Apresentação


Ao longo das últimas três décadas o agronegócio brasileiro vem crescendo e se transformando de maneira expressiva. A incorporação de terras do Cerrado ao processo produtivo nacional, em especial a partir da década de 1970, explica boa parte desse sucesso. Em 1970, a produção de arroz, feijão, trigo, milho e soja foi de 27 milhões de toneladas. Em 2011-2012, a produção dessas culturas somou cerca 160 milhões de toneladas, crescimento de 583% (CONAB, 2013). Entretanto, um grande desafio para a agricultura será contornar os problemas decorrentes de décadas de práticas agrícolas de monocultivo e de elevada pressão sobre o ambiente, tais como: a erosão e perda de fertilidade dos solos, assoreamento dos cursos d'água, poluição do solo e da água e emissões de gases de efeito estufa.
A pecuária de corte, frequentemente apontada como um segmento pouco produtivo, somente se viabilizava economicamente pela expansão da área de pastagem. Entretanto, nas últimas décadas, o modelo de produção da pecuária mudou sensivelmente e passou a priorizar tecnologias mais intensivas em capital, que vêm gerando significativos ganhos em produtividade e, consequentemente, liberando áreas significativas para outras atividades do agronegócio.
Entre 1950 e 1985, a expansão da área de pastagens cultivadas foi responsável por 71% do incremento de produção de carne bovina e aumento na produtividade em 29%. No entanto, entre 1985 e 2006, observou-se redução na área de pastagem e o desempenho animal respondeu por 66% do incremento de 4.664 toneladas equivalente-carcaça. Quando esses ganhos foram computados para o período de 1950 a 2006, estimou-se o "efeito poupa-terra" em 525 milhões de hectares. Isso significa que sem estes ganhos, para se obter a mesma produção, teriam que ser incorporados à produção o adicional de 525 milhões de hectares. Contudo, a perda de produtividade das pastagens, em razão do manejo inadequado e da falta de reposição de nutrientes, tem comprometido a produtividade animal, contribuindo para abertura de novas áreas de vegetação nativa.
Estimativas indicaram que, até 2030, o consumo mundial de madeira em toras aumentará aproximadamente 45% em relação ao consumo em 2005 e atingirá cerca de 2,4 bilhões de m3 (FAO, 2009). Segundo esses estudos, a pergunta fundamental não é se haverá madeira no futuro, mas sim de onde virá, quem a produzirá e como será produzida.
O mercado interno brasileiro consome 13,5 milhões de m³ de madeira serrada oriunda de floresta natural (UNECE & FAO, 2009) e 65 milhões de m³ originados em florestas plantadas (ABRAF, 2009). A estimativa da demanda de madeira no mercado interno poderá atingir 300 milhões de m³ (AMS, 2005), o que significará plantar 2 a 2,5 vezes mais do que é plantado atualmente. A área de florestas plantadas para finalidade comercial é de 1,33% da cobertura florestal total, ou seja, 6,97 milhões de hectares (0,82% do território brasileiro) (ABRAF, 2011).
Numa visão de futuro, a demanda crescente1 por alimentos, bioenergia e produtos florestais, em contraposição à necessidade de redução de desmatamento e mitigação da emissão de gases de efeito estufa, exige soluções que permitam incentivar o desenvolvimento socioeconômico sem comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais. A intensificação do uso da terra em áreas agrícolas e o aumento da eficiência dos sistemas de produção podem contribuir para harmonizar esses interesses.
Diante desse cenário, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) torna-se uma alternativa viável de produção para recuperação de áreas alteradas ou degradadas. A integração de árvores com pastagens e ou com lavouras é conceituada como o sistema que integra os componentes lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área. Possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo que se cria entre lavoura e pastagem.
A ILPF tem como grande objetivo a mudança do sistema de uso da terra, fundamentando-se na integração dos componentes do sistema produtivo, visando atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade. A ILPF se apresenta como uma estratégia para maximizar efeitos desejáveis no ambiente, aliando o aumento da produtividade com a conservação de recursos naturais no processo de intensificação de uso das áreas já desmatadas no Brasil.
Desta forma, podem-se classificar quatro modalidades de sistemas distintos:
  1. Integração Lavoura-Pecuária ou Agropastoril: sistema de produção que integra o componente agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão; na mesma área e em um mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos.
  2. Integração Pecuária-Floresta ou Silvipastoril: sistema de produção que integra o componente pecuário e florestal, em consórcio.
  3. Integração Lavoura-Floresta ou Silviagrícola: Sistema de produção que integra o componente florestal e agrícola, pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas (anuais ou perenes).
  4. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta ou Agrossilvipastoril: sistema de produção que integra os componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área.  O componente "lavoura" restringe-se ou não à fase inicial de implantação do componente florestal.
Os sistemas apresentados abrangem os sistemas agroflorestais (SAFs), que são classificados em: silviagrícola, silvipastoril e agrossilvipastoril, sendo portanto a ILPF uma estratégia que apresenta classificação mais abrangente.
A ILPF busca integrar sistemas de produção de alimentos, fibras, energia e produtos madeireiros e não madeireiros, realizados na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, para otimizar os ciclos biológicos de plantas e animais, insumos e seus respectivos resíduos. Visa, ainda, manutenção e reconstituição da cobertura florestal, a recuperação de áreas degradadas, a adoção de boas práticas agropecuárias (BPA) e aumentar a eficiência com o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra, possibilitando, assim, gerar emprego e renda, melhorar as condições sociais no meio rural e reduzir impactos ao meio ambiente.

