01 fevereiro 2014

ATÉ ONDE IREMOS COM AS EXPLORAÇÕES DO GÁS DE XISTO?

Estudo reforça ligação entre exploração de gás de xisto e terremotos

Novo trabalho aponta que 109 tremores aconteceram numa cidade no estado norte-americano de Ohio após o início da atividade; não havia registos de abalos sísmicos anteriores na área. Artigo de Fabiano Ávila do Instituto CarbonoBrasil.
Exploração do gás de xisto em Youngstown, Ohio / Dimiter Kenarov / Pulitzer Center
           O gás de xisto, um combustível fóssil alternativo, está a ser saudado como uma das razões para a saída dos Estados Unidos da sua crise económica, e outros países, incluindo o Brasil, estão a preparar-se para também explorar essa fonte de energia.
 
           No entanto, os investigadores ainda têm dúvidas sobre a segurança dessa atividade para os ecossistemas e para a saúde humana. Tanto é assim, que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) enviaram neste mês uma carta à presidente Dilma Rousseff, manifestando a sua preocupação com o anúncio da Agência Nacional do Petróleo (ANP) da decisão de incluir o gás de xisto na próxima licitação, em novembro.
 
          Reforçando essa preocupação, um novo estudo afirma que pelo menos 109 terremotos foram registados na cidade de Youngstown, no estado norte-americano de Ohio, num período de apenas 14 meses. Os fenómenos teriam começado somente 13 dias após o início da exploração do gás de xisto na região.
           O mais forte dos terremotos, que registou 3,9 na escala Richter, aconteceu no dia 31 de dezembro de 2011, e levou o Departamento de Recursos Naturais de Ohio a obrigar o encerramento das atividades de “fracking” na área.
          “Fracking”, ou “fratura hidráulica”, é como é chamada a tecnologia para extrair o gás de xisto. Ela consiste na injeção de água, areia e substâncias químicas sob altíssima pressão nas camadas geológicas, forçando o gás para a superfície.
 
           Um dos perigos claros desse processo é a contaminação de lençóis freáticos e do solo por esses produtos químicos. A questão dos terremotos está ainda a ser avaliada, mas cada vez mais especialistas parecem concordar que existe uma relação clara entre o “fracking” e os tremores de terra.
           O novo trabalho que levantou o número de terremotos em Youngstown é de autoria do geólogo Won-Young Kim, investigador do Observatório da Terra Lamont-Doherty da Universidade de Colúmbia, e foi publicado no periódico Journal of Geophysical Research: Solid Earth.
De acordo com Kim, não havia registos de terremotos em Youngtown antes do início da exploração do gás de xisto. Além disso, o investigador aponta que quando ocorria um aumento na injeção de fluídos no solo pelo ‘fracking’, cinco dias depois aconteciam tremores. Também foi possível mostrar que em feriados a atividade sísmica diminuía.
 
           Esse é apenas o mais recente dos estudos sobre o assunto. Em julho, um trabalho de William Ellsworth, sismólogo da Investigação Geológica dos Estados Unidos, afirmou que o aumento da atividade em poços de gás natural altera o stresse em áreas suscetíveis a terremotos ao elevar a pressão dos fluidos sobre as rochas subterrâneas, lubrificando as falhas preexistentes e tornando-as mais suscetíveis a rompimentos e deslocamentos.
 
            Já a investigação de Nicholas van der Elst, também do Observatório da Terra Lamont-Doherty da Universidade de Colúmbia, indica que pelo menos metade dos terremotos de magnitude 4,5 ou maiores que atingiram o interior dos EUA na última década ocorreram perto de locais de poços de injeção de águas residuais.
 
           No Brasil, a carta da SBPC e da ABC solicita o adiamento da licitação de áreas para exploração de gás de xisto por um período suficiente para aprofundar os estudos sobre o real risco do “fracking”.
 
           Em entrevista ao Instituto CarbonoBrasil em junho, o investigador Luiz Fernando Scheibe, coordenador da Rede Guarani/Serra Geral, destacou principalmente os riscos para os aquíferos, incluindo o tesouro nacional que é o Guarani.
“Os milhões de litros de água resultam poluídos em cada poço, por hidrocarbonetos e por outros compostos e metais presentes na rocha, nos explosivos e nos próprios aditivos químicos requeridos pela complexa atividade de mineração do gás, exigindo dispendiosas técnicas de purificação e de descarte dos resíduos finais, que podem vir a poluir tanto a água de superfície como os próprios aquíferos”, disse Scheibe.
 
Citações:
 
Artigo de Fabiano Ávila, publicado no site do Instituto CarbonoBrasil
 
Observações do Blog:
 
      A meu ver o preço é muito alto, talvez nem viveremos para usufruir o gás proveniente da fratura hidráulica...com lençóis freáticos poluídos por elementos químicos diversos, com as movimentações da terra, ocasionando terremotos e suas terríveis consequências...então podemos refletir: ESTAMOS REALMENTE PROGREDINDO OU NA VERDADE, O QUE NOS DEPARAMOS É UMA INSANIDADE REGRESSIVA, SEM MEDIRMOS AS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS.
 
Helena Rezende
 
 
 
 

 

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