13 junho 2015

NORUEGA RETIRA O SEU APOIO AO CARVÃO PELO BEM DO MEIO AMBIENTE

                              NORUEGUESES  SE AFASTAM DO CARVÃO

Pais vai retirar seu fundo soberano de investimentos em empresas relacionadas com o produto

De Oslo

                           A Noruega retificou a decisão de retirar seu fundo soberano, o maior do mundo, dos investimentos em empresas relacionadas com o carvão, a alguns meses da Conferência de Paris sobre o clima.
                            Por unanimidade, o Parlamento norueguês decidiu que o fundode quase 7 trilhões de coroas (793 bilhões de euros), que controla 1,3% da capitalização da bolsa mundial, deve se desvincular das empresas mineradoras ou dos grupos de energia nos quais o carvão represente mais de 30% de sua atividade ou de seu faturamento.
                             A decisão de se retirar, que ocorre após um compromisso acordado na Comissão de Finanças de 27 de maio, afetará entre 50 e 75 empresas internacionais e significará a cessão de participações compreendidas entre 35 e 40 bilhões de coroas, segundo os cálculos do ministério das Finanças.
                             No entanto, segundo os defensores do meio ambiente, o impacto pode ser ainda melhor, e algumas estimativas calculam que serão 122 as empresas afetadas que representariam 67,2 bilhões de coroas.
                              Não foi informado oficialmente o nome das empresas que podem ser afetadas pela saída do fundo, que investe em 9 mil sociedades.
                           
                              Decisão vai afetar empresas produtoras em todo o mundo

                              Mas segundo um estudo realizado por três ONGS, a medida afetará 35 grupos americanos, incluindo Duke Energy, o espanhol Endesa, uma dezena de chineses, oito japoneses, os gigantes alemães EON e RWE, o britânico SSE, o indiano Reliance Power, o italiano Enel, o portugês EDP, o sul-africano Sasol, o sul-coreano Korea Electric Power, o sueco Vartenfall e o dinamarquês Dong.
                               Devido ao gigantesco tamanho do fundo norueguês, esta é uma vitória importante para a campanha internacional que defende o abandono do carvão, uma energia fóssil particularmente poluente, antes da Conferência Internacional sobre o clima organizada em Paris em Dezembro.
                               Os deputados noruegueses destacaram que sua decisão também obedeceria a questões financeiras,  já que o valor dos ativos no carvão está condenado a cair no caso de uma acordo internacional contra as mudanças climáticas.
                               Para Truls Gulowsen, diretor da ONG Greenpeace na Noruega, esta decisão provavelmente repercutirá em outros lugares.
                               A Igreja da Inglaterra, grupos financeiros como Axa e universidades anglo-saxãs como Oxford e Satanford também anuciaram recentemente  que se desvinculariam do carvão ou que reduziriam seus investimentos.
                                "O carvão sempre representou problemas do ponto de vista moral devido aos seus efeitos sobre o clima. Agora inclusive sua rentabilidade está sob pressão", declarou Gulowsen. "Acredito e espero que os dias  do carvão estejam contados.
                                  No entanto, os gigantes Anglo American, BHP Billiton e Glencore devem ser salvos graças ao peso enorme de suas outras atividades mineradoras, que deixam o carvão abaixo da linha vermelha de 30%.
                                 "Em conjunto, essas chamadas Big 3 produziram 364 milhões de toneladas de carvão no ano passado, que geraram emissões de CO2 equivalentes a mais de 15 vezes a emissão anual de gás da Noruega", declarou Heffa Schumcking, representante alemã de um grupo de ONGs.
                                 A medida de exclusão não afetará os grupos metalúrgicos nem será automática no que diz respeito aos produtores de carvão e aos produtores de carvão e às companhias energéticas: se elas superarem  o limite de 30%, o fundo poderá  levar em conta seus projetos futuros antes de decidir se irá se desvincular delas. (Da France Press)

Fonte: Jornal Correio Popular, Campinas SP, de 07 de junho de 2015, pag. A26 - Mundo