Além desses pontos, outros atributos oriundos da sua implantação dizem respeito à contribuição para a adequação ambiental das propriedades, à manutenção e/ou recuperação das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal e a introdução de tecnologias para diminuir impactos ambientais.

Histórico

Embora os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta sejam considerados sistemas inovadores, na Europa desde a idade média são conhecidas várias formas de plantios associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre culturas frutíferas e árvores madeireiras. Sistemas integrando árvores frutíferas com a produção pecuária datam do século XVI, e aparentemente uma das causas do seu quase desaparecimento foi a mecanização e a intensificação dos sistemas agrícolas, além da dificuldade da colheita manual das frutas e questões administrativas.
O sistema de associar as culturas foi copiado da natureza pelos indígenas e, posteriormente, transferido aos colonizadores. Nos trópicos, o exemplo mais marcante vem dos pequenos agricultores, ao praticarem variados sistemas de consórcios de culturas.
Historicamente, os imigrantes europeus trouxeram para o Brasil a cultura da associação entre agricultura, pecuária e florestas, que, desde o início, foi adaptada às condições tropicais e subtropicais. No Rio Grande do Sul, por exemplo, foi praticada a integração da cultura do arroz inundado com pastagens. Porém, ao longo dos anos, a adoção de sistemas de integração no Brasil tem sido baixa, apesar da evolução científica observada recentemente.
Alguns esforços para reverter o processo de degradação dos solos foram iniciados no final da década de 1970, com a adoção de sistemas de terraceamento integrado em microbacias hidrográficas e o desenvolvimento de tecnologias para compor o sistema plantio direto (SPD), principalmente no Sul do Brasil. A reversão do quadro de baixa sustentabilidade pode ser conseguida por meio de tecnologias como o SPD e os sistemas agrossilvipastoris. A utilização do SPD, em sua plenitude, nas diversas condições edafoclimáticas, é altamente dependente de rotação de culturas, que é uma das práticas preconizadas para a produção e a manutenção de palha sobre o solo.
O cenário de degradação dos solos induziu o meio científico a buscar sistemas produtivos sustentáveis, para harmonizar o aumento de produtividade vegetal e animal, com a preservação de recursos naturais.
Nas décadas de 1980 e 1990, foram desenvolvidas e aperfeiçoadas tecnologias para recuperação de pastagens degradadas. Um exemplo é o "Sistema Barreirão", desenvolvido pela Embrapa, que é composto por um conjunto de tecnologias e práticas de recuperação de áreas degradadas ou improdutivas, embasadas no consórcio arroz-pastagem. Outros exemplos são os sistemas silvipastoris e os sistemas de integração entre lavoura e pecuária (ILP).
No final dos anos 1990, surgiram propostas que envolveram o uso de sistemas de ILP com rotação lavoura-pastagem, na sequencia: produção de grãos e  forragem para a entressafra e consequente acúmulo de palhada para o cultivo em sucessão de grãos em sistema de plantio direto. Dentre as plantas de cobertura utilizadas, a braquiária (Brachiaria spp.) tem assumido importância crescente pela facilidade de cultivo e expressiva massa de forragem produzida (±20 t/ha de massa verde). Em razão disso, produtores passaram a utilizar essa forragem na alimentação animal na entressafra.

Situação atual

O sistema tem sido adotado em todo o Brasil, com maior representatividade nas regiões Centro-Oeste e Sul. Hoje, aproximadamente 1,6 a 2 milhões de hectares utilizam os diferentes formatos da estratégia ILPF e a estimativa é de que, para os próximos 20 anos, possa ser adotada em mais de 20 milhões de hectares.

