18/03/2008 - Energia oceânica é a próxima onda verde da Europa
A irlandesa OpenHydro e a alemã RWE estão investindo milhões nas iniciativas para transformar a energia das ondas em eletricidadeMark Scott
Neste momento em que o preço do petróleo atinge valores recordes quase que diariamente e o aquecimento global assume uma importância cada vez maior na agenda pública, a necessidade de fontes de energia alternativa nunca foi tão urgente. Mas embora as energias eólica e solar tenham dominado a recente corrida para o investimento em fontes energéticas renováveis, os analistas do setor percebem que este pode ser o momento de a energia oceânica brilhar.A energia oceânica - o uso da energia das ondas e das marés para a produção de eletricidade - está amadurecendo rapidamente como um recurso verde viável que poderia contribuir para que fossem alcançadas as metas para a redução dos gases causadores do efeito estufa e da dependência dos combustíveis fósseis.Companhias de energia da Europa e da América do Norte, tais como a Emera, do Canadá, e a RWE, da Alemanha, estão investindo milhões no financiamento de projetos eólicos e de marés. Esse investimento tem conduzido à criação de novas tecnologias mais eficientes, e dezenas de protótipos deverão estar prontos para o lançamento comercial nos próximos cinco anos. "Há um interesse enorme pelas tecnologias de geração de energia das ondas e das marés", afirma Thomas Boeckmann, analista de energias limpas da firma de pesquisas de mercados StrategyEye, em Londres. "Esse setor está recebendo muita atenção das empresas de energia, que poderão oferecer apoio financeiro e conhecimentos técnicos para essas tecnologias pioneiras".Os investidores estão interessadosNão é de se surpreender que as companhias de eletricidade estejam ansiosas para explorar a energia marinha. Segundo o Carbon Trust do Reino Unido, um grupo de assessoria e pesquisa financiado pelo governo britânico, os oceanos do planeta contam com uma capacidade de produção de 4.000 terawatts horas por ano de eletricidade - o que equivale a dez vezes à necessidade do Reino Unido. É claro que há um longo caminho a percorrer até que se atinja tal patamar. Os analistas acreditam que até 2020 a Europa contará com uma capacidade instalada de usinas para produção de energia elétrica a partir das ondas e das marés de 2.000 a 5.000 megawatts. Isso equivale a entre quatro e dez usinas termoelétricas movidas a carvão.O potencial de crescimento já está atraindo investimentos. A OpenHydro, com sede em Dublin, por exemplo, recebeu um total de mais de US$ 80 milhões de empresas de energia e investidores desde 2005 para desenvolver um novo tipo de turbina instalada no fundo do mar e que gira para produzir eletricidade à medida que a maré sobe ou desce. Entre os investidores está a Emera, do Canadá, que é detentora de 7% das ações da companhia. Parcerias com companhias de eletricidade podem ajudarA OpenHydro já conta com um protótipo de 250 quilowatts nas águas ao largo da costa da Escócia, e pretende instalar uma usina de um megawatt no Canadá em 2009. O presidente-executivo da companhia, James Ives, diz que o maior obstáculo para a energia marinha é persuadir os investidores de que ela é capaz de produzir eletricidade de forma consistente. "É preciso mostrar que essa tecnologia é confiável até mesmo nas piores condições", explica Ives.Os analistas acreditam que as parcerias com companhias de eletricidade podem ajudar as empresas que exploram a energia marinha a superar esses problemas. Um dos motivos para isso é o fato de as firmas tradicionais de eletricidade contarem com grande experiência na construção de cabos e gasodutos subaquáticos. Parceiros ricos também poderiam ajudar a reduzir as lacunas entre pesquisa, desenvolvimento e comercialização das tecnologias marinhas. "A cooperação com as empresas de eletricidade é importante porque ela proporciona uma injeção de verbas que demonstra que as companhias de energia estão levando o setor a sério", afirma Stephan Wyatt, gerente de aceleração de tecnologias do Carbon Trust. Esta é sem dúvida a esperança da Wavegen, do Reino Unido. Em 2000, esta subsidiária da alemã Voith Siemens Hydro instalou a primeira usina de geração de energia a partir da força das ondas do mar que foi conectada à rede de energia elétrica. O protótipo incomum utiliza o vento - as fortes brisas geradas pelas ondas - para movimentar geradores localizados em uma estrutura marítima. A Wavegen trabalha agora em conjunto com o Departamento Basco de Energia para construir uma usina de testes maior na costa norte da Espanha. Além disso, uma outra, totalmente comercial, deverá estar em funcionamento na Escócia em 2010.A energia das ondas é amiga do meio ambienteÉ claro que as experiências com a energia marinha são feitas há décadas. Uma das primeiras usinas do mundo a explorar a energia das marés, situada em La Rance, na Bretanha, está em operação desde 1966. Construída na foz de um estuário no qual as