A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto é formada pelo conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, sendo o resultado de um longo programa nuclear brasileiro que remonta à década de 1950 com a criação do CNPq liderado na época principalmente pela figura do Almirante Álvaro Alberto.
Angra 3 é a terceira das usinas nuclerares que deu origem ao Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto e que esta em fase de instalação. Ela terá reator idêntico ao de Angra 2, de Água Leve Pressurizada (Pressurized Water Reactor), potência de 1.350 MW, e projeto da Siemens/KWU. Após ter tido sua construção paralizada nos anos 80, foi anunciada a retomada de seu desenvolvimento a partir de Setembro de 2008, segundo o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
TENDÊNCIAS/DEBATES - O governo brasileiro deve retomar as obras da usina nuclear de Angra 3?
TENDÊNCIAS/DEBATES - O governo brasileiro deve retomar as obras da usina nuclear de Angra 3?
NÃO
Por um programa nuclear brasileiro
JOAQUIM FRANCISCO DE CARVALHO - O PRINCIPAL ARGUMENTO dos defensores de Angra 3 é o de que "já foram gastos US$ 750 milhões na obra, quantia que será desperdiçada, caso se rejeite a conclusão do projeto". Esse argumento é superficial, pois, se Angra 3 entrar em operação, o prejuízo aumentará na medida da diferença entre seus custos de geração e os das hidrelétricas. Cálculos feitos por técnicos do ONS (Operador Nacional do Sistema) indicam que o custo marginal médio para a expansão do sistema hidrelétrico é de aproximadamente R$ 80/MWh, enquanto o custo de geração de Angra 3 está em torno de R$ 144/MWh. Assim, em cada ano de operação, Angra 3 oneraria o sistema com um acréscimo de custos da ordem de R$ 470 milhões, em relação ao que seria gasto na construção de novas hidrelétricas, com uma potência equivalente. E nem falemos que o investimento na construção de uma obra desse porte sempre excede o valor orçado, o qual, para Angra 3 é de US$ 1,8 bilhão. O Brasil não precisa macaquear o exemplo da França, onde quase 80% da eletricidade vêm de usinas nucleares, que, aliás, estão chegando ao fim de suas vidas úteis. Para isso, desenvolveu-se naquele país um modelo de reator que, além de ser intrinsecamente seguro, é mais econômico. Ainda assim, é claro que, se pudessem, os franceses, que sempre se destacaram pela inteligência, prefeririam instalar usinas hidrelétricas, que são ainda mais seguras e econômicas. Mas isso é impossível, porque eles já aproveitaram todo o seu potencial hidrelétrico, enquanto nós aproveitamos apenas 30% do nosso. Os interessados em Angra 3 afirmam que "a decisão de concluir a obra é fundamental para treinar pessoal e dar continuidade ao programa nuclear brasileiro". Ocorre que usinas nucleares são construídas para gerar eletricidade e, para isso, basta que sejam operadas por profissionais qualificados, como os que operam Angra 1 e Angra 2, não cabendo a eles a atribuição de projetar novas usinas. Diga-se de passagem que esses profissionais são permanentemente renovados, com os novos que chegam e são treinados pelos "sêniors". Construir Angra 3 equivaleria a comprar um moderno Boeing, que pode ser muito bem pilotado por pilotos formados no Brasil. Mas esses pilotos não têm preparo para projetar e construir aviões. De fato, as companhias aéreas brasileiras sempre compraram e operaram aviões modernos, mas a indústria aeronáutica brasileira só nasceu com a criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que estimulou a criação da Embraer. Analogamente, a capacitação brasileira para fazer o projeto básico, desenvolver os materiais, desenhar e construir uma usina nuclear, só virá quando o governo, em vez de comprar projetos no exterior, como o de Angra 3, entregar aos nossos centros de excelência a responsabilidade de desenvolver e construir um protótipo e adaptá-lo para escala industrial. Os centros de que falo são, especialmente, o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares de São Paulo) e o CTM-SP (Centro Tecnológico da Marinha) em Aramar, nos quais desenvolveu-se a tecnologia brasileira de enriquecimento de urânio. Por fim, alegam os defensores de Angra 3 que "o término da obra permitirá que o país complete a fábrica de enriquecimento de urânio, em Rezende, e alcance a auto-suficiência na produção do combustível nuclear". Nada impede que a fábrica seja completada e que o governo compre parte de sua produção, para acumular estoque estratégico de urânio enriquecido a 3%, que é impróprio para construir bombas, porém importantíssimo para ser usado mais tarde, nas usinas desenvolvidas em um legítimo programa nuclear brasileiro.