Papel dos atores/envolvidos/instituições

Em sua grande maioria, as tecnologias e os conhecimentos necessários para a implantação dos diversos sistemas de ILPF foram desenvolvidos pela Embrapa e por empresas, universidades e institutos de pesquisa estaduais que compõem o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).
O processo de transferência de conhecimentos e tecnologias em sistemas produtivos complexos e interativos, que abrangem múltiplas variáveis em médio e longo prazo, como os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, requer abordagem abrangente e que considere as especificidades locais. Em razão do envolvimento de atores do setor produtivo, técnicos e pesquisadores, as metodologias de transferência de conhecimentos e tecnologias devem ser norteadas pelo envolvimento e a participação desses atores. Como muitos conhecimentos são gerados pelas experiências dos próprios agricultores, a integração entre os atores permite produzir inovações apropriadas, encurtando, assim, o tempo para a sua adoção.
Essa integração de atores deverá contemplar a capacitação contínua de multiplicadores e a avaliação dos processos e das atividades empregados na transferência de conhecimento e tecnologia, baseada, também, nas demandas e considerações a partir da prospecção junto aos atores envolvidos. São aspectos que transcendem os referenciais agronômico, florestal e zootécnico que também deverão ser considerados na adaptação e na aplicação desse tipo de sistema às diferentes unidades de produção e regiões brasileiras.
Na diversidade de variáveis que atuam nesses sistemas, há que se pensar basicamente no processo de transferência de conhecimentos e tecnologias. A primeira dimensão requer o fortalecimento da ATER, por meio de parcerias com o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) e a iniciativa privada. Isso envolve contato direto com técnicos da ATER pública e privada, por meio da implantação e do acompanhamento de unidades de referência tecnológicas junto aos produtores rurais.
A Embrapa coordenou um projeto intitulado "Transferência de Tecnologias para Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (TT ILPF)", com abrangência nacional, dividido em oito regiões com respectivos coordenadores. Este projeto contou com uma Parceria Público Privada com a empresa Bunge, a qual viabilizou recursos que possibilitaram significativa ampliação do processo de transferência desta tecnologia bem como maior visibilidade frente à sociedade.
Para dar continuidade nos processos de transferência de conhecimentos e de tecnologias de sistemas de ILPF a Embrapa organizou um novo projeto em rede. Essa rede, com abrangência nacional, conta com atuação de 32 unidades da Embrapa e com uma Parceria Pública Privada, denominada Rede Fomento ILPF. A rede fomento, atualmente, é constituída de quatro parceiros: Cocamar, John Deere, Parker e Syngenta.

Questões centrais

A adoção de sistemas de ILPF pode trazer melhorias significativas na sustentabilidade socioeconômica e ambiental das propriedades. Na ótica privada, os benefícios econômicos trariam aumento da oferta, para um dado preço de mercado, com custos de produção menores. Isto seria viável pela maior eficiência no uso de fertilizantes e menor demanda por agroquímicos, pela quebra no ciclo de pragas e doenças e de plantas daninhas. É uma possibilidade plausível de recuperar áreas degradadas.
Além de efeitos positivos sobre a renda do produtor rural, somam-se benefícios mais amplos à sociedade, pelo aumento da oferta de alimentos, fibras e energia e favorecimento para a consolidação de um ambiente macroeconômico mais estável, ou pela menor pressão exercida sobre os recursos físicos da propriedade. Com isso, permite-se o aumento dessa oferta sem promover novos desmatamentos, enquanto áreas agrícolas em degradação ou degradadas, de baixa produtividade, seriam recuperadas por atividades "mais eficientes", como lavouras, produtos madeireiros e não-madeireiros ou pecuárias produtivas.
Na dimensão ambiental, as áreas de pastagens cultivadas são a melhor alternativa para a expansão da produção de grãos e biocombustíveis. Ou seja, além do benefício das pastagens na sua transformação em alimentos de elevado valor biológico (carne e leite), a planta forrageira e seu agroecossistema provêm outros serviços ambientais importantes. Entre eles, destacam-se: conservação dos recursos hídricos e edáficos (relacionados ao solo); controle de pragas e doenças; fixação de carbono; aumento da matéria orgânica do solo e; redução da emissão de gases de efeito estufa.
O conjunto de práticas de ILPF, face à crescente demanda mundial por alimentos, fibras e energia, é um poderoso mecanismo de desenvolvimento para regiões que possuem áreas e solos em degradação. Possibilita a recuperação sustentável do potencial produtivo desses locais e incrementos de eficiência em regiões com tecnologia mais avançada, ao potencializar o efeito de manejos, como plantio direto e rotação de culturas, trazendo grandes vantagens para ambas as realidades, desestimulando o desmatamento de áreas e valorizando a produção por meio das boas práticas agropecuárias e certificação.

