20 dezembro 2008

A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Construção civil na era sustentável

Jornal do Brasil, 16/mar/2008

Universidades desenvolvem projetos para casas e prédios que preservam a natureza

Em tempos de preocupação com a preservação ambiental, as soluções sustentáveis entram em pauta como uma alternativa a produtos que, hoje em dia, agridem o meio ambiente. Atentas a essa demanda, as universidades brasileiras investem na pesquisa de produtos e serviços e tecnologias ecologicamente corretas.

Móveis obtidos através de matérias-primas que seriam descartadas e agrediriam a natureza, residências que utilizam tecnologias para gerar energia sustentável, além de projetos de certificação ambientais, são algumas das soluções apresentadas para conter o avanço do aquecimento global e promover um melhor aproveitamento dos recursos naturais.

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a busca de uma resposta ao desperdício de energia resultou na Casa Eficiente, que apresenta soluções criativas para o uso racional dos recursos naturais. Construída em parceria com a Eletrobrás e Eletrosul, em Florianópolis, ela foi projetada seguindo, nos mínimos detalhes, os conceitos de eficiência energética, adequação climática e uso racional da água.

- A casa tem células fotovoltaicas (que captam a luz solar de dia e a aproveitam à noite), além de aquecimento natural dos ambientes internos (climatizados através de canos com água nos quartos) - explicou o coordenador do projeto, Roberto Lamberts, do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da UFSC.

Com área útil de 206 m², ideal para uma família de quatro pessoas, a casa está aberta à visitação no pátio da Eletrosul, em Santa Catarina, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento de soluções inovadoras e eficientes na construção civil com menor impacto ambiental. O protótipo custou R$ 477.227,40.

- O preço pode ser elevado neste momento, mas acredito que daqui a cinco anos o mercado vai baratear essas tecnologias, especialmente a fotovoltaica. Vai depender de iniciativas governamentais, como leis de incentivo para o mercado se consolidar - acredita Lamberts.

Outro projeto em andamento na UFSC é a classificação de edifícios em relação à eficiência energética de A (mais eficiente) a E (menos eficiente). A regulamentação dos prédios segue três requisitos principais: sistema de iluminação, de condicionamento de ar e desempenho térmico do envoltório do prédio.

- Já regulamentamos motores elétricos, lâmpadas fluorescentes compactas, refrigeradores e aquecedores. Agora, seguindo a Lei 10295, da eficiência energética, estamos trabalhando em conjunto com vários ministérios e universidades pela certificação das edificações, para que se estabeleça limites no consumo energético - ressaltou o presidente do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, Paulo Leonelli.

Um prédio comercial receberá A se utilizar aquecimento solar para a água, com coletor e reservatório térmico que também tenham recebido a classificação máxima de eficiência. Se o edifício possuir mais de um elevador deverá ser apresentado um controle inteligente de tráfego, que evite o desperdício de energia. A princípio, a adesão dos prédios às etiquetas será voluntária, mas a idéia é que se torne obrigatória para os prédios em construção “até o meio de 2009″, segundo Leonelli.

- Nos Estados Unidos e na Europa, os administradores são obrigados a apresentar o selo de compromisso ambiental dos prédios para os compradores. No Brasil, será uma questão de tempo - disse.

- O consumo energético nos prédios é grande. Precisamos correr para colocar esse projeto em prática porque o país está em desenvolvimento, e vai consumir cada vez mais energia - defende Lamberts.

Soluções ecológicas para móveis e esquadrias

Investir em pesquisa de materiais provenientes de recursos naturais renováveis é o principal objetivo da parceria firmada desde 2004 entre a Incubadora de Design da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a agência de design Fibra Design Sustentável. A experiência, segundo Bruno Temer, um dos sócios da Fibra, resultou em dois produtos desenvolvidos pela agência: o compensado da Pupunha e o BananaPlac.

- A pesquisa para estes novos materiais começou com o compensado de bambu, evoluindo para outros materiais, até que obtivemos resultado com os resíduos do palmito sustentável de Pupunha em 2004.

Cultivado em grandes áreas na Bahia, São Paulo, Rondônia, Pará e Acre, além de uma área em Angra dos Reis, o palmito do tipo Pupunha foi escolhido por ser uma alternativa à exploração madeireira, já que a resistência das fibras da planta possibilita a criação de um compensado para uso em diversos tipos de móveis, como cômodas e mesas.

A viabilidade da produção do compensado, no entanto, ainda é pequena, principalmente pela falta de incentivo do governo e de investimentos nessa área. Mesmo assim, a Fibra prosseguiu com a pesquisa e optou por um tipo de matéria-prima mais abundante e de fácil cultivo: a banana. O projeto BananaPlac um painel laminado produzido com a fibra de bananeira e composto de origem vegetal.

Resíduos na natureza

- Para toda penca de bananas retirada, uma parte do caule da árvore é descartada no solo. O produto gera grande acidez e lança gás metano na atmosfera, um dos responsáveis pelo efeito estufa - revelou Bruno.

Por ser um material versátil e ter diversas cores, o BananaPlac é mais utilizado pela Fibra, que montou parceria com uma marcenaria em Bonsucesso, Zona Norte do Rio, para a produção de portas e esquadrias. Por enquanto, a agência não possui material em estoque pela dificuldade para transportar a matéria-prima, produzida por uma cooperativa no Vale do Ribeira, em São Paulo.

Essa dificuldade logística, segundo Bruno, gera um ônus maior no preço final do produto. A solução seria ter uma política de investimento para viabilizar o cultivo desse tipo de matéria-prima em outros locais, barateando o custo de extração e, consequentemente, da produção do móvel ou compensado.

- Estamos com algumas propostas de parceria para a produção desses produtos em larga escala. Com verba, em quatro ou cinco meses já teríamos um local adequadamente sustentável para a confecção do material e, em menos de um ano, já teríamos o produto final disponível ¬- assegurou.

Mas para deseja ter em casa um produto ecologicamente correto, a Fibra disponibiliza um sistema de entregas do material por eles produzido. Para isso, basta entrar em contato através do site da empresa www.fibra-ds.com.

Fonte: ADEMI

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