Na última edição do Globo Rural, nós mostramos a experiência inédita que acontece no município de Extrema, sul de Minas, bem na divisa com São Paulo. Fizemos esta reportagem um pouco mais a leste na Serra da Mantiqueira, onde fica o município de Baependi. Lá há um modelo engenhoso para recompensar os proprietários rurais. Diante de uma paisagem de araucárias, logo se pensa nos estados do Sul. Mas o município de Baependi, no sul de Minas Gerais, fica praticamente na divisa com o Rio de Janeiro e São Paulo; e a árvore que mais chama atenção na Serra da Mantiqueira é justamente a araucária, o chamado “pinheiro brasileiro”. No horizonte em que a serra desenha o que o povo chama de “Mitra do Bispo”, as araucárias se esparramam pelos vales. Na beira do bosque, o galhinho da araucária topa com o da espécie que pode contribuir muito para a recuperação deste trecho da mata Atlântica, a candeia; é uma árvore guerreira que você vai conhecer melhor mais adiante.
Ver uma casinha num ermo vale, com um pastinho em volta, um chiqueiro e galinha no terreiro é comum em vários lugares do Brasil. Mas o que acontece dentro da cozinha desta casa, pouca gente já viu. Há pouco, chegou visita. José Francisco Fernandes e a família estão recebendo a veterinária Mônica Buono e o agricultor José Carlos Ibraim. Os dois vieram trazer dinheiro vivo para a família. Não é, como se diz, dinheiro dado de mão beijada; José Francisco e a esposa, Francisca, têm que assinar um contrato e assumir uma porção de compromissos. Numa casinha solitária, no alto da montanha, moram Mônica e José Carlos. É um lugar afastado, a 30 quilômetros da cidade, e sem energia elétrica. Porém, eles não estão isolados do mundo. “O telefone celular pega bem. Se não tivesse sinal, ia ser bem complicado”, diz ela.
É com placa solar que eles carregam todas as máquinas, inclusive o principal instrumento de trabalho de José Carlos: o GPS, aparelho que ele usa para medir e achar a localização terrestre exata, via satélite, das propriedades rurais da região.
Conforme a hora, a casa de Mônica e José Carlos é residência ou escritório. “Eu acho que é um privilégio ter um escritório com todas essas conexões e também um velho fogão de lenha”, brinca ele. Com o propósito de recuperar este cantinho da Mantiqueira, há dez anos Mônica fundou uma OSCIP – uma organização da sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Regulamentada pela Lei 9970, uma OSCIP é uma espécie de ONG (organização não-governamental), mas que é fiscalizadda pelo ministério da Justiça. A OSCIP pode fazer parcerias com o poder público e tem obrigação de prestar contas dos recursos aplicados A Oscip que Mônica administra tem o nome de “Amanhágua” e fez parceria com o IEF (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais). Foi o IEF que capacitou Mônica e José Carlos e deu todo o equipamento necessário ao trabalho, até os programas de computador, o próprio computador e uma camionete. O dinheiro que a Amanhágua repassa aos agricultores vem de um grande projeto de recuperação que tem o nome de “Pró-Mata”. É o projeto de proteção da Mata Atlântica, que começou a ser executado em 2003. Ele tem o suporte da Alemanha, que, em dez anos, vai enviar em euros o equivalente a R$ 25 milhões. A contrapartida de Minais Gerais é de R$ 24 milhões. Entre as metas do Pró-Mata, está a recuperação de 140 mil hectares.
Fonte: Globo Rural
Amigos, sempre tive paixão pelo Globo Rural, tanto na mídia escrita como na televisada, sem dúvida é uma grande revista rural e, o que é mais importante, da maior credibilidade e qualidade. Sempre prestam um grande trabalho para o homem do campo e também para o meio ambiente do mundo.
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