Potenciais Benefícios Tecnológicos e Ecológicos/Ambientais da ILPF

  • Melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo devido ao aumento da matéria orgânica;
  • Redução de perdas de produtividade na ocorrência de veranicos, quando associado a práticas de correção da fertilidade do solo e ao sistema de plantio direto;
  • Minimização da ocorrência doenças e plantas daninhas;
  • Aumento do bem-estar animal, em decorrência do maior conforto térmico;
  • Maior eficiência na utilização de insumos e ampliação do balanço positivo de energia; e
  • Possibilidade de aplicação dos sistemas para grandes, médias e pequenas propriedades rurais.
  • Redução da pressão para a abertura de novas áreas;
  • Melhoria na utilização dos recursos naturais pela complementaridade e sinergia entre os componentes vegetais e animais;
  • Diminuição no uso de agroquímicos para controle de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas;
  • Redução dos riscos de erosão;
  • Melhoria da recarga e da qualidade da água;
  • Mitigação do efeito estufa, resultante da maior capacidade de sequestro de carbono;
  • Menor emissão de metano por quilo de carne produzido;
  • Promoção da biodiversidade, e favorecimento de novos nichos e habitats para os agentes polinizadores das culturas e inimigos naturais de insetos-pragas e doenças;
  • Intensificação da ciclagem de nutrientes;
  • Aumento da capacidade de biorremediação do solo;
  • Reconstituição do paisagismo, possibilitando atividades de agroturismo;
  • Melhoria da imagem pública dos agricultores perante a sociedade, atrelada à conscientização ambiental.

Potenciais Benefícios econômicos e sociais da ILPF

  • Incremento da produção anual de alimentos a menor custo;
  • Aumento da produção anual de fibras, biocombustíveis e biomassa;
  • Aumento da competitividade das cadeias de produtos de origem animal nos mercados nacional e internacional;
  • Aumento da produtividade e da qualidade do leite e redução da sazonalidade de produção;
  • Dinamização de vários setores da economia, principalmente em nível regional;
  • Possibilidade de novos arranjos de uso da terra, com possibilidade de exploração das especialidades e habilidades dos diferentes atores (arrendatários e proprietários);
  • Redução de riscos em razão de melhorias nas condições de produção e da diversificação de atividades comerciais;
  • Fixação e maior inserção social pela geração de emprego e renda no campo;
  • Aumento da oferta de alimentos seguros;
  • Estímulo à qualificação profissional;
  • Melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua família;
  • Estímulo à participação da sociedade civil organizada;
  • Melhoria da imagem da produção agropecuária e dos produtores brasileiros, pois concilia atividade produtiva e meio ambiente;
  • Maiores vantagens comparativas na inserção das questões ambientais nas discussões e negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
  • Aumento da renda dos empreendimentos rurais.

Exemplos

No Brasil, existem vários sistemas de ILPF que são modulados de acordo com o perfil e os objetivos da propriedade rural. Além disso, essas diferenças nos sistemas se devem às peculiaridades regionais do bioma e da fazenda, como: condições de clima e de solo, infraestrutura, experiência do produtor e tecnologia disponível.

Sistemas de ILPF na Amazônia

No Bioma Amazônia, em termos de ILPF, predominam os sistemas silviagrícolas e silvipastoris. Em diversas propriedades, os sistemas silvipastoris vêm sendo adotados com êxito, com uso das espécies florestais: paricá, eucalipto, teca e mogno africano. Entre as forrageiras destacam-se: braquiarão, quicuio, Panicum sp., capim-gengibre, jaraguá, Pueraria, Centrosema macrocarpum e Capsicum pubescens. O componente animal é composto por bovinos e bubalinos para produção de carne e leite, além da produção de ovinos deslanados.
O sistema silviagrícola é normalmente implantado em áreas degradadas, com o plantio de grãos por duas a três safras, com predominância de arroz, milho, soja e feijão caupi. Esta implantação ocorre nas entrelinhas de espécies florestais adaptadas às condições edafoclimáticas locais. O plantio dessas espécies é feito concomitantemente à primeira lavoura. Para isso, é necessária a recuperação da área cultivada e a correção e adubação do solo. Com o solo em melhores condições de fertilidade, a partir da terceira safra inicia-se o processo de consorciação das lavouras de grãos com pastagens (com espécies diferentes das anteriormente cultivadas) para a formação das pastagens e para a introdução dos animais, estabelecendo a dinâmica da implantação de sistemas agrossilvopastoris sequenciais.
Experiências silvipastoris foram realizadas em sua maior parte por empresas do setor florestal e por fazendas pecuárias, que efetuaram plantios florestais em áreas preferencialmente de pastagem degradada. A obrigatoriedade legal em reflorestar, a necessidade da diversificação da produção e a manutenção da posse da terra são motivos para investir no plantio de árvores.
A redução de custos de limpeza da área é a principal razão para adoção do enfoque silvipastoril. Tem-se como estratégia de atuação na região a geração de tecnologias voltadas para o desenvolvimento de sistemas pecuários sustentáveis em áreas alteradas da Amazônia, e a disponibilização de resultados de pesquisa e transferência de tecnologia adaptados às condições de cada estado e aplicáveis aos demais sistemas produtivos.
A ILPF permite incorporar tecnologias, a exemplo do "Sistema Bragantino" que visa ao cultivo contínuo de diversas culturas, em rotação e consórcio, usando a prática do Sistema Plantio Direto (SPD), busca aumentar a produtividade das culturas, a oferta de mão-de-obra na região durante todo o ano, a renda e a qualidade de vida do produtor rural.

