de fechar a torneira no andar de cima. Ela se mistura com a terra e transforma o solo num grande lamaçal por onde todos caminham.

Além do túnel principal, existem outras galerias já escavadas na pedra. Elas servirão como túneis de desvio ou até de escape em casos de incêndio. Por todos os lados há movimento: colunas de mineiros se cruzam, tratores e trens de carga circulam em várias direções, como num gigantesco cupinzeiro.

Quanto mais profundo se desce dentro da montanha, maior é a temperatura ambiente. O túnel básico do Gotthard chega a ter profundidades de até dois mil metros. Em condições normais, os operários e engenheiros não agüentariam o trabalho nas escavações: os termômetros poderiam bater a marca dos 45 C˚. O problema é resolvido através de gigantescos exaustores e um sistema de refrigeração, aonde água fria corre por quilômetros de canalizações transportando o calor para fora da montanha. Graças a esse sistema, as temperaturas caem para 28 C˚.

De um ponto do túnel surge repentinamente uma torneira: dela a água sai quente, quase à cinqüenta graus, porém exalando um cheiro extremamente desagradável. "A água que sai da montanha não serve para o consumo humano, pois está cheia de enxofre", alerta Yves os mais sedentos.

Um outro trem leva os visitantes para uma das extremidades do túnel. Nelas trabalham o grupo de mineiros que faz avançar o túnel na pedra. O trabalho é duro e sujo. Brocas especiais, máquinas gigantescas semelhantes a robôs e apelidadas de "Jumbo" perfuram a pedra. Não muito distante do local estão os tratores que colocam as pedras nos contâineres. Pela versatilidade eles também têm apelidos: "são os 'touros', pois são nervosos, fortes e agitados como os animais", brinca Yves.

Diariamente operários especializados fazem explodir as extremidades dos túneis. Dessa forma são ganhos vários metros diariamente. Nos momentos da explosão, todos são obrigados a se refugiar em contâineres especiais localizados nas proximidades. Eles são iluminados com luz verde e dispõem de ar puro bombeado do exterior, além de garrafas de oxigênio. No caso de uma emergência, eles também podem abrigar os mineiros por várias horas, até a chegada de socorro.


Obra faraônica


O túnel básico do Gotthard terá 57 quilômetros. Nesse e em outros três canteiros de obras os Alpes são perfurados pelas brocas desde 1993. No total, 13 milhões de metros cúbicos de pedras – cinco vezes a quantidade de material para construir a pirâmide de Quéops – serão retirados do fundo das montanhas. Em dez anos, trens de alta velocidade irão atravessar o túnel em inacreditáveis velocidades de até 250 quilômetros por hora.

Dois mil operários trabalham na construção dos túneis. Eles vêm de quinze países diferentes, em grande parte Suíça, Alemanha, Áustria, Itália, Portugal e de outros mais distantes como Romênia, Albânia, Croácia e Sérvia. As duras condições de trabalho unem até nas diferenças culturais. "Lembro que até Croatas e Sérvios trabalhavam juntos no momento em que seus países estavam em guerra", se recorda Yves Bonanomi.

Além do túnel básico do Gotthard, os outros trechos como o túnel básico de Zimmerberg e o de Ceneri completam o percurso: 153,5 quilômetros. Dois terços já estão perfurados.

Também 65.28% trecho do túnel básico do Gotthard, onde trabalham seiscentas pessoas em três turnos de oito horas, 24 horas por dia, já foram escavados. Apesar do avanço, as dificuldades são grandes. Em Sedrun a rocha é tão instável que a empresa não pode utilizar as gigantescas brocas mecânicas que aplica nos outros setores. Por isso os mineiros só avançam pouco: até seis metros por dia na pedra, através dsd explosões controladas.

A cada trinta ou quarenta centímetros de avanço, os operários precisam perfurar a pedra e introduzir vergalhões de aço. Eles ajudam a fixar as pedras. Depois o túnel é reforçado com telas de metal e uma espessa camada de concreto. As paredes recebem refletores para que os engenheiros possam observar se ouve algum deslocamento da rocha. "O trabalho é muito perigoso, a qualquer minuto pode ocorrer um desabamento. Por isso é tudo feito com muito cuidado", explica o Yves.

Um dos visitantes pega um pedaço de rocha e guarda no bolso do macacão como lembrança. Para o geólogo suíço, ela não é apenas uma pedra. "Esse pedaço na sua mão tem 500 milhões de anos e já viveu três diferentes formações de montanha no passado. Poucos sabem, mas os Alpes já foram o solo de um gigantesco oceano no passado, tendo sido pressionados para cima com a movimentação das placas tectônicas".


Custo: 5,5 bilhões de euros


No total, o grande túnel do Gotthard irá custar 5,5 bilhões de euros, um bilhão a mais do que havia sido planejado. Graças a obra, a viagem entre Zurique e Milão poderá ser encurtada em uma hora, passando para 2 horas e 40 minutos.

A inclinação reduzida do percurso norte-sul também vai permitir que os trens de carga possam atingir velocidades de até 160 km/h – o dobro das velocidades da estrada. Além disso, a capacidade de carga passará de duas mil a quatro mil toneladas. Isso significa menos tráfego nos trilhos e também menos caminhões atravessando os Alpes, o que poderá talvez resolver o crônico problema de congestionamento no túnel rodoviário do Gotthard.

Pelas suas dimensões, o novo túnel ferroviário do Gotthard já é uma obra do século, porém também impressionante são as idéias que surgem com a construção.

A mais "fantasiosa" delas está a um passo de se tornar realidade: construir uma estação de trem dentro da montanha e que levará turistas de elevador até as estações de esqui em Sedrun. O projeto se chama "Porta Alpina". Uma grande parte dos recursos necessários a sua construção já foram aprovados pelo Parlamento.

Por enquanto é possível apenas se ter uma idéia de como pode funcionar essa estação de trem. O único elevador que está em funcionamento no canteiro de obras do túnel básico do Gotthard é o que transporta operários e as milhares de toneladas de pedras para a superfície, 800 metros acima. O do Porta Alpina está apenas marcado nas pedras, esperando pelo início da construção.

Se construído – faltam apenas que o governo federal e cantonal aprovem a subvenção de alguns milhões de francos – o Porta Alpina será mais luxuoso do que o elevador de carga. Ele teria dois andares e levaria no máximo 80 passageiros. Na estação subterrânea, as pessoas esperariam a chegada dos trens em setores fechados hermeticamente: a grande velocidade de alguns trens poderia jogar alguém nos trilhos devido à pressão do ar.

Se o sonho for concretizado, os turistas poderão sair de Zurique ou Milão e estar, em apenas uma hora, no ar puro das montanhas em Sedrun. E graças a conexão com outros trens, como o famoso "Glacierexpress", locais famosos de esqui como St. Moritz ou Zermatt ficarão tão próximos como um passeio na esquina.

Fonte: http://www.swissinfo.org/por/feature...=1161074603000