12 junho 2008

FAUNA E FLORA ESTÃO EM RISCO - 15.589 ESPÉCIES ESTÃO AMEAÇADAS



Na corda bamba ambiental

Divulgada nova versão da Lista Vermelha de espécies ameaçadas; relação brasileira vai virar livro

A versão de 2004 da Lista Vermelha de espécies ameaçadas de extinção acaba de ser divulgada pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN na sigla em inglês). Os resultados não são animadores: 15 espécies foram consideradas extintas nos últimos 20 anos e outras 12 sobrevivem apenas em cativeiro. A Lista Vermelha deste ano cresceu de forma significativa em relação à versão de 2003: são 3330 espécies a mais. No total, são 15.589 espécies ameaçadas (7266 animais e 8323 vegetais). Esse aumento, no entanto, não reflete um surto de extinções ocorrido no último ano: ele pode ser explicado em parte por conta da inclusão de relações inéditas das espécies ameaçadas de anfíbios e de dois grupos de vegetais (coníferas e cicadáceas), feitas recentemente pela IUCN, além de reavaliações de critérios para listas de outros grupos.

Mesmo assim, a IUCN afirma que a degradação ambiental está acelerada como nunca. Acredita-se ainda que, devido a aproximações, o número de espécies ameaçadas ou extintas possa ser ainda maior do que indicam os índices da Lista. De acordo com as informações da Lista Vermelha, o número de espécies ameaçadas aumentou em todos os grupos taxonômicos.

Outro dado preocupante é a igualdade entre a ameaça de extinção de espécies continentais e insulares. A maior fragilidade dos ecossistemas de ilhas explicaria o desaparecimento mais rápido dessas espécies.

Apesar disso, os números apontam que, mesmo nas áreas continentais, o risco não diminui.

A maioria das espécies ameaçadas de extinção encontra-se em áreas de grande concentração populacional. Não à toa, os países com o maior número de espécies endêmicas (que ocorrem em uma única área) na lista são Brasil, China, Austrália, Indonésia e México. A situação da fauna brasileira na lista da IUCN reflete também o descaso com a preservação ambiental. Segundo esse documento, os países que menos destinam recursos à preservação ambiental são aqueles que figuram como os primeiros na contagem de espécies endêmicas ameaçadas. O Brasil, aliás, foi o único país nominalmente citado como exemplo dessa categoria. Isso se reflete em números: há no Brasil 42 espécies de mamíferos endêmicos ameaçados, o que faz com que ocupe o sexto lugar numa lista de 239 países. Os números alarmantes aparecem também na Lista Brasileira da Fauna Ameaçada, um projeto realizado pela Fundação Biodiversitas em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Sociedade Brasileira de Zoologia, Conservation International do Brasil e Instituto Terra Brasilis. Essa lista, oficializada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2003, revela que há 395 espécies terrestres ‐ mamíferos, aves, anfíbios, répteis e invertebrados ‐ ameaçadas de extinção, a maioria na categoria "vulnerável", que é o nível de ameaça mais brando, o que não deixa de ser preocupante. As espécies aquáticas foram listadas apenas em 2004, depois de um ano de discussões e novas pesquisas. O motivo principal é que a primeira lista de peixes e invertebrados aquáticos trazia espécies predadas com fins comerciais. A presença delas na lista poderia gerar problemas econômicos e jurídicos, já que representaria a proibição da pesca. Por conta disso, a equipe responsável pelas espécies aquáticas estabeleceu cotas para sua pesca e a época do ano em que ela estaria liberada.

Para traçar novas estratégias de proteção ambiental e evitar que mais espécies entrem na lista vermelha de 2005, realiza-se de 17 a 25 de novembro o Terceiro Congresso da IUCN pela Conservação Mundial, em Bangkok. Lá, mais de mil organizações parceiras e 5 mil delegados, inclusive representantes governamentais, do setor privado e do terceiro setor, pretendem alertar o mundo para a rapidez sem precedentes com a qual algumas espécies têm sumido do planeta.

Fonte: Aline Gatto Boueri Ciência Hoje On-line 19/11/04

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