Sistemas de ILPF na Caatinga

O sistema de ILPF mais utilizado e de maior aplicabilidade na região do Bioma Caatinga é o agrossilvipastoril. É indicado como resposta às pressões por produção de alimentos para a população humana e para os rebanhos. Esse sistema integra a exploração de espécies lenhosas perenes, associadas às culturas e às pastagens.
A tecnologia objetiva garantir a estabilidade e a diversidade da produção, elevar a produtividade, melhorar a fertilidade do solo e aumentar a oferta de forragem de boa qualidade. O uso de espécies arbóreas garante a circulação de nutrientes e o aporte significativo de matéria orgânica do solo, condições essenciais para cultivar, de maneira continuada, os solos tropicais.
Também vem sendo adotado o sistema silvipastoril, em duas modalidades:
  1. Introdução de animais em lavouras de espécies arbóreas comerciais permanentes;
  2. Introdução ou manutenção do componente arbóreo (nativo ou exótico) em pastagens cultivadas, adaptadas ao Semiárido.
A adoção de pastagens cultivadas adaptadas ao Semiárido (capim-buffel e braquiárias) tem aumentado ao longo dos anos. Entretanto, a maioria dos pecuaristas adota o regime extrativista; as áreas de pastagens, na sua grande maioria, não tiveram o devido manejo, nem correção e manutenção da fertilidade do solo. Atualmente, grande percentual dessas áreas apresenta-se degradada.

Sistemas de ILPF no Cerrado

Para o Bioma Cerrado, a ILPF se caracteriza com as espécies agrícolas algodão, soja, milho, sorgo, feijão, arroz e girassol. Os principais consórcios são de milho + capim/forrageiras (80%), sorgo (granífero ou silagem) + capim/forrageiras (15%), e outros consórcios (milheto, sorgo pastejo, guandu) (5%). Como espécies forrageiras, as do gênero Brachiaria (80%), espécies de Panicum (10%) e outras (10%). Como principais espécies florestais têm-se o eucalipto (80%), a teca, o cedro australiano e o mogno (15%) e outras (5%). E por fim, as espécies/raças de animais são de bovinos de corte (50%), bovinos de leite (30%), e, ovinos e caprinos (20%).
Atualmente, os sistemas de ILPF completos, ou seja, que contemplam as espécies agrícolas, pastagem e floresta conjuntamente ainda são pouco adotados. Algumas opções de sequência de implantação em pasto degradado envolvem no 1o ano a soja ou arroz, no 2o ano milho ou sorgo, no 3o ao 5o ano pastagem ou volta com soja; ou então, no 1o ano milho ou sorgo ou milheto, e no 3o ao 5o ano pastagem.
Para a situação de solo já agricultável: rotação – milho ou sorgo para silagem no verão + capim/forrageiras para pastejo na entressafra e algodão; soja, milho ou sorgo para silagem no verão + capim/forrageiras para pastejo na entressafra. O pasto, além da primeira entressafra, pode ficar por mais um ou dois anos e voltar à lavoura.
As opções de sucessão em safrinha de verão compreendem: soja, safrinha de milho ou sorgo + capim/forrageiras para pastejo de safrinha, e voltar à soja ou ao milho no verão. Pode ser rotação soja/safrinha de milho+ capim/forrageiras (verão) / safrinha de pasto, ou sucessão milho ou sorgo silagem no verão + capim/forrageiras para pastejo na entressafra.

Sistemas de ILPF na Mata Atlântica

Nas áreas de Mata Atlântica da região Sul predominam sistemas de ILPF baseados na sucessão de culturas no verão (soja, milho e feijão) e pastagens cultivadas no inverno, sobretudo com espécies de clima temperado (aveia-preta e azevém anual).
Na região Sudeste, predominam as rotações de forrageiras com culturas anuais (soja, milho, algodão) para produção de palhada, para plantio direto ou produção de forragens para alimentação animal na entressafra. Nos sistemas silvipastoris da região predominam as combinações de pastagem e de eucalipto para madeira ou de pastagens com espécies lenhosas fixadoras de nitrogênio, para manutenção e/ou recuperação da fertilidade do solo.
Na região Nordeste, os sistemas de ILPF predominantes são os silvipastoris, que usa principalmente a Gliricidia sepium como leguminosa, representando o componente florestal nas diversas formas de associação, e as braquiárias, como componente herbáceo. O processo inicia-se com o consórcio da leguminosa com culturas de milho e/ou feijão, repetido por 2 a 5 anos, dependendo do sistema, seguido do consórcio pasto/árvores. Em algumas áreas é utilizado o consórcio de soja e eucalipto seguido do sistema silvipastoril após o 3º ano. Nas áreas de cana, a cada 5 anos, cultivam-se leguminosas anuais (feijão de corda), na época da reforma do canavial.

