16 maio 2008

A POLUIÇÃO DO LIXO EM DANDORA - KENYA - ÁFRICA



18/10/2007 - Lixo na África aponta maior risco para crianças e meio ambiente

Relatório da UNEP relaciona a poluição do chumbo e outros metais pesados com a degradação da saúde de crianças que vivem próximas ao depósito de lixo de Dandora , em Nairobi, no Kênya. Um dos maiores depósitos de lixo da África, do depósito municipal Dandora, em Nairobi, é uma séria ameaça para as crianças que vivem nas suas proximidades e para o ambiente geral da cidade, segundo mostra um novo estudo sobre o assunto.O estudo, encomendado pelo UNEP - Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas ( United Nations Environment Programme), examinou 328 crianças com idade entre 2 e 18 anos, vivendo no entorno do depósito de lixo de Dandora analisando a relação dessa proximidade com as condições de saúde. O estudo também comparou amostras de solo do local com as de outros locais no entorno de Nairobi. Efeitos em CriançasMetade das crianças testadas tinham concentrações de chumbo no sangue excedentes aos níveis internacionalmente aceitáveis, enquanto que n42% das amostras de solo registraram níveis de chumbo quase dez vezes mais altos do que é considerado como solo isento de poluição ( mais de 400 ppp – partes por milhão – comparadas com 50 ppm). As crianças foram expostas a agentes poluentes como metais pesados e substâncias tóxicas através do solo, água e ar ( fumaça da queima do lixo) com implicações na forma de doenças respiratórias, gastrintestinais e dermatológicas ou doenças de pele. Quase a metade das crianças testadas sofriam de doenças respiratórias, incluindo bronquite crônica e asma. Achim Steiner, Sub-Secretário Geral da Onu e Diretor executivo da UNEP, declarou : “Nós antecipamos algumas conclusões duras e preocupantes, masos efetivos resultados são ainda mais chocantes do que tínhamos de início imaginado. “Dandora é um local que pode oferecer especiais desafios para a cidade de Nairobi e para o Kenya como nação, mas ele é também um espelho das condições dos despejos de lixo em inúmeras partes da África e outros centros urbanos do mundo em desenvolvimento”, disse. Mr. Steiner declarou que a UNEP está pronta para prestar assistência às autoridades locais e nacionais na pesquisa para o aprimoramento dos sistemas de gestão do lixo e estratégias incluindo aquelas que geram atividades sustentáveis e mais salutares nos setores de manejo e reciclagem do lixo.“Está claro que mostra-se necessária uma ação urgente para reduzir os riscos de saúde e meio ambiente para que crianças e adultos possa seguir seu dia-a-dia sem medo de serem envenenados e sem danos aos sistemas hidrográficos das proximidades”, declarou. A extensão de 30 acres do depósito de Dandora recebe 2 duas mil toneladas de lixo por dia, incluindo plásticos, borracha e tintas à base de chumbo em madeiras tratadas, geradas por algo como 4,5 milhões de pessoas que vivem na capital Kenyana. O estudo também encontrou no local prova a presença de resíduos perigosos, como os químicos e os provenientes de hospitais. Diariamente milhares de pessoas, incluindo crianças, dos cortiços e de bairros de baixa renda das proximidades uso o despejo para encontrar comida, recicláveis e outros objetos de valor que possam vender e possibilitar uma fonte de renda, ao mesmo tempo em que inalam a fumaça nociva expelida pela queima do lixo e do gás metano. Freqüentemente é encontrado lixo no Rio Nairobi que corre a apenas alguns metros de distância do depósito, poluindo a água usada pelos habitantes locais e fazendeiros que se localizam rio abaixo. A igreja católica e Escola de São João localiza-se bastante próxima do lixão. Entre 2003 e 2006, o ambulatório da igreja tratou uma média de 9.121 pessoas por ano que apresentavam problemas respiratórios.“Temos testemunhado uma situação alarmante com relação à saúde das crianças de Dandora : asma, anemia e infecções cutâneas são atualmente endêmicas. Tais anormalidades estão relacionadas com o ambiente em torno do depósito de lixo e são exacerbadas pela pobreza, analfabetismo e subnutrição. Considerando que o descarte de lixo é feito sem restrições e sem qualquer sistema de gerenciamento, as pessoas ficam sob o risco de contrair doenças veiculadas pelo sangue como hepatite e HIV/AIDS”, disse Njoroge Kimani, principal investigador e autor do relatório. Mr. Kimani e sua equipe realizaram minuciosa pesquisa no Depósito Municipal de Lixo de Dandora averiguando seu impacto sobre a saúde pública e o meio ambiente. Especialistas da Universidade de Nairobi, Universidade Kenyatta, Hospital Nacional Kenyatta e Instituto de Pesquisas em Agricultura do Kenya, bem como líderes comunitários da Igreja Católica de São João em Korogocho apoiaram o estudo.

