30 março 2010

A EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO NA PRÉ SAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS


09/12/2009 - 16:18:33

O petróleo do pré-sal e o meio ambiente
Por Vilmar Berna*

Toda escolha traz consigo ônus e bônus. A decisão do Governo Brasileiro em investir na exploração do petróleo do pré-sal, tem bônus de encher os olhos de qualquer um: geração de riquezas e empregos, melhor posicionamento do Brasil enquanto potência mundial, com maior poder de decisão política, geração de impostos que trarão mais dinheiros para os estados e municípios investirem em melhor qualidade de nosso povo, etc. Entretanto, também traz ônus, como colocar o Brasil entre os vilões do aquecimento global e na contramão da história, num momento em que a sociedade mundial discute novos modelos energéticos rumo a uma sociedade de baixo carbono.

O grande vilão do aquecimento global, os EUA, já anunciou que nos próximos dez anos estará investindo em energia solar, eólica, biomassa, para se livrar da dependência do petróleo. O Governo Brasileiro está decidindo exatamente o contrário, apostando que, daqui a uma década, quando a exploração do petróleo do pré-sal estiver chegando ao mercado, encontrará um mundo ainda carente de petróleo. Será? A idade da pedra não acabou por falta de pedras! Assim como a idade do petróleo não irá acabar por falta de petróleo! Em quanto tempo o petróleo continuará custando caro o bastante que justifique o investimento para tirá-lo de onde está, diante de um Planeta cada vez mais aquecido?

Será que a nova sociedade de baixo carbono estará disposta a continuar correndo riscos com o uso de combustível comprovadamente aquecedor do nosso Planeta? Os oceanos estão aumentando de nível, ainda discretamente, mas cuja tendência é só crescer na próxima década, por conta do derretimento do gelo nos pólos e pela expansão da própria massa líquida, mais aquecida. E quando este aumento dos oceanos começarem a atingir mais fortemente as cidades, e forçar sua infra-estrutura, obrigando os governos a investirem mais e mais dinheiro de impostos para manter o mar afastado? A riqueza trazida pelo petróleo do pré-sal valerá a pena?

A decisão de usar o petróleo do pré-sal precisa ser acompanhada de um planejamento e um compromisso com investimentos de parte dos lucros para mitigar os danos que o aquecimento global trará para as cidades, principalmente com o aumento do nível dos oceanos. A Holanda já gasta hoje milhões de dólares de seus contribuintes para manter o mar afastado. Estaremos nos encaminhando para um cenário parecido? Se tomamos a decisão por aumentar o ‘cobertor’ de gases de efeito estufa sobre o Planeta, também precisamos estar preparados para as suas conseqüências, evitando a lógica de capitalizar os lucros do petróleo pré-sal e socializar seus prejuízos para os contribuintes!

Também é importante planejar o investimento para neutralizar o carbono que será emitido com o uso desse petróleo. Só plantar milhões e milhões de árvores não será suficiente, embora será importante principalmente para reconstituir áreas degradadas de propriedades rurais e unidades de conservação, formar corredores florestais entre ilhas de florestas. Existem outros projetos que podem capturar mais gases aquecedores do planeta, como, por exemplo, transformar os mais de 3.600 lixões a céu aberto que existem no Brasil em aterros sanitários com redes de recolhimento do gás metano, investir em novas rações que diminuam o arroto do gado, investir em novas tecnologias limpas que resultem na diminuição ou neutralização das emissões de carbono, etc.

Lições que deveríamos ter aprendido

Tirei esta foto em janeiro de 2000, por ocasião do vazamento de óleo na Baía de Guanabara. E republico agora, como um alerta sobre as conseqüências de nossas escolhas. Nem empresas, nem governos, nem consumidores ou cidadãos querem que novos acidentes ambientais como este voltem a acontecer, mas enquanto nossa decisão for pelo uso do petróleo, esta é uma possibilidade bem concreta. Na ocasião, recolhemos centenas animais cheios de óleo, com a ajuda de mais de 200 voluntários ambientais, leitores e parceiros que atenderam a nossa convocação para, em vez de continuarem como passivos observadores do desastre, decidissem colocar a ‘mão na massa’. Esses bravos colaboradores fizeram a diferença no resgate e recuperação dos animais vítimas daquele enorme desastre ambiental, que de outra forma estariam condenadas à morte, embora a taxa de mortalidade ficasse em torno de 50%!

