Somem 2 bi de litros de água por dia
Redes antigas e ‘gatos’ são os principais motivos do desperdício na Capital e Grande São Paulo
Uma quantidade de água tratada suficiente para abastecer outra São Paulo é desperdiçada diariamente na Capital e Grande São Paulo. Mais de 1,9 bilhão de litros simplesmente desaparecem antes mesmo de chegar à casa do consumidor. O volume é suficiente para abastecer 13 milhões de pessoas, mais do que a população da Cidade, que tem11 milhões de habitantes. O desperdício representa 28,5% dos 6,6 bilhões de litros de água que a Sabesp produz diariamente na região metropolitana de São Paulo. Um índice alto, principalmente se comparado com o de Tóquio, capital do Japão, onde é de 4,7%. As perdas ocorrem principalmente nos bairros de Sapopemba e Guaianases, na Zona Leste; Cidade Ademar e Campo Limpo, na Zona Sul; e Tucuruvi, na Zona Norte. A água tratada se perde ainda na rede de distribuição e, segundo a própria Sabesp, são dois os vilões do prejuízo: o tempo e o furto. O maior volume perdido se dá na rede de distribuição centenária de 45 mil quilômetros e nos ramais, responsáveis por levar a água aos domicílios. É o que os técnicos chamam de perda real.“Mais de 90% dos vazamentos estão nos ramais. Já os tubos da rede têm 100 anos e, por conta da ação do tempo, rompem e provocam vazamentos”, explica o assistente executivo da diretoria metropolitana da Sabesp, Nilton Seuaciuc.A outra razão é o “furto” de água, que inclui os ‘gatos’ feitos por moradores. São as chamadas perdas aparentes, quando o consumo ocorre sem ser medido, o que inclui também erros de medição e fraudes ao longo de toda a rede.Importação“Se pensarmos na situação hídrica, esse desperdício é significativo. São Paulo está em uma região de planalto, na cabeceira de rios, é uma região escassa em água. Com o que é perdido poderíamos encher mais de 1 milhão de caixas de água por dia”, avalia o educador ambiental e técnico da campanha de mananciais, César Pegoraro. Para suprir a demanda é necessário importar água, como no caso do sistema Cantareira, que pega água do Rio Piracicaba, que tem suas cabeceiras em Minas Gerais. Além da Cantareira, a água é retirada dos sistemas Guarapiranga-Billings, Rio Claro, Alto Tietê, Cotia e Ribeirão da Estiva. O assistente executivo da Sabesp reconhece que a gravidade do problema. “A situação é crítica. O crescimento demográfico estima a chegada de 300 mil pessoas por ano na Cidade. Diminuir a perda é a forma mais barata de arrumar água para esse povo”, afirma Seuaciuc. Para minimizar o desperdício, a Sabesp lançou em março de 2007 o Programa de Redução de Perdas cujo objetivo é baixar para 15% até o ano 2010. Outra medida é o conserto dos ramais e da rede de distribuição, que chega, respectivamente, a 100 mil e 30 mil reparos por ano. “Substituir a rede por uma nova sai caro. Um metro de tubulação custa até R$ 400.” A troca, porém, acontece lentamente. Dos 53 mil quilômetros de rede de distribuição, 0,5% é substituído por ano. Para reduzir a quantidade de água tratada jogada fora, a Sabesp informou que também vai a campo pesquisar vazamentos subterrâneos. Para isso há uma técnica que utiliza um equipamento chamado geofone eletrônico “O vazamento tem uma faixa de freqüência peculiar. O material capta e amplifica o som da água para que o técnico identifique o local do problema. O índice de acerto é de 95%”, conta Seuacic. O desperdício de água também se estende aos moradores. “A população tem sua parcela de culpa na medida em que usa a água tratada para fins não nobres, como lavar a calçada, o carro, ficar muito tempo embaixo do banho”, analisa o educador ambiental Pegoraro. Alto consumo: Ele diz que os pequenos vazamentos domésticos resultam em grandes perdas. Para exemplificar, cita uma torneira pingando uma gota a cada 5 segundos. “Com isso são jogados fora 20 l itros por dia.” O consumo de água pela população também é alto. Segundo a ONU, a quantidade ideal para suprir as necessidades humanas é de 150 litros/habitante/dia. Em São Paulo, o índice é quase o dobro do indicado pela organização. “Em Higienópolis ou Vila Nova Conceição, Zona Sul, o consumo por habitante é de 200 litros por dia enquanto bairros periféricos são consumidos 100 litros/dia”, revela Seuacic. NÚMEROS - 13 MILHÕES de pessoas poderiam ser abastecidas com o volume de água desperdiçada diariamente na Grande São Paulo; 100 ANOS têm os tubos da rede de distribuição de água. Por conta da ação do tempo, eles se rompem e causam vazamentos300 MIL novos moradores chegam à Capital todos os anos. Em alguns bairros, há um consumo de até 200 litros por dia. CAMINHO: Logo após o tratamento, a água é armazena em reservatórios de distribuição e depois em reservatórios de bairros, espalhados em regiões estratégicas das cidades Dos reservatórios, a água vai para as tubulações maiores (adutoras) e depois para as redes de distribuição até chegar aos domicílios, onde é armazenada em caixas d’ água. A Sabesp é responsável pela entrega de água até a entrada da casa, onde estão o cavalete e o hidrômetro (o relógio que registra o consumo de água) O dono da casa deve cuidar das instalações internas e da limpeza e conservação do reservatórioPara conservar a água, a Sabesp recomenda que a caixa d'água seja limpa a cada 6 meses e sempre esteja devidamente tapada, para evitar sujeira e contaminação por insetos ou animaisA Sabesp também executa manutenções preventivas nas instalações para evitar problemas emergenciais - por exemplo, troca de equipamentos, limpeza e desinfecção de reservatórios e conserto de vazamentos. Há 53 mil quilômetros de tubulações da Sabesp para distribuição de água. Em alguns trechos podem ocorrer perdas de água, seja por vazamentos ou fraudes. Se o consumidor suspeitar de vazamentos, deve ligar para 156 http://txt3.jt.com.br/editorias/2008/05/04/ger-1.94.4.20080504.38.1.xml -
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