No alto de uma montanha, com vista para o Oceano Pacífico, Steven Cliff reúne evidências de que uma revolução industrial está em andamento a milhares de quilômetros dali. As minúsculas partículas, transportadas pelo ar, que Cliff reúne numa estação de monitoramento ao norte de San Francisco flutuaram sobre o oceano a partir de usinas de eletricidade movidas a carvão, fundições, tempestades de areia e caminhões movidos a diesel baseados na China e em outras partes da Ásia. Pesquisadores dizem que as conseqüências ambientais do crescimento econômico desenfreado da China já se fazem sentir bem além das fronteiras do país. Há o temor de que, conforme a China consome cada vez mais combustíveis fósseis para alimentar a fome de energia de sua economia, os EUA passem a ver um crescimento cada vez maior da poluição que cruza o Oceano Pacífico, prejudicando a saúde humana, reduzindo a qualidade do ar e afetando os padrões climáticos. "Veremos uma intensificação da poluição particulada vinda da expansão da China por todo o futuro que podemos prever", disse Cliff, pesquisador da Universidade da Califórnia, Davis. Ele tem estações de monitoramento no alto de três montanhas que vêem pouca poluição de fontes locais, e a composição das partículas de poeira bate com a do deserto de Gobi. Cerca de um terço da poluição vinda da Ásia é poeira, que aumenta por conta do desflorestamento. O restante é enxofre, fuligem e traços de metais, partículas liberadas na queima de carvão, diesel e outros combustíveis fósseis. Quase toda a poluição do ar nas cidades dos EUA vem de fontes locais, mas isso poderá mudar se a população na China, Índia e outras nações em desenvolvimento adotarem o padrão de consumo americano, dizem cientistas.
Fonte: Estadão Online (2006)
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