Saímos mais fortalecidos e maduros deste triste episódio. A própria Petrobrás, responsável direta pelo vazamento, investiu na modernização de suas instalações, no treinamento de seu pessoal, na aquisição de tecnologias ambientais para a prevenção de acidentes ambientais. Pelo nosso lado, descobrimos que não bastava ter boa vontade ambiental e disposição para o trabalho voluntário! Descobrimos que estávamos completamente despreparados para a tarefa, além de não dispor dos equipamentos necessários. Criamos o então IBVA - Instituto Brasileiro de Voluntários Ambientais que mais tarde foi redenominado para dar origem à REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental.

Na ocasião, o presidente da Petrobrás desceu de helicóptero junto a uma de nossas equipes de voluntários, no manguezal de Magé, onde nos esforçávamos para resgatar as aves cheias de óleo, e viu nossas dificuldades, de capacitação e de equipamentos. Comprometeu-se em nos ajudar. Encaminhamos, a seu pedido, um projeto que visava capacitar e mobilizar os voluntários ambientais através da realização sistemática de mutirões ecológicos. Conseguimos que a Petrobrás nos financiasse três mutirões, o que permitiu treinar e mobilizar mais de 500 jovens voluntários. Recolhemos mais de 6 toneladas de lixo flutuante na Baía de Guanabara, retiramos mais de 5 toneladas de areia e lixo do riacho formado após a Cascatinha da Floresta da Tijuca, e mais de 3 toneladas de lixo lançados por banhistas no rio que nasce na Reserva Biológica do Tinguá, na Baixada Fluminense. Tentamos renovar o patrocínio com a Petrobras, mas infelizmente, talvez pela mudança na presidência da empresa, não obtivemos mais sucesso. Uma pena, pois hoje teríamos um enorme contingente de voluntários ambientais capacitados na prática para agir em novos casos de acidentes ambientais, que nenhum de nós quer que aconteça, mas que é certo acontecer enquanto a opção por pelo uso do petróleo.

*Vilmar Berna é escritor, jornalista e ambientalista, Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente. É fundador da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e editor do Portal e da Revista do Meio Ambiente - (www.escritorvilmarberna.com.br)

(Envolverde/O autor)

Fonte:http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/o-petroleo-do-pre-sal-e-o-meio-ambiente/

3ª FIBOPS

VEM AÍ A 3ª FIBoPS. O maior intercâmbio pró-sustentabilidade do país, agende-se

Empresas e especialistas do Brasil e de outros países estarão reunidos dias 27, 28 e 29 de Julho na 3ª FIBoPS, a maior vitrine pró-sustentabilidade da América Latina.

Com um formato inovador e exclusivo que privilegia a interatividade corporativa para o compartilhamento, network, aprendizagem, e negócios, a 3ª FIBoPS reúne a massa crítica da sustentabilidade nos seus aspectos gerenciais e tecnológicos no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

A grade técnica do evento lança nesta edição o I Congresso Internacional para o Intercâmbio de Boas Práticas de Sustentabilidade reunindo especialistas, produtos e empresas de vários países.

Estes especialistas e empresas apresentarão práticas e inovações pró-sustentabilidade em 08 diferentes temáticas: Inovações Tecnológicas - Arquitetura e Construção – Emissões, Energia e Economia – Moda, Beleza-Saude, e Consumo – Agronegócios e Logística – Saneamento e Serviços Ambientais – TI Verde – Transporte e Turismo. O Congresso também dedica 02 painéis ao Benchmarking Internacional.

Outra novidade são as salas interativas com atividades especificas apresentando temas técnicos, práticas gerenciais e lançamento de produtos e serviços especiais.

No pátio de exposições, stands de empresas com produtos, serviços, práticas ou ações com atributos pró-sustentabilidade para mostrar e compartilhar com um publico altamente especializado e formador de opinião, aproximadamente 70% com curso superior completo e/ou especialização. Nas 02 edições anteriores, o evento recebeu aproximadamente 8 mil pessoas.

Os stands são prontos para uso, com plasma e mobilia, e principalmente, com selo de neutralização das emissões da montagem e certificado de gerenciamento dos resíduos gerados durante o evento.

