31 maio 2008

OS CRÉDITOS DE CARBONO E A CONFERÊNCIA DE BALI (INDONÉSIA) SÃO DISCUTIDOS NA FIESP (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO)

Foto: arrozais - interior de Bali - Indonésia

São Paulo - 23/01/2008 - Especialistas apresentam resultados da Conferência de Bali na Fiesp

Medidas voltadas à redução das emissões de gases causadores do efeito estufa assumem caráter mais rígido.

A Conferência também deu ênfase aos mecanismos de produção mais limpa e ao controle estrito do desmatamento florestal.

Foi realizado , na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em parceria com a Brazilian Carbon Beureau (BCB), o primeiro relato público, no Brasil, sobre os assuntos tratados durante a 13ª Conferência do Clima, realizada em Bali, na Indonésia, de 3 a 14 de dezembro de 2007.

Os especialistas Marco Antonio Fujihara (que integra o Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp), Luiz Gylvan Meira Filho e Antonio José Ludovino Lopes pontuaram os principais aspectos tratados na Conferência e o que isso significa, na prática, para a vida dos países, das empresas e dos cidadãos.

Eles foram unânimes em afirmar que as discussões de Bali abriram novas perspectivas para um acordo global contra o aquecimento do planeta. Num acordo que, nas palavras de Luiz Gylvan Meira Filho, “foram extremamente complexas”, representantes de 190 nações firmaram um pacto para a redução da emissão de gases causadores de efeito estufa. A meta ideal, explicou Gylvan, é reduzir 60% das emissões globais: um objetivo bastante ambicioso, que assusta principalmente os países menos desenvolvidos, receosos de que as novas diretrizes ambientais limitem sua capacidade de crescimento.

Na reunião, criou-se o chamado “mapa do caminho”, um documento que apresenta basicamente duas estratégias que devem convergir para um acordo global. De um lado, estão os países desenvolvidos, signatários do Protocolo de Kyoto, que têm o compromisso de reduzir em 5,2% nas emissões de gases de efeito estufa entre 2008 e 2012. Projeções da ONU indicam que as nações ainda não cumprem o que foi acordado. Apesar disso, em Bali, os países europeus insistiram na necessidade de reduzir as emissões para algo entre 25% e 40% até 2020. Também foi enfatizada a importância da cooperação tecnológica entre países ricos e pobres, de modo que os últimos possam crescer sem que isso implique em degradação ambiental. Do lado dos “países pobres”, uma das principais novidades foi a criação de um “fundo de adaptação”, que será gerido pelo Global Environment Fund (GEF). Os recursos para este projetos serão obtidos por meio da cobrança de taxas nas transações do mercado de crédito de carbono.

As questões fechadas com um certo consenso envolveram 133 nações em desenvolvimento, mais a China, que aceitaram discutir a tomada de ações “mensuráveis, reportáveis e verificáveis” de redução de emissão de gases de efeito estufa.

Como as decisões afetam o BrasilEspecialista em mercado de carbono, Marco Antonio Fujihara assinalou que o Brasil tem perspectivas interessantes nesse campo. Uma das boas novas é a criação, pelo Banco Mundial, de um Fundo de Investimentos para evitar desmatamentos. “Os projetos florestais ganham maior importância”, disse Fujihara, para quem os mecanismos de desenvolvimento limpo, descritos pelo artigo 12 do Protocolo de Kyoto, também mantêm grande relevância.

Ele lembrou, porém, que segundo as novas diretrizes, o Brasil, a Índia e a China, principais expoentes dos países emergentes, talvez precisem se comprometer muito mais com a redução de emissões do que vinha acontecendo até agora. Esse controle se dará por meio de controle do desmatamento, de manejo sustentável, de mudanças no uso do solo e no aumento do estoque de carbono florestal, entre outras medidas possíveis. Em Bali, a delegação brasileira apresentou a proposta de um Fundo para Proteção e Conservação da Amazônia Brasileira. Em princípio, trata-se de um fundo de caráter voluntário, com aporte inicial de US$ 150 milhões, operados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A administração desse fundo ficará a cargo de um conselho consultivo, integrado por representantes dos governos federal e estaduais, entidades não-governamentais, especialistas, cientistas e empresários.Sílvia Lakatos, Fonte: Agência Indusnet Fiesp

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