Sistemas de ILPF no Pampa

Existem várias alternativas de sistemas de ILPF no Bioma Pampa. Na metade sul do Rio Grande do Sul, o sistema mais comum é o agropastoril com plantio de arroz irrigado e bovinocultura de corte ou de leite. As principais pastagens perenes incluem o azevém anual, o trevo branco, a aveia branca, festuca, cornichão e pensacola, ou revegetação com espécies nativas. O plantio de citros/pêssego, grãos ou forrageiras é uma forma de integração silviagrícola ou silvipastoril encontrada na região.
Na metade norte, outra versão do sistema agropastoril é utilizada com o plantio de soja-milho (verão)/trigo-pastagem (inverno) e bovinocultura de corte e leite. Na zona de Planalto, o sistema de integração predominante é o silviagrícola com plantio de erva mate, soja-milho, pastagem anual de inverno (aveia-preta, azevém, ervilhaca, milheto etc.).
Já a integração agrossilvipastoril prevê lavouras cultivadas nas entrelinhas de espécies florestais, em consórcio/sucessão de lavouras com pastagens (pecuária) e floresta. Este sistema ocorre nas diversas regiões do bioma Pampa, sendo bastante utilizado em áreas de agricultura e de vegetação campestre em processo de degradação ou invadidas pelo capim-annoni.
No componente florestal predomina a utilização de espécies arbóreas exóticas de pinus, eucalipto e acácia negra. Por isso, é oportuna a introdução de espécies de alto valor forrageiro.

Sistemas de ILPF no Pantanal

O sistema tradicional de criação de gado de corte envolve a criação extensiva de gado em grandes áreas, em sistema de pastejo contínuo numa taxa de lotação média de 3,6 ha/animal, cuja produção de bezerros (cria) é uma das principais vocações da região. Esses sistemas podem ser considerados como sistemas silvipastoris extensivos, adaptados às características peculiares do ambiente em que se desenvolveram, respeitando sua dinâmica temporal e espacial.
Com relação ao sistema silvipastoril natural (SSPN), os produtores da região fazem uso das diferentes espécies que compõem a paisagem, tais como bocaiúva, canjiqueira, acuri, paratudo e aroeira. Alguns produtores adotam práticas de manejo de exclusão do gado em algumas fitofisionomias para regeneração de espécies de interesse, tais como a aroeira.
Sistemas silvipastoris alterados ou intensificados também são comuns no Pantanal, especialmente os que utilizam áreas de campo cerrado, substituindo as espécies herbáceas nativas por forrageiras exóticas, mas mantendo as espécies arbóreas, em respeito ao padrão natural das paisagens. Ainda há poucas experiências registradas de plantio de espécies arbóreas associadas a pastagens nativas e exóticas. Um exemplo refere-se ao plantio de bálsamo em pastagem de Brachiaria brizantha implantada em área anteriormente ocupada por cerradão.
Embora ainda haja desmatamento no Pantanal para a introdução de gramíneas exóticas, a grande maioria dos fazendeiros opta pela substituição das pastagens nativas pouco usadas pelo gado (áreas de "macegas") por pastagens cultivadas. Uma prática muito utilizada em áreas de campo cerrado é manter as espécies arbustivas e arbóreas nativas, mantendo o padrão natural das paisagens.
Portanto, a promoção e manutenção de sistemas silvipastoris (SSP) que integra o manejo das espécies arbustivas e herbáceas, distribuídas em mosaico, nas diferentes fitofisionomias, respeitando o padrão natural das paisagens é uma das principais estratégias para manter e conservar a biodiversidade e aumentar a produtividade na região.

Definições, compromissos e decisões

Em razão de seus benefícios potenciais, a ILPF foi incluída entre as tecnologias que compõem os compromissos voluntários assumidos pelo Brasil na COP-15, que resultaram na criação do Plano Setorial para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, o que se convencionou chamar de Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com grande potencial de sequestro de carbono pelos elevados acúmulos de biomassa forrageira e florestal e acúmulo de matéria orgânica no solo, a ILPF ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. A meta é ampliar, até 2020, o uso do sistema em 4 milhões de hectares, evitando que entre 18 e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalente2 sejam liberadas.
Em 29 de abril de 2013, foi sancionada a Lei 12.805/13, que institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Os objetivos da legislação incluem: melhorar de forma sustentável a produtividade, a qualidade dos produtos e a renda das atividades agropecuárias, por meio da aplicação de sistemas integrados de exploração de lavoura, pecuária e floresta em áreas já desmatadas, como alternativa aos monocultivos tradicionais; mitigar o desmatamento e contribuir para a manutenção das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal; além de fomentar novos modelos de uso da terra, conjugando a sustentabilidade do agronegócio com a preservação ambiental.
A ILPF, de acordo com a proposta, estabelece novas atribuições para o poder público. Entre elas, estão: definir planos de ação regional e nacional para a expansão e o aperfeiçoamento dos sistemas de ILPF, com a participação das comunidades locais, e estimular a adoção da certificação dos produtos pecuários agrícolas e florestais oriundos de sistemas integrados.