JOAQUIM FRANCISCO DE CARVALHO - O PRINCIPAL ARGUMENTO dos defensores de Angra 3 é o de que "já foram gastos US$ 750 milhões na obra, quantia que será desperdiçada, caso se rejeite a conclusão do projeto". Esse argumento é superficial, pois, se Angra 3 entrar em operação, o prejuízo aumentará na medida da diferença entre seus custos de geração e os das hidrelétricas. Cálculos feitos por técnicos do ONS (Operador Nacional do Sistema) indicam que o custo marginal médio para a expansão do sistema hidrelétrico é de aproximadamente R$ 80/MWh, enquanto o custo de geração de Angra 3 está em torno de R$ 144/MWh. Assim, em cada ano de operação, Angra 3 oneraria o sistema com um acréscimo de custos da ordem de R$ 470 milhões, em relação ao que seria gasto na construção de novas hidrelétricas, com uma potência equivalente. E nem falemos que o investimento na construção de uma obra desse porte sempre excede o valor orçado, o qual, para Angra 3 é de US$ 1,8 bilhão. O Brasil não precisa macaquear o exemplo da França, onde quase 80% da eletricidade vêm de usinas nucleares, que, aliás, estão chegando ao fim de suas vidas úteis. Para isso, desenvolveu-se naquele país um modelo de reator que, além de ser intrinsecamente seguro, é mais econômico. Ainda assim, é claro que, se pudessem, os franceses, que sempre se destacaram pela inteligência, prefeririam instalar usinas hidrelétricas, que são ainda mais seguras e econômicas. Mas isso é impossível, porque eles já aproveitaram todo o seu potencial hidrelétrico, enquanto nós aproveitamos apenas 30% do nosso. Os interessados em Angra 3 afirmam que "a decisão de concluir a obra é fundamental para treinar pessoal e dar continuidade ao programa nuclear brasileiro". Ocorre que usinas nucleares são construídas para gerar eletricidade e, para isso, basta que sejam operadas por profissionais qualificados, como os que operam Angra 1 e Angra 2, não cabendo a eles a atribuição de projetar novas usinas. Diga-se de passagem que esses profissionais são permanentemente renovados, com os novos que chegam e são treinados pelos "sêniors". Construir Angra 3 equivaleria a comprar um moderno Boeing, que pode ser muito bem pilotado por pilotos formados no Brasil. Mas esses pilotos não têm preparo para projetar e construir aviões. De fato, as companhias aéreas brasileiras sempre compraram e operaram aviões modernos, mas a indústria aeronáutica brasileira só nasceu com a criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que estimulou a criação da Embraer. Analogamente, a capacitação brasileira para fazer o projeto básico, desenvolver os materiais, desenhar e construir uma usina nuclear, só virá quando o governo, em vez de comprar projetos no exterior, como o de Angra 3, entregar aos nossos centros de excelência a responsabilidade de desenvolver e construir um protótipo e adaptá-lo para escala industrial. Os centros de que falo são, especialmente, o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares de São Paulo) e o CTM-SP (Centro Tecnológico da Marinha) em Aramar, nos quais desenvolveu-se a tecnologia brasileira de enriquecimento de urânio. Por fim, alegam os defensores de Angra 3 que "o término da obra permitirá que o país complete a fábrica de enriquecimento de urânio, em Rezende, e alcance a auto-suficiência na produção do combustível nuclear". Nada impede que a fábrica seja completada e que o governo compre parte de sua produção, para acumular estoque estratégico de urânio enriquecido a 3%, que é impróprio para construir bombas, porém importantíssimo para ser usado mais tarde, nas usinas desenvolvidas em um legítimo programa nuclear brasileiro.
JOAQUIM F. DE CARVALHO, 70, mestre em engenharia nuclear, foi diretor da Nuclen (atual Eletronuclear).
Fonte: Wikipedia
OS RISCOS PARA O PLANETA NÃO JUSTIFICAM A PRODUÇÃO DE ENERGIA NUCLEAR- temos alternativas limpas e sem riscos.
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