marés são poderosas, a usina de 240 megawatts produz eletricidade quando a água deslocada pelas marés passam pelas turbinas instaladas na barreira. As tecnologias experimentais de hoje tendem a ser mais ecologicamente sensíveis do que as do passado. A Pelamis Wave Power, da Escócia - que antigamente chamava-se Ocean Power Delivery - criou uma "fazenda de ondas" amiga do meio ambiente na costa de Portugal em parceria com a empresa de eletricidade latino-americana Enersis (ENI). A instalação já produz 2,25 megawatts de eletricidade.Agora a Pelamis e a Enersis, uma unidade da empresa espanhola de eletricidade Endesa, pretendem expandir a usina para que ela produza 20 megawatts. Max Carcas, o diretor de desenvolvimento de negócios da companhia, também visa a América do Norte para a expansão das suas operações, e acredita que até 2012 a energia das ondas será responsável por uma indústria de US$ 10 bilhões anuais. A maré está mudandoÉ bem verdade que existem muitos riscos para as firmas de energia marinha. Altos custos iniciais, competição de outras fontes renováveis e o temor dos investidores quanto à forma como essas tecnologias funcionarão na prática são fatores que podem prejudicar a inserção da energia oceânica na lista dos meios bem aceitos para a geração de energia elétrica. Além do mais, é necessário um apoio governamental generoso e consistente para possibilitar que esta indústria incipiente decole. Atualmente energia elétrica derivada da energia marinha custa pelo menos dez vezes mais do que a eletricidade produzida por meio das fontes tradicionais. Países como Reino Unido e Espanha oferecem subsídios à energia marinha, mas o temor de que tal apoio possa ser reduzido confundiu ainda mais os investidores que desejam financiar esses projetos.Apesar dessa incerteza, os investidores e as empresas de eletricidade não deixaram de inundar o setor com verbas, em busca de tecnologias pioneiras. De fato, Boeckmann, da StrategyEye, prevê que, graças aos crescentes investimentos, a energia oceânica poderá se constituir em 20% dos recursos totais renováveis da Europa até 2020, comparados aos 40% previstos para a energia eólica.Isso é uma boa notícia para companhias de todo o continente que esperam que os seus projetos possam ser a próxima grande onda no setor energético. Embora as energias eólica e solar tenham captado a maior parte dos investimentos nas fontes renováveis até o momento, a maré está mudando em favor da energia oceânica.
Fonte: Tradução: UOL
A irlandesa OpenHydro e a alemã RWE estão investindo milhões nas iniciativas para transformar a energia das ondas em eletricidadeMark Scott
Neste momento em que o preço do petróleo atinge valores recordes quase que diariamente e o aquecimento global assume uma importância cada vez maior na agenda pública, a necessidade de fontes de energia alternativa nunca foi tão urgente. Mas embora as energias eólica e solar tenham dominado a recente corrida para o investimento em fontes energéticas renováveis, os analistas do setor percebem que este pode ser o momento de a energia oceânica brilhar.A energia oceânica - o uso da energia das ondas e das marés para a produção de eletricidade - está amadurecendo rapidamente como um recurso verde viável que poderia contribuir para que fossem alcançadas as metas para a redução dos gases causadores do efeito estufa e da dependência dos combustíveis fósseis.Companhias de energia da Europa e da América do Norte, tais como a Emera, do Canadá, e a RWE, da Alemanha, estão investindo milhões no financiamento de projetos eólicos e de marés. Esse investimento tem conduzido à criação de novas tecnologias mais eficientes, e dezenas de protótipos deverão estar prontos para o lançamento comercial nos próximos cinco anos. "Há um interesse enorme pelas tecnologias de geração de energia das ondas e das marés", afirma Thomas Boeckmann, analista de energias limpas da firma de pesquisas de mercados StrategyEye, em Londres. "Esse setor está recebendo muita atenção das empresas de energia, que poderão oferecer apoio financeiro e conhecimentos técnicos para essas tecnologias pioneiras".Os investidores estão interessadosNão é de se surpreender que as companhias de eletricidade estejam ansiosas para explorar a energia marinha. Segundo o Carbon Trust do Reino Unido, um grupo de assessoria e pesquisa financiado pelo governo britânico, os oceanos do planeta contam com uma capacidade de produção de 4.000 terawatts horas por ano de eletricidade - o que equivale a dez vezes à necessidade do Reino Unido. É claro que há um longo caminho a percorrer até que se atinja tal patamar. Os analistas acreditam que até 2020 a Europa contará com uma capacidade instalada de usinas para produção de energia elétrica a partir das ondas e das marés de 2.000 a 5.000 megawatts. Isso equivale a entre quatro e dez usinas termoelétricas movidas a carvão.O potencial de crescimento já está atraindo investimentos. A OpenHydro, com sede em Dublin, por exemplo, recebeu