Universidades e escolas técnicas profissionalizantes podem agendar visitas e participar de atividades específicas. O credenciamento poderá ser feito no local ou pela internet no site: www.fibops.com.br

Marcar presença na 3ª FIBoPS é imperativo para empresas e profissionais que trilham os caminhos da sustentabilidade com práticas e inovações para mostrar e compartilhar.

Este evento faz parte do Calendário 2010 do CEBoPS - Compromisso Empresarial pelas Práticas Socioambientais do Instituto MAIS.

Mais Informações:
www.fibops.com.br
Fone/fax: 55 11 3257-9660/ 3729-9005

28 março 2010

AS RIQUEZAS SUB AQUÁTICAS DO ÁRTICO

Der Spiegel
Terça, 4 de setembro de 2007, 15h23 Atualizada às 18h49
EUA buscam combustíveis fósseis no Ártico

Todo mundo fala sobre as vastas reservas de petróleo e gás natural ocultas sob o Oceano Ártico. Mas ninguém sabe que dimensões elas podem realmente atingir. O Levantamento Geológico dos Estados Unidos (USGS), no entanto, decidiu dedicar os anos de 2007 e 2008 a pesquisas que podem resultar em pelo menos um palpite bem informado.
A bandeira russa plantada no fundo do Oceano Ártico no começo de agosto talvez tenha conquistado todas as manchetes. Mas enquanto os países que circundam o Oceano Ártico se preparam para o que promete ser uma prolongada disputa diplomática sobre quem exatamente controla o que por sob a camada de gelo polar, o USGS se ocupa com um progra-ma de avaliação do potencial de reservas de petróleo e gás natural localizadas por sob a camada de gelo polar. Por meio de análises de tipos e formações de rochas e do estudo da história geológica da região, a equipe de pesquisadores espera ser capaz de oferecer estimativas precisas quanto à possível localização de depósitos e quanto a determinar se eles contêm petróleo, gás natural ou nenhuma das duas coisas.

Trata-se da primeira análise sistemática e abrangente dos recursos de petróleo ainda não prospectados no Círculo Ártico, pelo menos em domínio público", afirmou Mark Myers, diretor do USGS, em comunicado sobre o projeto divulgado no final de agosto. "Conhecer o potencial de recursos do Ártico... é essencial para a nossa compreen-são das futuras possibilidades de abastecimento de energia dos Estados Unidos, e do mundo".

Na semana passada, o projeto - conhecido como Avaliação de Recursos Petroleiros e de Gás do Círculo Ártico - divulgou os primeiros resultados de seu trabalho, referentes a uma área de cerca de 500 mil quilômetros quadrados ao largo da costa da Groenlândia. De acordo com as melhores estimativas do USGS, as chamadas bacias da fenda les-te da Groenlândia podem conter cerca de 31,4 bilhões de barris de petróleo e/ou gás natural; caso confirmadas, reservas dessa ordem fariam do nordeste da Groenlândia a localização da 19% maior reserva mundial de petróleo e gás natural.

Determinar quando e esses "recursos" poderão de fato ser comprovados, no entanto, continua a ser uma questão em aberto. A estimativa levou em conta as formações rochosas e estudou a semelhança entre a composição geológica entre o leste da Groenlândia e a das áreas ricas em petróleo e gás natural na Noruega. Além disso, como aponta o relatório, mesmo que a riqueza da área em termos de combustíveis fósseis pudesse ser confirmada, no momento não existe maneira lucrativa de extrair reservas enterradas por sob uma armadura espessa de gelo flutuante.

Mas isso ainda assim não está impedindo que Canadá, Dinamarca, Rússia e Estados Unidos acelerem seus esforços para formalizar as solicitações de direitos territoriais que todas essas nações têm sobre a região ártica. Afinal, caso a camada de gelo ve-nha a desaparecer como resultado das alterações no clima mundial, o Ártico promete se transformar em alvo de uma corrida do ouro geopolítica. Pelo terceiro trimestre do ano que vem, o estudo do USGS pode oferecer aos competidores pelos recursos da á-rea uma idéia razoável quanto ao objeto de sua corrida.

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME


Der Spiegel

FONTE: http://noticias.terra.com.br/revistas/interna/0,,OI1879949-EI8277,00-EUA+buscam+combustiveis+fosseis+no+Artico.html

O que é