Aspectos sensíveis, críticos e alternativas

As pesquisas em ILPF, na década de 2000, receberam a atenção de várias instituições. A maioria dos estudos focou no consórcio de forrageira com culturas de grãos e na melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Alguns estudos sobre o efeito de forrageiras no ciclo de pragas e doenças também têm sido realizados, mas, ainda necessitam de informações robustas para os diferentes contextos regionais. Entretanto, a eficiência de uso de defensivos agrícolas, controle de pragas e moléstias, ocorrência e ciclo de endo e ectoparasitas em animais, manejo de pastagens e essências florestais nesses sistemas não foram suficientemente estudados ou não foram estudados. Outro tema que merece atenção é o efeito do pastejo na ciclagem de nutrientes nos sistemas de ILPF. Estudos sobre a introdução do componente arbóreo nesse sistema devem ser incentivados e ampliados. Para maximizar a produtividade dos componentes (agrícola, animal e florestal) os estudos devem focar na diversificação de espécies arbóreas e forrageiras tolerantes ao sombreamento, arranjo e densidade de árvores, ciclagem de nutrientes e ambiência animal. E, de igual importância, avaliar o efeito do conforto térmico, proporcionado pela sombra das árvores, no desempenho animal.
Outra lacuna importante, que implica em uma limitação na difusão do sistema ILPF, é a relativa carência de estudos abrangentes de avaliação econômica. A maioria dos estudos relacionados ao tema concentram esforços em avaliações econômico-financeiras pontuais deixando de considerar aspectos importantes que influenciam as decisões dos produtores, como por exemplo: a situação socioeconômica do produtor; necessidade de investimento; implicações da escala produtiva no padrão de investimentos, financiamentos, custos, receitas e lucratividade; a análise das barreiras relacionadas à implementação do sistema; a avaliação da questão da mitigação dos riscos produtivos; e se os potenciais benefícios socioambientais vislumbrados realmente se aplicam e se podem ser explorados como atividade econômica. Esses pontos são dimensões de análise que carecem de maiores discussões e são questionamentos que os trabalhos relacionados aos aspectos econômicos do sistema ILPF, até o presente momento, não conseguem responder.
A Embrapa e seus parceiros, nas últimas duas décadas, têm contribuído muito para o avanço de conhecimentos e tecnologias em sistemas de ILPF em suas diferentes modalidades. No entanto, a diversidade edafoclimática e sociocultural do Brasil indica a necessidade de ampliar/intensificar as ações de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e de Transferência de Tecnologia a fim de avaliar a viabilidade bioeconômica das diferentes possibilidades de integração dos componentes agrícola, pecuário e florestal em diferentes contextos regionais.
Além dos aspectos de pesquisa extremamente relevantes, expressiva área (mais de 500 ha) de experimentos de longa duração e de unidades de referência tecnológicas constituem a base física de atividades de Transferência de Tecnologias em ILP e ILPF e do Plano ABC executadas regularmente nas áreas físicas de várias Unidades da Embrapa. Além disso, algumas dezenas de unidades são conduzidas em parceria com produtores nas diversas regiões do País. No entanto, a base de conhecimentos para o entendimento e manejo de desses sistemas ainda é limitada.

Posicionamento da Embrapa

As instituições ligadas ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, coordenado pela Embrapa, pesquisam e recomendam sistemas que integram agricultura e pecuária há muitos anos. Ressalte-se ainda, que em razão da importância tema, a Embrapa criou o portfólio de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

Encaminhamentos

Em 2013, a Embrapa estruturou o Portfólio de ILPF, com o objetivo de mapear e apoiar a organização, geração, integração e disseminação de conhecimentos e tecnologias sobre ILPF em apoio a formulação de estratégias de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação e Transferência de Tecnologia com foco na sustentabilidade e competitividade destes sistemas complexos.
Entre os objetivos específicos do Portfólio ILPF, estão: identificar fatores e processos limitantes relacionados à pesquisa em sistemas de ILPF, com vistas à indução de projetos para a geração de novos conhecimentos e/ou de tecnologias; prospectar alternativas de alocação dos componentes agrícola, animal e florestal, para diferentes contextos regionais, visando à maximização das respostas bioeconômicas e dos benefícios ambientais; adaptar e ou desenvolver métricas robustas para a avaliação da sustentabilidade de sistemas de ILPF, considerando diferentes horizontes temporais; gerar informações econômicas para maior entendimento do sistema; e ampliar e intensificar a transferência de conhecimentos e de tecnologias validadas e a capacitação associada à rede de técnicos multiplicadores de ILPF nas diferentes regiões.