Solo e Água: Amostras de solo e água foram analisadas na busca de metais pesados, como chumbo, mercúrio, cádmio e cromo, além de poluentes orgânicos persistentes e duradouros, incluindo policlorados bi-fenis (PCBs) e pesticidas. Amostras de sangue e urina foram analisados na procura dos mesmos poluentes e de sinais de doenças associadas a eles. Os resultados mostram níveis perigosamente altos de metais pesados, especialmente chumbo, mercúrio e cádmio, no lixão, no ambiente ao redor e nos residentes locais. Os níveis encontrados de chumbo e cádmio foram de 13.500 ppm e 1.058 ppm, respectivamente, comparados com os níveis ativos nos Países baixos, de 150 ppm e 5 ppm para esses metais pesados. Uma amostra de solo das margens do Rio Nairobi indica altos níveis de mercúrio ( acima de 18 ppm contra o nível de segurança de 2 pp,). As amostras da superfície do solo também registraram uma concentração de cádmio 50 vezes mais alta do que um solo isento de poluição ( 53 ppm contra 1 ppm).

Efeitos em Humanos:

Para os padrões aceitáveis de saúde, 50 por cento das crianças tinham níveis de chumbo no sangue igual ao acima dos padrões aceitos internacionalmente de 10 microgramas por decilitro, incluindo duas crianças com concentrações de mais de 29 e 32 microgramas. Baixos níveis de hemoglobina e anemia por deficiência de ferro, alguns dos sintomas conhecidos do envenenamento por chumbo, foram detectados em 50 e 30 por cento das crianças, respectivamente. Exposição a altos níveis de chumbo também é relacionada a um largo espectro de outras doenças, incluindo lesão do sistema nervoso e do cérebro, enquanto que o envenenamento por cádmio causa danos a órgãos internos, especialmente rins, e câncer. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a quarta parte de todas as doenças que afetam a humanidade são atribuíveis aos riscos ambientais, sendo as crianças mais vulneráveis do que os adultos. Entre as crianças com menos de cinco anos, doenças relacionadas às questões ambientais são responsáveis por mais de 4,7 milhões de mortes por ano. Vinte e cinco por cento das mortes em países em desenvolvimento estão relacionadas a fatores ambientais, comparado com 17 por cento de mortes no mundo desenvolvido."As crianças de Dandora, Kenya, África e o mundo merecem algo melhor do que isto. Nós não podemos mais retardar soluções para a crise do gerenciamento de resíduos frente a inúmeras cidades, especialmente no mundo em desenvolvimento", declarou Mr. Steiner.

Melhores Condições Sociais:

O estudo demanda uma rápida tomada de decisão sobre o descarte do lixo de forma econômica, social e ambientalmente sustentável. O padre Daniele Moschetti, um missionário da Ordem Comboni, obreiro que assiste a comunidade local nos cortiços que rodeiam o depósito de lixo, disse : “ Os pobres são os melhores recicladores do mundo; nada de valor vai fora. Mas isso não pode coloca-los, e a suas famíias, em perigo. A comunidade local está reclamando o fechamento e realocação do depósito de lixo, para local controlado e onde possa ser estabelecido um processo bem gerenciado de processamento dos resíduos. Isto não só reduzirá os impactos na saúde e meio ambiente como também gerará emprego e receita para comunidade local.” Muitos dos moradores locais dependem dos resíduos de Dandora. O desafio é minimizar senão suprimir a quantidade de materiais perigosos, com um tratamento prévio no local de origem antes de serem enviados para o local e um melhor tratamento dos resíduos tóxicos e dos de saúde antes de seu encaminhamento. Também precisamos de uma entrega segura e condições sustentáveis para os que trabalham no local ou vivem em suas proximidades. Em um futuro previsível, crescentes quantidades de resíduos podem tornar-se inevitáveis, mas devemos aprender como dar melhor assistência às populações pobres que dependem desses resíduos e fazer da sua reciclagem e reuso uma oportunidade econômica mais segura”, declarou Mr. Steiner.

(*) O relatório foi preparado por Njoroge G. Kimani, biomédico do Hospital Kenyatta, com o apoio de Rob de Jong, da Unidade de Meio Ambiente Urbano da UNEP.

UNEP Traduzido por Sérgio pessoa Ribeiro


3 comentários:

  1. EXtremamente importante o seu blog e esse post. Vamos trocar visitas? Vá ao meu: wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
    não tem ponto depois de www
    Um abraço,
    Renata Cordeiro

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    1. www.dsmota1.blogspot.com.br/ cascola tradicional faz chover, tempestade, esfria quarde bem isso, pra eternidader´,d

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