LUCAS FERRAZ - Folha de S.Paulo, em Brasília
Um jovem de 18 anos foi multado em R$ 2.000 pelo Ibama, por espancar um cão. O animal teve a perna direita e a bacia quebradas. Foram os vizinhos, indignados com a atitude de Patrick Moitroux, que fizeram a denúncia.
Segundo Antônio Paulo de Paiva, coordenador da divisão de fiscalização de fauna do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e que investigou o caso, a denúncia foi feita na última quinta-feira (5), mas só no dia seguinte a equipe conseguiu localizar Bob, que fora levado ao veterinário pela namorada do jovem.
O rapaz tentou se explicar, disse o funcionário do instituto, que não se convenceu e o indiciou por maus-tratos baseado no artigo 32 da lei de crimes ambientais.
"A lei não se aplica somente a crimes contra animais silvestres mas também contra os domésticos", diz Paiva.
Segundo ele, há várias denúncias sobre agressões a cachorros, mas as demandas não são atendidas por "deficiências do Ibama".
A pena para esse tipo de crime, classificada por ele como "branda demais", é de um ano de detenção.
"Ele [o jovem] vai acabar prestando serviço à comunidade ou pagando cesta básica e fica por isso mesmo."
O Ibama vai encaminhar relatório sobre o caso ao Ministério Público Federal, que ficará encarregado de tocar a ação. O instituto, contudo, continua nesta semana a investigar outra caso de espancamento a um cão em Brasília que causou revolta: o animal, quando chegou ao veterinário, totalmente desfigurado, segundo relato, precisou ser submetido a eutanásia.
No caso de Bob, após a agressão, várias famílias se apresentaram para recebê-lo. A adoção se confirmou ontem (9), depois de análise do Ibama.
"Vi a história na TV e fiquei mobilizada", disse a nova dona de Bob, a engenheira florestal Valquíria Gonçalves, 38, casada, mãe de duas filhas.
"Vamos dar todo o carinho que ele não teve até então." Bob passou por uma cirurgia e está bem, conta Valquíria. A previsão é que ele esteja recuperado em 60 dias.
A Folha não conseguiu localizar Patrick no telefone do apartamento onde morava. Segundo o funcionário do Ibama que apurou o caso, o jovem se mudou do local, temendo represálias dos vizinhos.
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