Orientações

Os sistemas de ILPF devem ser adequadamente planejados, levando-se em conta os diferentes aspectos socioeconômicos e ambientais das unidades de produção. Eles podem ser adotados por qualquer produtor rural (pecuarista e/ou agricultor), independente do tamanho do estabelecimento agropecuário. Evidentemente, a forma e a intensidade da adoção do conjunto de tecnologias que compõem a ILPF dependerão, entre outros fatores, dos objetivos e da infraestrutura disponível de cada produtor.
O pecuarista, por exemplo, pode utilizar o consórcio ou a rotação de culturas graníferas com forrageiras para a implantação de pastagens ou para sua recuperação, no caso de estarem degradadas. Pode também implantar o sistema silvipastoril, visando à exploração de produtos madeireiros e não-madeireiros, além dos produtos da pecuária.
Por outro lado, o agricultor pode utilizar o consórcio ou a rotação de culturas graníferas com forrageiras para produzir cobertura morta de boa qualidade e em grande quantidade para o sistema de plantio direto (SPD) da safra seguinte. Por fim, aquele produtor que deseja exercer as atividades integradas pode utilizar a ILPF para implantar um sistema agrícola sustentável, utilizando os princípios da rotação de culturas e do consórcio entre graníferas, forrageiras e espécies arbóreas, de forma a produzir, na mesma propriedade, grãos, carne ou leite e produtos madeireiros e não-madeireiros ao longo de todo ano.
Um sistema sustentável de ILPF deve ser:
  • Tecnicamente eficiente, considerando o ambiente no qual se encontra a propriedade e utilizando manejos e insumos adequados e de acordo com as recomendações oficiais;
  • Economicamente viável, pela melhor utilização dos recursos e uso da terra, diversificação e maior estabilidade das receitas e diminuição dos riscos;
  • Socialmente aceitável, por ser aplicável a qualquer tamanho de propriedade, aumentar e distribuir melhor a renda no campo e aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro;
  • Ambientalmente adequado, por preconizar a utilização de práticas conservacionistas e de melhor uso da terra.
A adoção da ILPF (Agrossilvipastoril) pode ser facilitada pela adequada distribuição espacial das árvores no terreno, visando práticas de conservação do solo e água, favorecimento do trânsito de máquinas e a observância de aspectos comportamentais dos animais. Para tanto, o arranjo espacial mais simples e eficaz é o de aleias, onde as árvores são plantadas em faixas (linhas simples ou múltiplas) com espaçamentos amplos.
Os produtores que desejem privilegiar a produção de madeira podem utilizar aleias mais estreitas ou maior número de linhas em cada faixa (mais árvores/ha); enquanto os que preferem a atividade agrícola e/ou pecuária utilizam espaçamentos maiores, ou seja, aleias mais largas (menos linhas em cada faixa).
Esses sistemas não encerram as diferentes alternativas e soluções para os problemas dentro da unidade de produção. Os resultados esperados traduzem a expectativa imediata do empreendedor rural e estão orientados ao desenvolvimento de uma agricultura sustentável3.

Perspectivas

A introdução da componente florestal na atividade agropastoril certamente ocasionará uma complementação de benefícios. Enquanto a agricultura e a pecuária cobrem o fluxo de caixa negativo proporcionado pelo período de maturação do investimento florestal, este por sua vez incorpora ao sistema benefícios ambientais importantes do ponto de vista da sustentabilidade ambiental (ambiência animal e fixação de carbono etc.), da sustentabilidade econômica (poupança verde) e da sustentabilidade social por promover entradas de recursos distribuídas ao longo do tempo (desbastes e colheita final) permitem ao produtor e aos seus sucessores incentivariam permanência do jovem no meio rural.
Se parte da enorme superfície territorial do país hoje utilizada somente com pastagens (cerca de 159 milhões de hectares) for convertida em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), poderá ser fundamental para melhorar a imagem do agronegócio brasileiro, ao mesmo tempo em que favorecerá a produção animal e a produção de produtos florestais e agrícolas.
As equipes da Embrapa e parceiros que atuam com ILPF já implantaram 192 Unidades de Referência Tecnológica (URT) em todo o território nacional, que contam com a participação de produtores e num só tempo servem de observatórios e vitrines do sistema. Com isso, a expectativa é de que num futuro próximo a ILPF esteja presente em um número cada vez maior de propriedades rurais, viabilizando assim o aumento da produção aliado à conservação dos recursos naturais, chave para o desenvolvimento de uma economia sustentável no século XXI.
Para que isto ocorra, se faz necessário a implementação de políticas públicas de incentivos à produção, tais como: aumento de crédito, diminuição de taxas de juros, ampliação do período de carência, garantia de preços mínimos, redução da carga fiscal sobre produtos e insumos, seguro agrícola amplo e eficiente, assim como remuneração por serviços ambientais.


Referências Bibliográficas consultadas

BALBINO, L. C. et al. Evolução tecnológica e arranjos produtivos de sistemas
de Integração lavoura‑pecuária‑floresta no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.46, n.10, p.i-xii. 2011.
BALBINO, L.C.; BARCELLOS, A. O. de; STONE, L. F. Marco referencial: integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Brasília, DF: Embrapa, 2011. 130p.