um total de mais de US$ 80 milhões de empresas de energia e investidores desde 2005 para desenvolver um novo tipo de turbina instalada no fundo do mar e que gira para produzir eletricidade à medida que a maré sobe ou desce. Entre os investidores está a Emera, do Canadá, que é detentora de 7% das ações da companhia. Parcerias com companhias de eletricidade podem ajudarA OpenHydro já conta com um protótipo de 250 quilowatts nas águas ao largo da costa da Escócia, e pretende instalar uma usina de um megawatt no Canadá em 2009. O presidente-executivo da companhia, James Ives, diz que o maior obstáculo para a energia marinha é persuadir os investidores de que ela é capaz de produzir eletricidade de forma consistente. "É preciso mostrar que essa tecnologia é confiável até mesmo nas piores condições", explica Ives.Os analistas acreditam que as parcerias com companhias de eletricidade podem ajudar as empresas que exploram a energia marinha a superar esses problemas. Um dos motivos para isso é o fato de as firmas tradicionais de eletricidade contarem com grande experiência na construção de cabos e gasodutos subaquáticos. Parceiros ricos também poderiam ajudar a reduzir as lacunas entre pesquisa, desenvolvimento e comercialização das tecnologias marinhas. "A cooperação com as empresas de eletricidade é importante porque ela proporciona uma injeção de verbas que demonstra que as companhias de energia estão levando o setor a sério", afirma Stephan Wyatt, gerente de aceleração de tecnologias do Carbon Trust. Esta é sem dúvida a esperança da Wavegen, do Reino Unido. Em 2000, esta subsidiária da alemã Voith Siemens Hydro instalou a primeira usina de geração de energia a partir da força das ondas do mar que foi conectada à rede de energia elétrica. O protótipo incomum utiliza o vento - as fortes brisas geradas pelas ondas - para movimentar geradores localizados em uma estrutura marítima. A Wavegen trabalha agora em conjunto com o Departamento Basco de Energia para construir uma usina de testes maior na costa norte da Espanha. Além disso, uma outra, totalmente comercial, deverá estar em funcionamento na Escócia em 2010.A energia das ondas é amiga do meio ambienteÉ claro que as experiências com a energia marinha são feitas há décadas. Uma das primeiras usinas do mundo a explorar a energia das marés, situada em La Rance, na Bretanha, está em operação desde 1966. Construída na foz de um estuário no qual as marés são poderosas, a usina de 240 megawatts produz eletricidade quando a água deslocada pelas marés passam pelas turbinas instaladas na barreira. As tecnologias experimentais de hoje tendem a ser mais ecologicamente sensíveis do que as do passado. A Pelamis Wave Power, da Escócia - que antigamente chamava-se Ocean Power Delivery - criou uma "fazenda de ondas" amiga do meio ambiente na costa de Portugal em parceria com a empresa de eletricidade latino-americana Enersis (ENI). A instalação já produz 2,25 megawatts de eletricidade.Agora a Pelamis e a Enersis, uma unidade da empresa espanhola de eletricidade Endesa, pretendem expandir a usina para que ela produza 20 megawatts. Max Carcas, o diretor de desenvolvimento de negócios da companhia, também visa a América do Norte para a expansão das suas operações, e acredita que até 2012 a energia das ondas será responsável por uma indústria de US$ 10 bilhões anuais. A maré está mudandoÉ bem verdade que existem muitos riscos para as firmas de energia marinha. Altos custos iniciais, competição de outras fontes renováveis e o temor dos investidores quanto à forma como essas tecnologias funcionarão na prática são fatores que podem prejudicar a inserção da energia oceânica na lista dos meios bem aceitos para a geração de energia elétrica. Além do mais, é necessário um apoio governamental generoso e consistente para possibilitar que esta indústria incipiente decole. Atualmente energia elétrica derivada da energia marinha custa pelo menos dez vezes mais do que a eletricidade produzida por meio das fontes tradicionais. Países como Reino Unido e Espanha oferecem subsídios à energia marinha, mas o temor de que tal apoio possa ser reduzido confundiu ainda mais os investidores que desejam financiar esses projetos.Apesar dessa incerteza, os investidores e as empresas de eletricidade não deixaram de inundar o setor com verbas, em busca de tecnologias pioneiras. De fato, Boeckmann, da StrategyEye, prevê que, graças aos crescentes investimentos, a energia oceânica poderá se constituir em 20% dos recursos totais renováveis da Europa até 2020, comparados aos 40% previstos para a energia eólica.Isso é uma boa notícia para companhias de todo o continente que esperam que os seus projetos possam ser a próxima grande onda no setor energético. Embora as energias eólica e solar tenham captado a maior parte dos investimentos nas fontes renováveis até o momento, a maré está mudando em favor da energia oceânica.
Fonte: Tradução: UOL
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